domingo, 5 de maio de 2024

Diário do absurdo e aleatório 299 - Emanuel Lomelino

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Diário do absurdo e aleatório 

299

As dores deixaram de ser passageiras e as sílabas tónicas jamais serão analgésicos para a contemporaneidade.

Por mais pensadas que sejam as frases, a criatividade é um ente falecido por excesso de penas ocas.

Há um movimento de passadeira boémia tão ébrio quanto uma reunião de enólogos descredibilizados e os rótulos estão fora de validade para safras novas.

A mesmice é uma obstinação desta época, sem contrastes, como fosse sinónimo de capricho bafiento.

Há uma tendência autofágica que amputa o simples porque as manchetes da moda requerem odes à vulgaridade.

Valha-nos o santo papel reciclado.

EMANUEL LOMELINO

Rosa Madura - Tatiana Stanzani

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Ao refletir sobre o amadurecimento feminino, não pude deixar de pensar na metáfora de uma flor que desabrocha. As rosas se abrem para o mundo e revelam toda a sua beleza interior. Cada uma ao seu tempo. O que antes era um botão, agora se transforma em várias camadas de pétalas delicadas, com suas curvas e nuances que fazem cada rosa ser única e especial.
O desabrochar dessa rosa simboliza para mim, a beleza, a força e a singularidade da mulher madura. Revela que estamos prontas para enfrentar o mundo com a experiência adquirida ao longo das fases que passamos pela vida. Nos inspira a mostrar de peito aberto a nossa beleza interior que é o principal encanto de toda a mulher. E foi por tudo isto que escolhi esta rosa como um símbolo do amadurecimento feminino e a pintei em aquarela, vista de cima, totalmente desabrochada.
Agradeço este lindo convite que me fez refletir sobre essa etapa tão importante na vida de todas as mulheres, e desejo para todas nós que irradiemos nossa beleza interior como uma rosa madura.

EM - CONVERSAS MADURAS - COLETÂNEA - IN-FINITA

sábado, 4 de maio de 2024

Diário do absurdo e aleatório 298 - Emanuel Lomelino

Diário do absurdo e aleatório 

298

Na penumbra dos becos, os tijolos quebrados são testemunhas assíduas das vidas que se cruzam, entre pestilências, azares e necessidades, regadas a vícios e adições.

Abrem-se pernas e goelas ébrias, em rituais de praxe mundana, enquanto roedores e varejeiras, alheios aos marujos caídos e carochos ressacados, procuram as águas-furtadas de um contentor chamariz.

As sombras são armários onde os cobardes aconchegam as vertigens, os corcundas ganham linearidade, as pegas aliciam sob pressão de lâminas e chumbo, e os vasilhames dividem espaço com latex e filtros alcatroados.

No aconchego da escuridão noturna, os corretores de fumo e caldo especulam piercings, ao ritmo dos batuques abafados que saem das caves guardadas por adoradores de halteres.

Há um gato que mia, um caixote remexido, um pneu que derrapa, um copo que se estilhaça, um isqueiro que é acendido, um rosto que se ilumina, uma baforada que se cheira, um tumulto que se gera, um grito que se escuta, um vulto que tomba, uma poça que se forma, passos que fogem e o silêncio cúmplice que nada viu ou ouviu.

EMANUEL LOMELINO

Lavagem cerebral (excerto 4) - Luís Vasconcelos

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Deus um dia vai pedir-te contas por algumas pessoas que se vão perder, porque não lhes falaste da tua religião, ou de Cristo (atrás de quem todas as Igrejas cristãs se escondem para atrair novos crentes, realizar o seu trabalho de proselitismo puro e duro)”. “Luís, tens de fugir das paixões carnais, e prazeres mundanos, tudo isso é pecado. Fumar é pecado, beber álcool é pecado, comer carnes imundas e mariscos é pecado, ler um livro de ficção, ver um filme de ação e aventuras é pecado, ter banda desenhada de super-heróis é pecado, ver telenovelas é pecado, ver um jogo de futebol e ter uma paixão clubista é pecado. Tudo era pecado!

EM - COMEÇAR DE NOVO - LUÍS VASCONCELOS - IN-FINITA

sexta-feira, 3 de maio de 2024

Diário do absurdo e aleatório 297 - Emanuel Lomelino

Diário do absurdo e aleatório 

297

Inflamam-se-me os genes da revolta quando os meus sentidos são atingidos pela imodéstia dos autodenominados vates da modernidade, que nem sequer sabem a diferença entre estrofe e estância, confundem haiku, tanka, limerick e poetrix, desconhecem o tautograma, fazem glosas sem mote, não sabem distinguir estruturalmente um soneto inglês de um italiano, de um monostrófico nem de um estrambótico e, valha-me Nossa Senhora da Língua Portuguesa, chamam acrónimos aos acrósticos.

Não se pede que todos saibam escrever odes, éclogas, elegias ou vilancetes. Tampouco se exige lirismo ou erudição específica, no entanto, saber identificar redondilhas, diferenciar trovas, canções ou baladas, não seria despiciente.

O que mais dói é conhecer alguns que até sabem muito do ofício, mas deambulam no universo da escrita com complacência pela ignorância colectiva, limitando-se ao silêncio por medo de perderem aplausos se mostrarem conhecimento acima da média.

Embora a voz deste burro não chegue ao céu, continuarei a afirmar que a maioria não sabe a diferença entre verso livre e prosa poética e que poesia e poema são duas coisas distintas.

EMANUEL LOMELINO

A qualquer hora da noite (excerto 13) - Geórgia Alves

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Até destroços de avião parecem menos com a imagem do belo corpo, perdera toda massa nos últimos tempos. Havia falhas na vivacidade da pele. Vira desde princípio o jeito de ser tigre e cavalo sem freios, positivo. 
A ânsia guardada no corpo vira fenda na testa franzida pela atitude assombrosa de denegar o Estado de amor em que se encontra. 

EM - A QUALQUER HORA DA NOITE - GEÓRGIA ALVES - IN-FINITA

quinta-feira, 2 de maio de 2024

Diário do absurdo e aleatório 296 - Emanuel Lomelino

                                        

Imagem istockphoto

Diário do absurdo e aleatório 

296

Quando a Tília oferece os seus botões ao mundo, o ar fica impregnado pelo cheiro de renovação, que nem as águas choradas tardiamente conseguem disfarçar.

O vento assobia uma valsa, apenas bailada pelas alvas gaivotas desnorteadas e alguns pardais zombeteiros, que ainda não esqueceram a fábula de João Capelo e insuflam as plumas negras.

Há um grilo cantor a imitar cigarras roucas enquanto as formigas regressam, impávidas e indiferentes à cantoria, à sua vidinha de sempre sob o olhar guloso dos piscos e lagartixas que tomam banhos de sol.

O jardim verdejante é patrulhado por dois gatos vadios que desejam encontrar um pombo distraído ou um roedor imprudente, sem deixarem de ter um olho na refeição e outro em alerta canídeo.

Tudo isto acontece, entre calçadas, nas margens do movimentado asfalto, onde a vertigem é prioridade e os insectos atropelam para-brisas e olhos nus.

EMANUEL LOMELINO

quarta-feira, 1 de maio de 2024

Diário do absurdo e aleatório 295 - Emanuel Lomelino

Diário do absurdo e aleatório 

295

Ercília, sentada no seu banco de jardim favorito, interrompeu a leitura, do livro acabado de comprar na feirinha de antiguidades, para observar o jardineiro que parecia estar a conversar com as flores-de-alfazema.

Tal como ela, todos os que ali se encontravam cessaram os seus afazeres para presenciar a cena, que nada teria de inusitado se não fosse de conhecimento público, pelo menos de quem frequentava com regularidade aquele espaço de lazer e descontração, que o jardineiro era surdo-mudo.

Para Ercília, o mais inquietante daquela situação era o facto de, apesar do mutismo claro e evidente, ser invadida pela sensação de estar a presenciar um diálogo definitivo, tamanha a solenidade transmitida pelo olhar irrequieto do jardineiro e pelos movimentos lentos, mas incisivos, que ele fazia com as mãos, como quem revela uma confidência e espera compreensão.

Por breves instantes, os olhos lacrimosos do jardineiro cruzaram os seus e Ercília sentiu um ligeiro desconforto, como tivesse sido apanhada a escutar atrás de uma porta.

Nunca ninguém se deu ao trabalho de associar uma coisa à outra, mas a verdade é que aquele era o último dia de trabalho do jardineiro, antes de aposentar-se.

EMANUEL LOMELINO

Dedo na teia - JackMichel

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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A menina já ia tocar a teia com a ponta de seus dedinhos curiosos... quando, de repente, ouviu uma vozinha baixa, falando: 
“Não, garotinha! Por favor, não quebre a minha casa!”. 
Por uma fração de minuto, a pequena não achou que fosse verdade aquilo que acabara de presenciar. Seria isso possível? Ela teria mesmo escutado aquele pedido feito na voz daquela aranha? 
E como não lhe desse resposta, limitou-se somente a observar a teia... reparando, dessa vez, como ela era linda e incomum; sem contar com a aranha que, de tão branca que era, mais parecia uma pérola, uma joia viva feita pela natureza! 
Sem poder conter sua profunda curiosidade, aproximou seu rostinho infantil o máximo que pôde da teia e viu, espantada, que a aranha lhe sorria e acenava.

EM - NA CORTE DE MADAME ARANHA - JACKMICHEL - IN-FINITA

terça-feira, 30 de abril de 2024

Diário do absurdo e aleatório 294 - Emanuel Lomelino

Diário do absurdo e aleatório 

294

Por mais incompreensível que possa parecer, todos os silêncios têm um discurso acoplado e as asas das borboletas ficam mais fortes a cada batimento.

Nem todas as percepções correspondem à verdade dos factos e os hologramas, antes de serem avanço tecnológico, já faziam parte da vertente ficcional das prosas enxeridas e abelhudas.

Não esqueçamos que as pedras podem virar pó e este transforma-se em barro ou lama, dependendo da quantidade de água derramada.

Depois temos o vento que, num ápice reptílico, passa da carícia ao empurrão e tanto pode acelerar o passo como soprar contracorrente.

E santos são os caules espinhosos das rosas e os ferrões das vespas, menos perigosos do que os lábios famintos de qualquer drosera.

E tantas outras metáforas poderiam ser usadas para referir que há demasiada gente dissimulada e adepta da má-língua, da bisbilhotice, da difamação, da intriga e do falso-testemunho.

EMANUEL LOMELINO

O poder das ancas (excerto 3) - Monica Rocha

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Como bailarina do Centro Coreográfico do Rio de Janeiro, o maior centro de dança da América Latina, comecei a convidar grupos de mulheres para vivenciar diferentes possibilidades de mover suas ancas pelo espaço em diferentes percursos: ora era a púbis que liderava em movimentos ondulados como a serpente; ora era a crista ilíaca em rodopios; ora era o sacro em movimentos vibratórios; e, assim, lá iam elas saborear de forma criativa e lúdica os movimentos, expressando com liberdade, leveza e beleza a sua verdadeira essência, convidando sua alma para cantar alegremente. Todo esse processo proporciona a expressão de emoções e sensações de alegria, felicidade, prazer, liberdade e fertilidade na mulher.

EM - CONVERSAS MADURAS - COLETÂNEA - IN-FINITA

A fantástica fábrica de rapaduras (excerto 2) - Maria Aliender

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Que saudade daqueles dias e daquele cheiro de cana que se misturava ao zum, zum, zum das abelhas que também vinham provar o sabor da doce cana caiana. Eram tantos saberes e sabores que guardo até hoje na memória afetiva o modo de fazer daquelas doces e nutritivas rapaduras. O tempo passou, cresci e embora provando muitas rapaduras compradas em beira de estradas, sei que nunca, jamais comerei uma com aquele sabor de infância, elas eram únicas e sabem por quê? Porque eram feitas por meu pai e tinha o seu toque e é também por isso que até os dias de hoje povoam minha memória afetiva com tanta riqueza de detalhes.

EM - ENTRE ROSAS, TUIUIÚS E BONECAS DE MILHO - ELI COELHO, MARCOS COELHO, MARIA ALIENDER - IN-FINITA

segunda-feira, 29 de abril de 2024

Diário do absurdo e aleatório 293 - Emanuel Lomelino

Diário do absurdo e aleatório 

293

- Ó padre Frederico! Perdoe-me a franqueza, mas às vezes fico a pensar que o doutoramento em teologia ajuda-o a salvar almas, mas nunca o preparou para identificá-las.

- Porque dizes isso, meu filho?

- Então, ao fim de vinte cinco anos é que você deu conta que o Peliça era um falso sem-abrigo afogado em dinheiro? Acaso pensou que a alcunha que lhe demos tinha outra conotação?

- Ele sempre me pareceu tão maltrapilho como os restantes. Nunca vi nada que o diferenciasse, à parte de estar sempre disponível para ajudar nos eventos sociais da paróquia. Quanto à alcunha… pensei que fosse por ele estar sempre de luvas e vocês apenas estivessem no chiste.

- Haja ingenuidade, padre Frederico! Desde quando é que um sem-abrigo anda de luvas cirúrgicas, com a barba aparada e sem sarro no rosto?

- Pois…

- Bem, ingenuidades à parte, o importante é preservar a memória do Peliça, como todos o conheceram, pelo tanto que ele fez aqui, e nos termos que ele deixou em testamento. Como beneficiários, temos a obrigação moral de retribuir o altruísmo e a generosidade destes vinte cinco anos. Ninguém fez tanto por esta comunidade quanto ele. Tampouco de forma anónima e despretensiosa.

- Paz à sua alma!

EMANUEL LOMELINO

Lavagem cerebral (excerto 3) - Luís Vasconcelos

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Há muitas formas de manipular as decisões pensamentos e condutas de alguém. De exercer alguma pressão, recorrendo-se subtil e, se calhar, até involuntariamente uma espécie de ameaça velada ou então à chantagem emocional. Interiormente, eu sentia-me culpado se não fizesse o que era esperado de mim, se não correspondesse às expetativas da Igreja, dos líderes da Igreja, dos fanáticos da Igreja. Às vezes todas estas posturas misturavam-se na minha mente e deixavam-me completamente confuso e perdido, com um sentimento de culpa que crescia dia após dia, mês após mês, ano após ano tornando-se cada vez mais insuportável.

EM - COMEÇAR DE NOVO - LUÍS VASCONCELOS - IN-FINITA

domingo, 28 de abril de 2024

Diário do absurdo e aleatório 292 - Emanuel Lomelino

Diário do absurdo e aleatório 

292

Reconheço a precaridade dos meus passos e as responsabilidades alheias que coloquei nas costas quando, eu próprio, sentia a necessidade de outras latitudes, outros encargos, mais sensatez.

Porventura, deixei-me ficar no lado de cá do horizonte por achar que escalar outros cumes seria um acto de egoísmo descabido e só conheci a indiferença depois de muitos sapatos gastos.

O discernimento conquista-se a conta-gotas e a consciência precisa ser destilada para que a razão venha à tona. Por isso, só agora, passado o equador da viagem, é que dei conta do caminho circular – para não dizer espiral – que tenho trilhado.

Arrependimentos! Na prática nenhum porque, instintivamente, nunca fui acumulador de tralhas e abandonei algum lastro basáltico nas margens do esquecimento. Mas não se aflijam os ambientalistas porque deixei tudo bem acondicionado em embalagens recicladas e nos respectivos aterros.

EMANUEL LOMELINO

A qualquer hora da noite (excerto 12) - Geórgia Alves

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Depois da mínima morte. E quem não tem olhos ou ouvidos, quem não é capaz de ver como o amor nos faz levitar. E a alma passeia tal se faz em galeria de arte, vendo o outro, seguindo pelo emaranhando das digitais. 
Estão vis à vis, à parte, espero que não pairem dúvidas. Amam-se todos os dias desta vida. Duvidas? Oh, não, não duvides, imagines nunca mais comer a fruta preferida, o que fazer com a língua? Sem a cor preferida, a que serve olhar a tela? Sente falta do cheiro? Pois bem. Cora é o odor que Jaú precisa e lembra quando adormece. Depois de fazerem amor.

EM - A QUALQUER HORA DA NOITE - GEÓRGIA ALVES - IN-FINITA

sábado, 27 de abril de 2024

Diário do absurdo e aleatório 291 - Emanuel Lomelino

Diário do absurdo e aleatório 

291

Quisera ser tempestade ribombante para, com a luminosidade dos raios e rouquidão dos trovões, atormentar as dualidades das marés lunares.

Quisera ser vulcão e cuspir rios de lava abrasadora sobre as vulnerabilidades infundadas que, quais etiquetas inamovíveis, falsamente denigrem o carácter mais brando e casto.

Quisera ter a acidez vernácula para combater a violência covarde de quem se esconde nas sombras do anonimato e depois passeia, altivo e de saltos altos, nas vergonhosas passadeiras vermelhas do engodo.

Quisera ter todos os verbos à flor da pele para, com a língua afiada, romper a brandura dos discursos, chamar os bois pelos nomes e colocar os pontos nos “is”.

EMANUEL LOMELINO

Reflexões (excerto) - Renata Campos

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A nossa saúde é uma junção de genética e epigenética. Somos as células que herdamos dos nossos familiares e nossos hábitos construídos. Ninguém é igual a ninguém. O que rege para uma pessoa pode não tocar para outra. Precisamos estar atentos e melhorar a nossa saúde dentro de casa.
Quando me apaixonei pelo universo da comida, não pensei que ele me levaria até aqui. Hoje, quando me alimento, reconheço o que de fato estou ingerindo e de que forma esse alimento vai agir no meu organismo e nas minhas emoções. Sim, falo das emoções porque hoje as pessoas estão comendo de forma solitária, seja no computador ou diante da TV, sem ao menos questionar de onde e de que forma aquela comida veio parar no seu prato.

EM - SEGUNDA PRIMAVERA - RENATA CAMPOS - IN-FINITA

sexta-feira, 26 de abril de 2024

Diário do absurdo e aleatório 290 - Emanuel Lomelino

Diário do absurdo e aleatório 

290

Os aforismos vivem e respiram em cada verso criado pelas almas noctívagas, sedentas por estancar silêncios e arruinar sossegos mentais.

As penas – nunca plumas – são torneiras abertas aos discursos atormentados, sem saberem que as tormentas maiores estão nos olhos da posteridade.

O maior sofrimento é sentido pela folha de papel por reciclar, por não ter história além daquela que lhe tatua o corpo em pigmentos desbotáveis e com prazo de validade.

Quanto ao vate… de pouco lhe serve o entendimento e um descodificador de ideias e processos porque tudo fica perdido na ausência de rasuras e notas de rodapé.

Mas, apesar de tudo ser efémero, desde a concepção até à fogueira, existem momentos de poesia que respondem às leis da natureza. Porque nada se perde, tudo se transforma e renova.

EMANUEL LOMELINO

Encontro com a teia - JackMichel

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A infante apurou a vista na esperança de enxergar com mais nitidez a teiazinha leve que, insistentemente, continuava a brilhar naquele mesmo foco de sol, sem parar. 
Nôrzinha foi andando lentamente, guiada pela visão misteriosa que projetava-se por entre as plantas...
Até que parou como que hipnotizada por algo que, para ela, era absolutamente novo e desconhecido. Tecida no jasmineiro, estava uma linda... magnífica... esplendorosa teia, com uma aranha nela.

EM - NA CORTE DE MADAME ARANHA - JACKMICHEL - IN-FINITA