domingo, 1 de agosto de 2021

Para sempre em mim - ANA MENDES

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O vento que tudo leva à força ou pela mão,
A chuva que a terra rega alimentando até uma ilusão.
Sinto que me puxa ou empurra, fecho os olhos e agarro-me ao pontão.
A emoção avassala-me e nada a segura, lágrimas traduzem mágoas
do coração.
A maresia entranha-me quando as ondas balançam com vigor
Burrifos salgados esvoaçam e banham sentimentos entre o sal e o mel
do meu amor.
Pensamentos escondidos invadem-me, aprisionam-me a mente, o ser.
No torpor nada me liberta enquanto o meu corpo dolorido desperta.
As chagas do destino que se estendem, sobre o meu eu tímido em alerta
Chora e grita ferido na escuridão, procuro a liberdade, fôlego, o respiro
Quero soltar-me na imensidão e mergulhar nas revoltas ondas, prefiro.
Despir-me da dor da solidão, porque agora que já não És, me retiro.
Embora sinta no ar que sussuras entre gotas, sobre a pele deste mar índigo.
Imagino carícias que me acompanham, que me agarras.
E quero as palavras de amor que levas-te contigo, o carinho que
murmuravas, ao ouvido.
Olho as águas que me apelam e já não consigo...
Vejo-te e não me sentes, convite que te desenhas sobre a espuma
Tentação do meu sofrer e querer, esvaindo-se como as forças
sobre a lua, nesta bruma que se levanta ao anoitecer.
O destino assim o quis...
Lanço-me na imensidão e vôo até ti
Tão frias são as garras que me recebem sem ceder
Gélidas mãos azuis ou cinza, que importância agora, parto enfim...
E nas profundezas da natureza te encontrarei
e guardarei para sempre em mim...

 EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (PROSA E CONTOS) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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