Agradecemos à autora MARIA ESTRELA DO MAR a disponibilidade em responder ao nosso questionário
1 - Como se define enquanto autora
e pessoa?
Como já tive
oportunidade de dizer em entrevista anterior, não separo a autora da pessoa. No
meu dia-a-dia sou, maioritariamente, emotiva, para o bom e para o mau. O meu universo
emocional está bem patente naquilo que escrevo. As minhas palavras têm recheio
de afetos, sou muito intensa, por vezes turbulenta; vivo a amargura com a mesma
intensidade que a doçura. Procuro, diariamente, conservar a minha liberdade sem
perder, com isso, o sentido de justiça, mas serei injusta, em alguns momentos, por
certo. Procuro todos os dias melhorar, ser melhor hoje do que fui ontem, e
amanhã melhor do que fui hoje.
2 - O que escreve
é inspiração ou transpiração?
O que escrevo é
inspiração e transpiração. Tudo o que passo para o papel é fruto de vivências
pessoais ou, com base em relatos de outros. Outra fonte de inspiração prende-se
com o facto de ser naturalmente observadora, tenho olho clínico desde muito nova,
sou uma esponja, absorvo imensa informação ao meu redor: a mulher de olhar
perdido na mesa do lado, no café; o homem nervoso no comboio; o casal na mesa
do restaurante que se evitam olhar e permanecem calados do início ao fim; o
rapaz que dirige, todos os dias, o olhar para a rapariga que o ignora; a mãe
descomprometida do seu papel que deixa o filho esganiçar e incomodar tudo e
todos à sua volta…
É transpiração
pois quando escrevo faço-o, muitas vezes, com o sangue dorido e a alma magoada;
ou, com a alegria que me inebria e me faz ficar fascinada.
3 - O que
pretende transmitir com a sua escrita?
Não sei...
Escrevo porque me faz bem, por amor à escrita, às palavras. Desde muito cedo
que me encantei com o mundo da escrita, foi algo entusiasmante. A leitura e a
escrita são dois exercícios fantásticos que me permitem viajar sem sair do
lugar; a escrita permite que eu me estenda, até onde quiser, através dela
interpelo-me, desequilibro-me e reorganizo-me.
4 - Por que
escreve poesia?
Comecei por
participar em coletâneas de contos, portanto na prosa. Num passado mais recente
dei por mim a conceber um poema, reli-o e pensei: “Fui eu que escrevi isto?!”.
Com toda a sinceridade e sem qualquer arrogância, achei-o belo. Ousei
participar numa antologia de poesia, “Poema Mulher”, da Edições Vieira da Silva.
Foi o começo. Escrever poesia pode ser a via mais direta para trabalhar os
afetos. O mundo dos afetos envolve uma grande complexidade e requer, caso
estejamos predispostos a isso, algum tempo e dedicação para reconhecer as
emoções, dar-lhe nomes, aceitar os sentimentos, compreendê-los, no fundo,
tratá-los por tu. Penso que a poesia é muito generosa neste campo.
5 - O que
costuma fazer para promover a sua escrita?
Não faço grande
coisa! Participo em coletâneas (prosa e poesia); partilho essas participações
na minha conta de Facebook, por vezes adiciono um poema ou outro. É um prazer
pessoal, quer o ato de escrever, quer a vontade em participar em projetos como
os que tenho abraçado. Não faço tanta questão de uma divulgação massiva dos
meus trabalhos. Mesmo na minha conta de Facebook faço-o esporadicamente, e
mesmo que o fizesse com frequência, não seria aí que dilataria as minhas
produções escritas, pois tenho um número pequeno de pessoas adicionadas (por
opção), lamentavelmente, uma grande parcela dessas nem sequer dá importância à
escrita, muito menos à poesia. Tenho algumas pessoas adicionadas que também se
movimentam neste meio mas só meia dúzia é que são, efetivamente, especiais, são
pessoas humildes, grandiosas, por elas tenho muito carinho e sei que a estima
que lhes tenho é recíproca.
6 - Que impacto têm as redes sociais
no seu percurso?
Não sou muito
adepta das redes sociais. Acho que sou, ainda, desconfiada, apesar de hoje já
ser corriqueiro usar essas ferramentas. Aderi ao Facebook há poucos anos;
Instagram e Twitter nunca abri conta. Sou um tanto prudente no uso não deixando,
no entanto, de reconhecer a importância que as redes sociais operam nos tempos
atuais, (quase) tudo passa por lá. Não obstante, continua a fazer alguma
confusão à minha cabeça a forma como as pessoas usam e abusam das redes e, nas
redes. É preciso separar o trigo do joio. Vejo muito “lixo” publicado; muita
informação falsa que circula levianamente; e, pior, criou-se um espaço imenso
para a troca de ofensas, de má educação, o insulto por dá cá aquela palha. Não
nego a sua importância na divulgação, é uma excelente ferramenta que temos ao
dispor, rapidamente se chega a milhares ou milhões de pessoas.
7 - O que
acredita ser essencial na divulgação de um autor?
Trabalhos
escritos com qualidade; uma boa divulgação (redes sociais; editora séria,
competente, honesta, que apoie e esclareça o autor e promova eventos de
divulgação da obra). Penso que estes serão alguns dos principais fatores para a
promoção de um autor.
8 - O que
ambiciona como autora?
Até ao momento a
participação em coletâneas de prosa ou poesia. Até hoje tem sido essa a forma
de me apresentar e de me dar a conhecer aos outros. Se um dia vou ter outro
tipo de ambições, não sei. Por enquanto não tenho projetos para editar um livro
meu, não me faz sentido. Estou num processo de amadurecimento na escrita, quero
crescer aos poucos, sem pressas. Apesar de já ter sido “picada”, para reunir
material escrito para um livro meu, entendo que não é o momento. Tenho os pés
bem assentes na terra.
9 - Livro físico
ou e-book? Porquê?
Livro físico! Os
livros são sagrados, são peças de arte! Ver umas fotografias, na internet, de
quadros de Van Gogh e ver ao vivo as obras dele não é, certamente, uma
experiência igual. Os livros devem ser sentidos e, para tal, é preciso tê-los
fisicamente, para serem cheirados, tocados, folheados pelos nossos dedos. Para mim
é essencial sentir a textura da capa e das folhas, alinhar o livro numa
estante, o cheiro do papel! São tudo gestos e aspetos que o e-book não permite
e que, na minha opinião, são essenciais na relação que estabelecemos com o
livro. Mas, entre ler e-book e não ler, então que seja dessa forma, pelo menos
leiam.
10 - Qual a pergunta que gostaria
que lhe fizessem? E como responderia?
Não sei. Gosto das vossas!
Acompanhem, curtam e divulguem esta e outros autores através deste link
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