LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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À entrada da porta, pendurado na maçaneta, estava um aviso que não admitia segundas interpretações: “Estou zangado! Deixem-me em paz!”. O avô leu calmamente e, depois, virou o aviso do avesso onde, em contraponto, se podia ler: “Estou bem-disposto! Entrem!”. Repôs a tabuleta como estava antes e sorriu compreensivo com o neto. Talvez nunca antes ele tivesse sido tão complacente mas, desde o nascimento do neto, tinha amolecido ou, como ele preferia pensar, estava agora mais sábio, melhor preparado. Acenou afirmativamente com a cabeça, como se desse razão a ele próprio ou a um outro homem que vivesse num universo paralelo, com todo o seu código genético e que consigo convivia amiúde.
Educadamente, bateu à porta com os nós dos dedos e esperou por uma resposta que sabia que não aconteceria. Repetiu o gesto, agora um pouco mais sonoro, mas o resultado foi, esperadamente, o mesmo. Então, passou ao plano “B”: deu início à imitação do chilreio de um pássaro imaginário que, tempos antes, tinha treinado com o neto e que tinham combinado ser uma chave secreta, que seria apenas do conhecimento de ambos, e serviria para situações de emergência, como aquela. Pensando não ter sido ouvido, o avô ia repetir o assobio quando a porta entreabriu uma nesga por onde podia ver apenas a metade da cara que o via a ele, por inteiro.
EM - CONTOS E CRÓNICAS (IN)TEMPORAIS - VÍTOR COSTEIRA - IN-FINITA
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