sábado, 17 de fevereiro de 2018

FALA AÍ BRASIL... CRISTINA LEBRE (IV)

Há tempos observo a escrita de diversos gêneros textuais, de toda a sorte de fontes, desde textos escritos nas redes sociais, aos livros, jornais, anúncios, cartões de visita, cartazes pela cidade, outdoors e outros mais. E afirmo que é estarrecedora a quantidade de erros ortográficos e de concordância gramatical.

A campanha política mais recente, relacionada às eleições municipais, chocou qualquer eleitor, não somente pela hipocrisia das promessas como também pela quantidade de erros nas propagandas dos candidatos. Em resumo, parece que o ataque à norma culta é geral. Raro é o momento em que nos deparamos com uma sentença corretamente escrita, mesmo nas grandes cidades, nos meios mais modernos de comunicação. Não adianta a gente zoar o “eletrecista” do interior, em muitos blogs o que se vê é um grotesco “parabéns À todos” !!!!!!

Sei que há problemas muito mais graves do que este acontecendo no Brasil, mas a deficiência na escrita da Língua Portuguesa, no meu ponto de vista, é também uma questão de extrema relevância. Por isso clamo aos que não dominam a escrita: contratem os serviços de um bom revisor!

Basicamente o próprio Word dos nossos computadores tem um corretor, embora nem sempre esteja correto. Além dele também temos à disposição o Dr. Google, que esclarece (quase) todas as dúvidas. Com tudo isso o melhor mesmo é contratar os serviços de um revisor. Enfim, são inúmeras as possibilidades de se escrever com proficiência, possibilidades essas que estão ao alcance de qualquer profissional interessado.

Segundo o Professor Leandro Karnal, e estrutura da linguagem está sendo totalmente modificada por conta da necessidade de rapidez na informação. Tudo bem. Não se está falando aqui em longas frases, não há mesmo espaço para isso. O tempo, este artigo cada dia mais exíguo, decreta o fim das orações subordinadas, é compreensível. O que importa é que, por menor que seja a mensagem, ela seja escrita corretamente.

Vale lembrar também que linguagem virtual é diferente de linguagem escrita. O chamado “Internetês”, uma adaptação própria da língua para o meio cibernético, abrevia cada vez mais as palavras para que se possa aproveitar o máximo de tempo possível no envio de uma informação. Assim, você vira “vc”, beleza vira “blz”, e por aí vai. É lícito, convém que seja assim para que a comunicação seja feita de maneira célere. Assim também temos os emoticons, figuras que traduzem nossas emoções para que a gente não precise descrevê-las com palavras escritas, e as hastags, verdadeiras imposições a qualquer post hoje em dia. Aliás, a ferramenta hastag é assunto complexo e rico a ser focalizado em um estudo próprio. Na sua forma, ela resume o conteúdo de uma mensagem sem que se use nem ao menos um verbo. E o mais incrível, ela une milhões de internautas e posts sobre um mesmo assunto somente pela utilização do símbolo "jogo da velha". É uma fantástica ferramenta de hipertexto. Porém, mister é salientar, isso só acontece dentro o universo virtual. Não se redige um comunicado, ou mesmo um anúncio, somente com o tal joguinho da velha e uma palavrinha grudada a ele. Por mais que possa parecer enfadonho, ainda é preciso escrever. 

A linguagem é um organismo vivo, ela sofre mutações constantes frente ao dinamismo da comunicação. A questão é que, se você vai escrever, deve fazê-lo de forma correta, sem agredir o leitor e a própria língua. Ainda não dá para redigir um trabalho acadêmico salpicado de hastags. O que se precisa distinguir é linguagem escrita formal e linguagem virtual.  São ambientes distintos de escrita.

Biografia de Cristina Lebre
Jornalista, escritora, revisora de textos acadêmicos e livros, apresentadora de eventos e secretária executiva. Cristina Lebre é autora dos livros "Olhos de Lince" e "Marca D'Água", à venda nas livrarias Gutemberg de Icaraí e São Gonçalo - ou diretamente pelo e-mail lebre.cristina@gmail.com


Sem comentários:

Enviar um comentário

Toca a falar disso