Lomelinices
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Resisto ao desespero de ver-me despetalar por estes ventos raivosos que cismaram na minha erosão permanente.
A mente, que por vezes despede-se de mim, tende a ganhar sulcos áridos, com o simples propósito de transformar as ideias em desertos ásperos, onde predominam as sombras que detonam quaisquer certezas que a vida me tenha emprestado.
É no seio de uma lucidez dúbia que questiono as horas céleres, os passos enviesados, as plantas rasas, os voos dos pelicanos e aquele sentimento inútil de estar a ver os navios passarem, sem rumo nem porto pré-definidos.
Os horizontes ocultam-se numa penumbra de vozes contraditórias e há línguas de fogo em cada encruzilhada, dificultando a passagem, seja qual for o caminho escolhido, como se todas as direcções levassem ao mesmo mar de lava e desfortúnio.
O destino é um fardo afastado do entendimento lógico.
EMANUEL LOMELINO
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