Ao pé-da-letra
1
Os lugares-comuns e as frases-feitas são, cada vez mais, sentenças para boi-dormir ou inglês-ver. Todos as dizem, mas ninguém acredita porque não há aplicabilidade prática.
Vejamos o exemplo do velho adágio “o dinheiro não traz felicidade”.
Para início de conversa, o que é felicidade? Talvez seja o prazer de um encontro; um momento de silêncio num lugar paradisíaco; ter um filho; um jantar romântico à luz de velas e ao som de uma orquestra; uma viagem de sonho.
Em qual destes exemplos existe a prescindibilidade do vil-metal? Nenhum. Há sempre um custo associado. Assim sendo, a felicidade, quer queiramos ou não, depende sempre do dinheiro.
Muito dirão: Ah, estás a analisar demasiado ao pé-da-letra! Até podem ter razão. E, se assim for, então o problema dos infelizes está no facto de serem preguiçosos por não meterem mochilas às costas e irem a pé visitar lugares paradisíacos ou ver um amigo que mora longe; por não plantarem o que querem comer e beber; não saberem tocar instrumentos… e não saberem que a felicidade de ter um filho não se esgota no parir – há que cuidar, educar, ver crescer e encaminhá-lo para a vida… e tudo isso demanda o quê? Ups… dinheiro.
Vocês podem dizer que o dinheiro não traz felicidade, mas sem ele pouco terão dela.
EMANUEL LOMELINO
Sem comentários:
Enviar um comentário
Toca a falar disso