LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Conheçam a In-Finita neste link
Era Primavera…
Floresciam os primeiros amores-perfeitos em canteiros de aprendizes, saudados pelo vermelho garrido de campos de papoilas, mesmo ao lado das nespereiras vestidas com o que restava dos seus frutos, como enfeites natalícios prematuros, alaranjados e depenicados, que as aves, os pequenos roedores e as formigas tinham deixado para deleite da terra que os recolheriam, assim que a força da atração terrestre fosse superior à debilidade do caule que os sustinha e já tão pouco alimentava.
Entretanto, os gatos bravios iam semeando pelos montes o ronronar do apelo sexual previsto e colhendo namoros efémeros, zaragatas noturnas e cicatrizes duradouras; tentando jogar ao “gato e o rato”, não para evitar que estes últimos subissem às nespereiras mas, antes, para as gatas alimentarem o resultado dos tais namoros que, agora, não lhes largavam as tetas. Também, por pouco tempo… apenas até a dentição de leite ser mais cortante que o amor materno, escondido nos canaviais e protegido de cobras
e outras visitas mal-vindas!
Por breves e suaves momentos, uma brisa perdida fazia-se sentir bem-vinda e as canas dançavam dolentes num vai-e-vem amarelo-esverdeado permitindo, dessa forma, o desvendar de caminhos antigos e do miar-bebé que via, então, pela primeira vez, a chama intensa bem alta que lhe atemorizava o olhar felino, mas que o convidava a descobertas e saltos que apenas ele poderia e saberia ousar.
EM - CONTOS E CRÓNICAS (IN)TEMPORAIS - VÍTOR COSTEIRA - IN-FINITA
Sem comentários:
Enviar um comentário
Toca a falar disso