Professor Arthur,
No estudo do seu manual “A arte de ter sempre razão” prescindi do conhecimento sobre todos os estratagemas quando me deparei com a descrição ipsis verbis de uma tese que, não tendo desenvolvido com a sua erudição, tenho articulado em alguns textos de minha lavra.
A conclusão óbvia é a constatação de que existem comportamentos transversais no tempo e que hoje (século XXI) a superioridade arrogante da humanidade em relação ao passado é tão evidente quanto ridícula. Mais ainda por ser falha de originalidade.
Saiba o professor que, por absurdo que possa parecer, essa conduta de rebanho que identificou no seu século XIX, qual epidemia, alastrou-se até aos meus dias, com a curiosidade de o meu diagnóstico ser exactamente o mesmo usado por si: tudo se deve à preguiça de pensar.
Sim, professor, ainda hoje basta que alguém advogue um conceito não comprovado, que logo será coadjuvado por alguns acólitos de ocasião e, como milagre bíblico, multiplicam-se na propagação da ideia porque, como disse, bem melhor que eu, a maioria prefere acreditar na falácia por preguiça de despender tempo a analisar a veracidade do conceito advogado, enquanto outros são naturalmente incapazes de formar opinião própria porque, para eles, é mais fácil morrer do que pensar.
Mero observador do mundo
Emanuel Lomelino
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