sexta-feira, 7 de junho de 2024

Diário do absurdo e aleatório 332 - Emanuel Lomelino

Diário do absurdo e aleatório 

332

É nestes exercícios de escrita que me abandono e encontro, vezes sem fim, por inteiro, sem lamentar a sorte nem chorar fados.

As palavras sabem como despir-me a alma (sem pudores nem tabus) e vestir-me o âmago (sem estéticas ou estilismos) porque todos os trajes são assessórios dispensáveis, que só existem por convenção e vaidade.

Um dia pensei ser criador de frases (aprendiz de qualquer coisa semelhante a literatura), mas a realidade esbofeteou-me e agora sei que são elas (as frases) que me constroem, me definem, me escrevem.

O que escrevo não sou eu, nunca fui.  Aquilo que escrevo é o que a escrita quer que eu pareça ser. E tudo isto porque eu medito no que ela me dita.

EMANUEL LOMELINO

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