domingo, 7 de outubro de 2018

DEZ PERGUNTAS CONEXÕES A... MARIA ESTRELA DO MAR


Agradecemos à autora MARIA ESTRELA DO MAR a disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Como se define enquanto autora e pessoa?

Como já tive oportunidade de dizer em entrevista anterior, não separo a autora da pessoa. No meu dia-a-dia sou, maioritariamente, emotiva, para o bom e para o mau. O meu universo emocional está bem patente naquilo que escrevo. As minhas palavras têm recheio de afetos, sou muito intensa, por vezes turbulenta; vivo a amargura com a mesma intensidade que a doçura. Procuro, diariamente, conservar a minha liberdade sem perder, com isso, o sentido de justiça, mas serei injusta, em alguns momentos, por certo. Procuro todos os dias melhorar, ser melhor hoje do que fui ontem, e amanhã melhor do que fui hoje.

2 - O que escreve é inspiração ou transpiração?

O que escrevo é inspiração e transpiração. Tudo o que passo para o papel é fruto de vivências pessoais ou, com base em relatos de outros. Outra fonte de inspiração prende-se com o facto de ser naturalmente observadora, tenho olho clínico desde muito nova, sou uma esponja, absorvo imensa informação ao meu redor: a mulher de olhar perdido na mesa do lado, no café; o homem nervoso no comboio; o casal na mesa do restaurante que se evitam olhar e permanecem calados do início ao fim; o rapaz que dirige, todos os dias, o olhar para a rapariga que o ignora; a mãe descomprometida do seu papel que deixa o filho esganiçar e incomodar tudo e todos à sua volta…
É transpiração pois quando escrevo faço-o, muitas vezes, com o sangue dorido e a alma magoada; ou, com a alegria que me inebria e me faz ficar fascinada.

3 - O que pretende transmitir com a sua escrita?

Não sei... Escrevo porque me faz bem, por amor à escrita, às palavras. Desde muito cedo que me encantei com o mundo da escrita, foi algo entusiasmante. A leitura e a escrita são dois exercícios fantásticos que me permitem viajar sem sair do lugar; a escrita permite que eu me estenda, até onde quiser, através dela interpelo-me, desequilibro-me e reorganizo-me.

4 - Por que escreve poesia?

Comecei por participar em coletâneas de contos, portanto na prosa. Num passado mais recente dei por mim a conceber um poema, reli-o e pensei: “Fui eu que escrevi isto?!”. Com toda a sinceridade e sem qualquer arrogância, achei-o belo. Ousei participar numa antologia de poesia, “Poema Mulher”, da Edições Vieira da Silva. Foi o começo. Escrever poesia pode ser a via mais direta para trabalhar os afetos. O mundo dos afetos envolve uma grande complexidade e requer, caso estejamos predispostos a isso, algum tempo e dedicação para reconhecer as emoções, dar-lhe nomes, aceitar os sentimentos, compreendê-los, no fundo, tratá-los por tu. Penso que a poesia é muito generosa neste campo.

5 - O que costuma fazer para promover a sua escrita?

Não faço grande coisa! Participo em coletâneas (prosa e poesia); partilho essas participações na minha conta de Facebook, por vezes adiciono um poema ou outro. É um prazer pessoal, quer o ato de escrever, quer a vontade em participar em projetos como os que tenho abraçado. Não faço tanta questão de uma divulgação massiva dos meus trabalhos. Mesmo na minha conta de Facebook faço-o esporadicamente, e mesmo que o fizesse com frequência, não seria aí que dilataria as minhas produções escritas, pois tenho um número pequeno de pessoas adicionadas (por opção), lamentavelmente, uma grande parcela dessas nem sequer dá importância à escrita, muito menos à poesia. Tenho algumas pessoas adicionadas que também se movimentam neste meio mas só meia dúzia é que são, efetivamente, especiais, são pessoas humildes, grandiosas, por elas tenho muito carinho e sei que a estima que lhes tenho é recíproca.

6 - Que impacto têm as redes sociais no seu percurso?

Não sou muito adepta das redes sociais. Acho que sou, ainda, desconfiada, apesar de hoje já ser corriqueiro usar essas ferramentas. Aderi ao Facebook há poucos anos; Instagram e Twitter nunca abri conta. Sou um tanto prudente no uso não deixando, no entanto, de reconhecer a importância que as redes sociais operam nos tempos atuais, (quase) tudo passa por lá. Não obstante, continua a fazer alguma confusão à minha cabeça a forma como as pessoas usam e abusam das redes e, nas redes. É preciso separar o trigo do joio. Vejo muito “lixo” publicado; muita informação falsa que circula levianamente; e, pior, criou-se um espaço imenso para a troca de ofensas, de má educação, o insulto por dá cá aquela palha. Não nego a sua importância na divulgação, é uma excelente ferramenta que temos ao dispor, rapidamente se chega a milhares ou milhões de pessoas.

7 - O que acredita ser essencial na divulgação de um autor?

Trabalhos escritos com qualidade; uma boa divulgação (redes sociais; editora séria, competente, honesta, que apoie e esclareça o autor e promova eventos de divulgação da obra). Penso que estes serão alguns dos principais fatores para a promoção de um autor.

8 - O que ambiciona como autora?

Até ao momento a participação em coletâneas de prosa ou poesia. Até hoje tem sido essa a forma de me apresentar e de me dar a conhecer aos outros. Se um dia vou ter outro tipo de ambições, não sei. Por enquanto não tenho projetos para editar um livro meu, não me faz sentido. Estou num processo de amadurecimento na escrita, quero crescer aos poucos, sem pressas. Apesar de já ter sido “picada”, para reunir material escrito para um livro meu, entendo que não é o momento. Tenho os pés bem assentes na terra.

9 - Livro físico ou e-book? Porquê?

Livro físico! Os livros são sagrados, são peças de arte! Ver umas fotografias, na internet, de quadros de Van Gogh e ver ao vivo as obras dele não é, certamente, uma experiência igual. Os livros devem ser sentidos e, para tal, é preciso tê-los fisicamente, para serem cheirados, tocados, folheados pelos nossos dedos. Para mim é essencial sentir a textura da capa e das folhas, alinhar o livro numa estante, o cheiro do papel! São tudo gestos e aspetos que o e-book não permite e que, na minha opinião, são essenciais na relação que estabelecemos com o livro. Mas, entre ler e-book e não ler, então que seja dessa forma, pelo menos leiam.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Não sei. Gosto das vossas!

Acompanhem, curtam e divulguem esta e outros autores através deste link

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