sábado, 1 de novembro de 2025

No fundo do baú 10 - Emanuel Lomelino

O ar não é respirado em uníssono e as palavras deixaram de ser comuns. Contudo, mesmo que os olhos pouco, ou nada, se cruzem ainda temos os corações que batem do mesmo jeito – arfantes, porque arrítmicos.

Os gestos não são sincronizados e os passos são dados em direcções opostas. No entanto, mesmo com as esperanças reduzidas a novas realidades, ainda temos o sentimento vivo – pulsante, porque presente.

As vontades não são conjuntas e os objectivos distanciaram-se no espaço. Todavia, mesmo com os sorrisos pálidos e tristes, ainda existe forte conexão – elo, porque une.

Os abraços são esporádicos e os beijos são doces memórias de outrora. Porém, mesmo sabendo que, tal como dizia Mia Couto, com outras palavras, “nos acendemos uns nos outros”, ainda ardem em nós as labaredas – fogo, porque ardente.

As mãos não estão entrelaçadas e as vidas voltaram a ser independentes. Apesar disso, mesmo sabendo que o futuro passou a ser dois, ainda temos a história que será sempre nossa – eterna, porque imortal.

EMANUEL LOMELINO

Petra Mãe (excerto) - Petra Munhoz

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link

Ser mãe sempre foi o meu maior sonho. Mas o caminho para a maternidade não foi fácil. Passei anos de tratamento, consultando os melhores médicos do país porque tudo conspirava contra esse meu sonho. Até que aos 25 anos, resolvi adotar um filho e adotei. A espera foi angustiante até que meu primeiro filho nasceu em Alfenas e a emoção que tive, ao sentir a presença dele nos meus braços é indescritível.

EM - MULHERES QUE CRUZARAM OCEANOS - COLETÂNEA - IN-FINITA