quinta-feira, 5 de agosto de 2021

O Tempo e a sabedoria - RITA PINHEIRO

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Afirmar que o ser humano é a expressão concreta da racionalidade é, talvez, o primeiro equívoco da modernidade. Prefiro a linha instintiva e intuitiva dos animais irracionais.
Precisamos dos nove meses de preparação gestacional: partindo da concepção, as longas oito semanas para sermos considerados um “feto”, o desejo, a espera, a perfeição, ausência do último período menstrual e as 40 semanas não de inércia e sim de movimento divino. É o nosso primeiro encontro com o senhor TEMPO!
A falta de tempo aparece na contramão da sabedoria, na aquisição de hábitos nada saudáveis. Os Gurus, sacerdotes, Xamãs, dentre outros sábios seres escolhidos e enviados ao mundo para mostrar o caminho da paz e equilíbrio veem no tempo o seu guia.
Precisamos dar tempo ao tempo! Contemplar o pôr do sol que se oculta no horizonte na direção oeste e/ou aguardar o Halo Solar surgir ao redor do astro rei. Pra que complicar ?
A contemplação não requer receitas científicas, é só deixar que o sol faça a sua parte. O "Ocaso" brinca com o tempo sabiamente num movimento duplo: terra e sol. E o que impede o Homem de assistir ao espetáculo diário é a falta de tempo.
Segundo a linha budista há dois dias do ano onde nada pode ser feito: um se chama ontem e o outro amanhã. Hoje quero parar, sentir a brisa, deitar na grama, tocar as mãos do amigo, nadar, pular ondas no mar, caminhar descalço, usar pouca roupa, beijar uma criança, alimentar os animais, recitar o poema que estou por fazer, não fazer nada, escrever na madrugada.
E se alguém perguntar:
– E o tempo?
Vou responder:
– Ele parou para ler esse texto.

 EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (PROSA E CONTOS) - COLECTÂNEA - IN-FINITA

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