Potencial aproveitado
Asdrúbal, Paulino e Venceslau conheceram-se em Kreins, na Suíça, onde estiveram emigrados durante vários anos, antes de regressarem ao país que os viu nascer.
A amizade entre os três era tão sólida que decidiram unir esforços e, com os conhecimentos adquiridos no país helvético, investiram num empreendimento turístico.
Asdrúbal, natural de Vila Real, foi para a Suíça trabalhar na cozinha de um hotel, apesar de nem saber estrelar um ovo, mas teve a abertura de espírito para absorver o que ia aprendendo e, passo a passo, foi subindo de posto em posto, até se tornar no reconhecido chef que é hoje.
Paulino, albicastrense que mal sabia escrever o seu nome, decidiu renunciar à tradição familiar – todos os homens dedicavam-se à pastorícia – para tentar a sua sorte numa empresa de jardinagem, pertencente a um famoso paisagista, que laborava na zona de Lucerna. Por acompanhar o patrão nos trabalhos mais importantes, depressa aprendeu os segredos do ofício e tornou-se ele próprio um perito na arte da jardinagem,
Venceslau, nascido e criado no Cartaxo, aceitou o convite de um conterrâneo e foi trabalhar para um chocolateiro, onde, a sua capacidade natural para aprender outras línguas não passou despercebida e, em poucos meses, já estava a trabalhar no sector de exportação, em contacto diário com empresas de todo o mundo.
Os três estreitaram laços ao frequentarem, aos fins-de-semana, o mesmo café, em Kriens. Falavam de tudo um pouco e cada um deles acompanhava os progressos dos outros, até que um dia ouviram falar de uma herdade, perto de Cantanhede, que estava a ser leiloada, decidiram ser sócios e investiram tudo num negócio conjunto, em que cada um podia aplicar as suas valências e todos lucrariam.
O empreendimento teve tanto sucesso que eles estão a estudar a possibilidade de adquirirem outras propriedades e criar mais infraestruturas em outros pontos do país.
Recentemente, um canal televisivo fez uma reportagem sobre a APV Resort e o que mais se destacou foi uma frase de Venceslau:
- Isto só é possível porque nós tivemos a sorte de ter patrões, lá fora, que souberam aproveitar o nosso potencial, apostaram em nós e investiram na nossa progressão profissional. Se tivéssemos ficado por cá, o Asdrúbal ainda hoje não saberia cozinhar, o Paulino andaria a pastar ovelhas e eu, muito provavelmente seria campino ou trabalharia numa adega a pisar uvas.
EMANUEL LOMELINO
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