segunda-feira, 18 de março de 2024

Diário do absurdo e aleatório 251 - Emanuel Lomelino

Diário do absurdo e aleatório 

251

Tu que alisaste areia na praia de São João, depois de arranjares, na Cova do Vapor, dois papos-secos, cinquenta gramas de fiambre e um queijo-fresco, para estenderes a toalha fanada na feira das Galinheiras, olhavas o Atlântico com o temor de quem nunca soube nadar e só ia à praia porque todos os amigos te acompanhavam e o único dinheiro que precisavas era para atravessar o Tejo, de cacilheiro.

Tu que vias, com tranquilidade e fascínio, as ondas que explodiam no areal e sentias as narinas invadidas pela maresia, deitavas para trás das costas a ansiedade que te envolvia durante as duas horas de viagem, por teres precisado sair de um comboio e esperar o seguinte porque aparecia o revisor e a necessidade, mesmo a lúdica, aguçava o engenho, e só os betinhos eram apanhados com as calças na mão.

Tu que avaliavas todas as cabeleiras oxigenadas não procuravas romance de Verão nem companhia fútil. Apenas quem te comprasse, no final da tarde, e depois de toda a diversão que julgavas merecer, o bilhete de retorno a Belém para, mais uma vez, e pela mesma razão, entrares de cabeça na ansiedade ao lusco-fusco – igual à matinal.

Tu que repetias estas idas e voltas, desde Camarate até São João, e retornavas, vezes sem conta, não o fazias para ficar com a derme bronzeada, mas sim porque, mesmo sem saberes, eras viciado nos picos de adrenalina que essas excursões proporcionavam.

EMANUEL LOMELINO

A qualquer hora da noite (excerto 4) - Geórgia Alves

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

A história começa no instante exato em que Cora se distrai, um minuto, e observa atenta a mocinha que também vê suas mãos fazendo alfenins. 
Cora reconhece, de lembrança, o ofício a que se dedica, era costume da avó que também atravessou o Atlântico, saída dos Açores portugueses à potiguar cidade de Assú, no litoral nordestino brasileiro, chamado Rio Grande do Norte. 
Doce fartamente encontrado derrete ao mínimo contato com a saliva. Leva de apelido: puxa-puxa. simples mexe mãos finas, um bailado de dedos. 

EM - A QUALQUER HORA DA NOITE - GEÓRGIA ALVES - IN-FINITA

domingo, 17 de março de 2024

Diário do absurdo e aleatório 250 - Emanuel Lomelino

Imagem retirada da internet

Diário do absurdo e aleatório 

250

Ontem (17/02/2024), aproveitando um dos meus maiores prazeres (caminhar), juntei o útil ao agradável e decidi partilhar com o mundo este meu gosto pela leitura.

Ao passar pelo jardim de Entrecampos deixei, num dos bancos, um exemplar do livro Contos de Petersburgo, de Nikolai Gogol, com a ambição de criar uma corrente de leitores desta obra intemporal.

Na primeira página expressei a minha intensão e coloquei a seguinte anotação:

1º leitor – Emanuel Lomelino (17/02/2024) – Camarate.

O livro tem mais cinco páginas em branco. Espaço suficiente para que mais nomes sejam anotados.

Não sei quantos vão ler aquele exemplar. Isso será sempre uma incógnita, mas tenho esperança de que sejam muitos.

De uma coisa estou certo, houve alguém que levou o livro, pois, cerca de duas horas depois passei pelo local e ele já lá não estava.

EMANUEL LOMELINO

Longevidade (excerto 4) - Renata Campos

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

São pequenas mudanças diárias que estão fazendo verdadeiros milagres na minha vida hoje. Isso não quer dizer que, se eu me cuidar, não vou adoecer. Todos nós estamos sujeitos a desenvolver qualquer doença a qualquer momento, mas acredito que quando cuidamos e fortalecemos nosso corpo e mente, estamos preparados para enfrentar o que vem pela frente da melhor maneira. Para mim, a longevidade só faz sentido se ela puder proporcionar novos caminhos. Não basta ter uma vida longa, como já disse antes, ela precisa vir acompanhada de saúde e isso só é possível através das nossas escolhas diárias. Senão de nada vale cultivá-la.
Quem me vê hoje, focada na construção da minha saúde e bem-estar, não acredita quando digo que nem sempre foi assim.

EM - SEGUNDA PRIMAVERA - RENATA CAMPOS - IN-FINITA

sábado, 16 de março de 2024

Diário do absurdo e aleatório 249 - Emanuel Lomelino

Diário do absurdo e aleatório 

249

Numa tentativa vã de fazer o tempo abrandar, caminho pelas ruas mais despidas da cidade e dou por mim a inspecionar com curiosidade todo e qualquer ser que cruze a minha marcha.

Mais do que os tons capilares da moda, os trajes ultrajantes, ou as libertinagens chocantes, foco a minha atenção nas mãos – tão diferentes das minhas - e nos seus movimentos – tão efusivos quanto enganadores.

Sejam grandes ou pequenas, robustas ou delicadas, morenas ou pálidas, todas elas me parecem mãos habituadas a luvas de pelica, tão unidos estão os dedos. Ao vê-las, fico com a sensação de apenas me cruzar com cirurgiões.

Ao contrário, as minhas assemelham-se a grampos rombos e lascados, tantas são as escaras, por vezes sobrepostas, que as enfeitam e impedem que os dedos se toquem e consiga cerrar os punhos.

Acho que, se os outros também andarem pelas ruas da cidade a observar mãos, ao verem as minhas devem pensar que sou estivador ou coveiro.

EMANUEL LOMELINO

Ovídio (excerto 4) - Daniele Barbosa Bezerra

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

Num desses dias, enquanto Ovídio urinava com uma calma budista, passou uma cadelinha, sem dono, sem coleira, no cio, em disparada no meio da rua, com mais uns três cachorros a persegui-la. O pequenino não quis saber de mais nada, desvencilhou-se da coleira e correu, também, em disparada na direção da cadela.
Sua dona, desesperada, com medo que ele fosse atropelado, corria atrás, mas bem atrapalhada com medo do trânsito maluco da cidade. Eles subiam e desciam as ladeiras do bairro de Botafogo, numa rapidez impressionante. E ela atrás, clamando para que ele a ouvisse. Nada teve efeito. O odor do cio da pequena cadela o interessara muito mais que a voz doce e já cansada de sua dona. O instinto tem a voz mais firme que o amor.

EM - OS DOZE CONTOS DE SOLIDÃO - DANIELE BARBOSA BEZERRA - IN-FINITA

sexta-feira, 15 de março de 2024

Diário do absurdo e aleatório 248 - Emanuel Lomelino

Diário do absurdo e aleatório

248

Perguntaram-me como seria o filme da minha vida. A resposta foi tão instantânea como uma curta-metragem.

Do nascimento até agora, já vivi inúmeras aventuras, algumas dramáticas, outras hilárias, estive envolvido em situações pitorescas e outras complicadas, escalei muitas montanhas ao longo das peregrinações por bastantes lugares, tive os meus fracassos, alguns sucessos, muitas hesitações, fiz boas escolhas e tomei muitas mais equivocadas, mas não consigo identificar episódios com originalidade suficiente para merecerem ficar registados em película.

Na realidade, tudo espremido, o potencial filme seria tão minúsculo que pareceria mais um anúncio publicitário do início do século XX – mudo, a preto e branco, e para ficar perdido no arquivo empoeirado de uma qualquer cinemateca anónima.

EMANUEL LOMELINO

Cuida do teu sono (excerto) - Karla Pinho

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

Para relatar em primeira pessoa o que ainda antes dos meus 40 anos comecei a sentir, entre outras dores físicas e psicológicas, a que mais me desestabilizava era a privação de sono. Sentir que, ao fim de algumas noites mal dormidas, pior do que as noites, eram os meus dias. É nesse cuidado que entra, na minha vida, o termo climatério como uma palavra pouco usual, sabendo apenas o significado do dicionário. Descobri que nem só de fogachos vive uma mulher no climatério e que, sim, as privações de sono, a irritabilidade, o mau humor, a pele sensível são características conhecidas e que, naquele momento, estava a sentir. Encontrar uma forma de conseguir dormir bem é um percurso de muitos caminhos, de tentativas, acertos e erros. Se você perguntar se existe alguma maneira de fazer esse caminho mais fácil, a resposta é: siga uma rotina!

EM - CONVERSAS MADURAS - COLETÂNEA - IN-FINITA

O Palácio de Porcelana (excerto 2) - Marcos Coelho

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

Ao jardim cisnes e aves raras brincavam entre as flores e os chafarizes e as fontes delicadas com peixes dourados, carpas, nadando despreocupados nos cursos d’água suaves e cristalinos. No entanto, lá fora, a população gemia aflita ao perigo iminente do inclemente inimigo.
Acontece, que veio a guerra e, como previsto a construção ruiu facilmente ante o cavalgar de cavalos fogosos e avanços bélicos de peso superior, tudo foi saqueado, o rei viu o orgulho e o egoísmo ruírem como as frágeis e ricas paredes de seu Palácio de Porcelana. O seu povo foi massacrado.
Todavia, por uma ironia do destino, o rei ainda assim, visivelmente derrotado, conseguiu vencer o inimigo com inteligência e estratégia, vindo a restaurar o reino e desfazendo-se do palácio de porcelana por um de pedra, sólido de fato e muito mais simples, mesmo nobre e bonito, sendo que apenas deixou uma torre de porcelana com um aviso a entrada:
“O orgulho e o egoísmo ruem com fragilidade uma alma, o maior tesouro está na lealdade com que amamos a humanidade inteira contida dentro de nós mesmos! ”. Imperador de Porcelana

EM - ENTRE ROSAS, TUIUIÚS E BONECAS DE MILHO - ELI COELHO, MARCOS COELHO, MARIA ALIENDER - IN-FINITA

quinta-feira, 14 de março de 2024

Diário do absurdo e aleatório 247 - Emanuel Lomelino

Imagem pngtree

Diário do absurdo e aleatório 

247

Há muito que decidi, com plena consciência do acto, deixar de andar ao sol e mostrar-me ao mundo apenas a conta-gotas, especialmente durante tempestades diluvianas.

Sei da importância do processo de sintetização da vitamina D, mas nunca tive problema algum em assumir os estragos colagénios porque envelhecer é inevitável e nunca gostei de brilho emprestado ou genérico porque ofusca, cega e ilude.

Prefiro o cinzentismo que me define e só a mim pertence pelo simples facto de poder revelar-me, com maior liberdade e satisfação, tal qual sou, no anonimato das sombras e sem intromissões despropositadas nem, sobretudo, ilegítimas.

Pelo mesmo motivo tenho uma predilecção especial por becos e vielas, em detrimento das avenidas largas e intermináveis.

EMANUEL LOMELINO

Murro no estômago (excerto 3) - Luís Vasconcelos

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

Um familiar meu, o primo Armando Madeira, alguém que também esteve sempre lá para mim, para a minha mãe e irmão, para nós, acompanhou-me, nessa altura crítica, várias vezes a Coimbra para efetuar imensos exames oftalmológicos que não eram ainda possíveis na minha terra, Viseu. Era lá que a Medicina, em praticamente todas as áreas e especialidades, estava mais avançada. As estradas não eram o que são hoje. As viagens tornavam-se extremamente fastidiosas, entediantes, longas e penosas, cheias de curvas e contracurvas, aliás, como a vida, não é? Mas dentro da carrinha do meu primo eram sempre animadas e divertidas. Conversávamos e riamos muito.

EM - COMEÇAR DE NOVO - LUÍS VASCONCELOS - IN-FINITA

quarta-feira, 13 de março de 2024

Diário do absurdo e aleatório 246 - Emanuel Lomelino

Imagem ocasocial

Diário do absurdo e aleatório 

246

E se existisse apenas uma estrela no céu, uma nespereira na terra, um cavalo-marinho no mar, uma pedra num só rio e as maçãs fossem alimento das víboras?

E se em vez de asfalto existissem apenas túneis de toupeira, um cachorro mudo, um papagaio viciado em café, uma enxada e uma prostituta low-cost?

E se chovessem rosas azuis, os prados fossem lilases, o sal soubesse a alfazema, o estrume cheirasse a Dior e o vermelho fosse caminho de cabras?

E se os pés tivessem guelras, as unhas nascessem nas pálpebras, se fumasse pelos cotovelos e os braços derretessem a cada aceno?

Se a natureza fosse absurdamente distinta daquilo que é, tal qual conhecemos, apenas restaria um par de coisas inalteradas: a beleza do pôr-do-sol e a tendência humana para a autodestruição.

EMANUEL LOMELINO

A qualquer hora da noite (excerto 3) - Geórgia Alves

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

Há Pedras Ternas, no mesmo lugar onde conhecemos a praia e a pousada onde a mocinha, pelo visto, jamais pararia para nos ver enquanto esculpia suas pequenas estatuetas. Há na terra lugar para amar. Sim, há Pedras Ternas, como houve para nós a chance de nos encontrar ali enquanto amantes, e hoje mesmo caso voltássemos é certa a probabilidade do amor acontecer, novamente. 
Naquele lugar, o amor insiste reinar. 
Resiste. Ainda que tudo o negue nos dias que se seguem. A rotina, esta coisa que se lambe nos dedos, em segundos destituindo-as das doçuras extremas dos alfenins.

EM - A QUALQUER HORA DA NOITE - GEÓRGIA ALVES - IN-FINITA

terça-feira, 12 de março de 2024

Diário do absurdo e aleatório 245 - Emanuel Lomelino

Diário do absurdo e aleatório 

245

Quando o despertador começou a chinfrinar, Clemente emergiu de um sono tranquilo para um amanhecer indesejado. Há algum tempo, essa era a penosa transição que ele se via obrigado a suportar todas as manhãs. Dormir noites inteiras como um anjo e acordar para enfrentar dias infernais.

Para conseguir manter a sanidade, além da farda, Clemente passou a vestir também a pele do boneco que criou, como fosse um actor entrando no corpo do personagem. Mesmo sentindo-se ridículo com a artimanha, ele sabia que não havia outra forma de ultrapassar incólume dias repletos de frustração.

Na sua cabeça era uma questão de tempo. O seu plano era sujeitar-se até acumular o dinheiro suficiente para pôr pés ao caminho, ir para outro lugar e refazer a vida. “Às vezes é preferível ficarmos mais algum tempo no meio da tempestade do que nos abrigarmos no primeiro porto que encontramos” – pensava muitas vezes, com os seus botões, para justificar a demora da mudança.

Os anos foram passando e, sem se aperceber, Clemente foi-se acostumando a ser mais o boneco do que ele mesmo e a sua essência começou a esvair-se. De tal modo que nem ele já sabia distinguir um do outro. Morreu carunchoso.

EMANUEL LOMELINO

Longevidade (excerto 3) - Renata Campos

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

A longevidade por muitas vezes vem acompanhada pela falta de autonomia e independência. Minha mãe começou a perder essa dupla cedo demais. Quando eu olho para ela usando fralda, vejo a crueldade que é um ser humano chegar a esse ponto. Sua independência escorre pelo ralo, e por muitos anos, esse quadro me sufocou, uma impotência sem soluções visíveis e a única certeza de que eu faria diferente.
Não era uma longevidade pautada em lamentações, solidão e doença que eu queria para mim. Então, comecei a honrar tudo que tive e agradecer tudo que tinha, e desde então venho caminhando rumo à longevidade com passos diferentes.

EM - SEGUNDA PRIMAVERA - RENATA CAMPOS - IN-FINITA

segunda-feira, 11 de março de 2024

Diário do absurdo e aleatório 244 - Emanuel Lomelino

Diário do absurdo e aleatório 

244

Quando era criança, e estava constantemente a ralar os joelhos ou a esfolar outras partes do corpo, ouvia os mais velhos dizerem que as dores, que então pouco sentia, viriam com a idade. Sempre achei muito estranho esse vaticínio e até o esqueci durante grande parte da vida.

Eis senão quando, chegado ao equador da existência secular, o corpo, qual despertador orgânico, começou a tocar e não há forma de o silenciar.

Dói caminhar, dói sentar, dói mexer, dói ficar estático, dói mover, dói tocar, dói ouvir, dói ver, dói falar, enfim, dói tudo, por tudo e mais alguma coisa, inclusive pensar.

Esta dor, que são várias dores em sequência, faz-me acreditar que, mais do que avisos, aquilo que os mais velhos faziam, quando eu era criança, era dar voz às suas próprias dores, demonstrando empatia pelas dores que hoje sinto e eles bem conheciam.

A diferença entre os dois tempos está no facto de, agora, não existirem crianças a brincar na rua e a ralar joelhos ou a esfolar outras partes do corpo. E, sobre essa dor, que desconheço, eu não sei como demonstrar empatia.

EMANUEL LOMELINO

Ovídio (excerto 3) - Daniele Barbosa Bezerra

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

Todos os dias fazia a mesma coisa por ele, passeava, dava-lhe comida, amor. Chegara até pensar como são limitados os irracionais. Sempre agradeciam da mesma forma, quando não raro esperavam por essas atitudes.
Muitos a criticaram por esse amor, que exagerara nos cuidados com o animal e inclusive, muitas vezes sugeriram que ela fosse cuidar de uma criança, do que de um cão. Normalmente, esse discurso no início a tirava do sério, o que era raro; mas ela queria um cachorro, menino ela não quis e não pensava mais nisso, era um direito dela, além do quê, nem tinha mais idade para ter filhos, e sim para ser avó. E conseguira sentir-se mãe com o pequeno cãozinho. Todo o amor materno que ela pensava existir e exercer ela conseguira plenamente com o pequeno poodle. E danem-se!

EM - OS DOZE CONTOS DE SOLIDÃO - DANIELE BARBOSA BEZERRA - IN-FINITA

domingo, 10 de março de 2024

Diário do absurdo e aleatório 243 - Emanuel Lomelino

Diário do absurdo e aleatório 

243

Quando existe vontade tudo é possível.

Faço contas de cabeça, procuro soluções, testo ideias, exercito modelos e fórmulas até conseguir colocar em prática conceitos elaborados por mim.

Insisto, com resiliência, tentando provar que há sempre uma possibilidade e nada é inviável quando não nos desviamos de um propósito, de um objectivo, por mais difícil que ele possa parecer à partida.

Tal como este texto que, apesar de estar longe do seu epílogo e talvez necessitar de uma eternidade para ser terminado - porque tudo leva tempo -, tem sido escrito com esmero, e atenção redobrada, para que possa chegar ao seu final de forma satisfatória. Ou pelo menos convicto de que sou capaz de ser bem-sucedido.

Tive de reformular duas frases, lá atrás, pois duas letras tentaram escapar ao meu crivo e isso prejudicaria este exercício de escrita.

Afinal, não precisei de muito tempo. Bastou meia hora para provar que é possível escrever um pequeno texto sem recorrer à utilização de artigos definidos. Quem sabe, um dia, tentarei fazer algo semelhante com artigos indefinidos ou preposições.

EMANUEL LOMELINO

As estações - Julia da Silva Franck

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

Quando recebi o convite para pintar uma aquarela que representasse a mulher madura, imediatamente pensei nas mulheres da minha família e, baseada nelas, criei quatro aquarelas representando momentos de vida e sentimentos que observo ao decorrer dos ciclos.
São eles: alegria/atenção (rosa), dor/reclusão (azul), esperança/coragem (verde) e autocuidado/amor-próprio (amarelo).
Assim como as estações, as mulheres são cíclicas e, ao atingir a maturidade, os ciclos emocionais são grandes responsáveis pela qualidade de vida da mulher. A representação simbólica de alguns sentimentos femininos é meu incentivo para que todas saibam reconhecer e respeitar as suas próprias estações.

EM - CONVERSAS MADURAS - COLETÂNEA - IN-FINITA

O Palácio de Porcelana (excerto 1) - Marcos Coelho

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

Na China, há muitos e muitos séculos atrás morava um pequeno príncipe no Palácio de Pedras do Grande Imperador Dragão.
O Imperador era muito severo com sua educação, dando ordem aos conselheiros que trouxessem à corte os mais sábios mestres para instruir o pequeno, o futuro monarca.
Porém, mesmo com todo conhecimento que recebera, o jovem príncipe ainda permanecia orgulhoso e não dava a mínima aos conselhos que recebia, não concebia o amor por seu povo e suas responsabilidades. Era egoísta, não compreendia o amor.
A morte do Imperador Dragão não tardou a ocorrer, ficando o império em suas mãos. Coroado sentiu-se livre para fazer e ordenar como quisesse.
Ele imediatamente mandou que fosse construído um novo Palácio, seria o Palácio de Porcelana.

EM - ENTRE ROSAS, TUIUIÚS E BONECAS DE MILHO - ELI COELHO, MARCOS COELHO, MARIA ALIENDER - IN-FINITA