Diário do absurdo e aleatório
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Os escritores são seres camaleónicos, quase trapezistas, que deambulam, em equilíbrio precário, na ténue linha que separa a realidade da ficção.
Tanto vestem as suas cores como outras peles, de acordo com a sensibilidade que têm ou desejariam ter, numa busca incessante da perfeição que sabem não existir.
Percorrem trilhos de convicção, por vezes contrária aos seus princípios morais, apenas para dar humanismo às suas letras e ficarem mais próximos das verdades daqueles que os leem.
Os escritores são personagens com múltiplas caras e outras tantas esquizofrenias, em benefício da criação, em nome da obra, em prol da literatura, em proveito próprio.
Afirmo. Por mais que se consigam interpretar os textos, é impossível conhecer um escritor através das palavras. Até se pode identificar a origem de algumas feridas ou detectar cicatrizes, mas nunca a essência das escaras.
EMANUEL LOMELINO
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