Diário do absurdo e aleatório
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Circula entre os homens uma enfermidade mais nefasta do que qualquer vírus (natural ou artificial). A sede de protagonismo acoplada à vaidade de egos exacerbados. É uma espécie de doença crónica que evolui em proporção ao mediatismo que se lhes outorga e que é tremendamente difícil de combater, mais ainda quando os enfermos se fazem rodear de claques profissionais, formadas por aqueles seres que, para temperarem as vidas insonsas com alguma agitação, aplaudem e apupam em troca de “likes” e notificações.
Qualquer um consegue identificar os viciados em holofotes. Agem como damas ofendidas quando as luzes se apagam. Têm memória curta e selectiva. Nunca contam a história toda e ocultam os seus telhados de vidro, fazendo passar uma imagem de virgem imaculada às suas plateias contratadas.
E tudo isto porque, vai-se lá saber porquê, todos eles, sem excepção, acreditam serem divinamente merecedores de vénias e adoração, como fossem messias de uma qualquer seita, e quem não se verga é filho do demo, mesmo os que, em algum momento, foram úteis mas recusaram mudar-lhes as fraldas, ou deixaram de pagar dízimo.
Infelizmente, por mais voltas que o mundo dê, parece que o único antídoto para esta maleita é esperar que o tempo resolva este género de crise de meia-idade.
EMANUEL LOMELINO
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