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No início foram se esquecendo de quem eram.
Tornaram-se raivosos e coléricos. Defendiam seus territórios com a ira dos bárbaros. Deixaram de ser uma grande unidade e dividiram-se em pequenos grupos. Seguiam líderes selvagens, os que alimentavam seu ódio. Os olhos sofreram uma cegueira ímpar: perderam o olhar periférico, ficaram apenas com a visão limitada a uma única direção. Esse foi realmente um grande mal, que os segregou em grupos menores ainda, que iam surgindo das inúmeras subdivisões que aconteciam.
Quanto menos enxergavam, mais se dividiam. Com o tempo os grupos foram se dissolvendo. Passaram a andar quase solitários, isolados, vagando sem rumo. Repeliam-se mutuamente quando, ao acaso, se encontravam. Ou havia o embate, ou a fuga e sempre o medo. Desconheceram-
se. Até que chegou junto com o acaso, com o cansaço dos caminhos solitários, com as feridas do ódio, a saudade do que não tinham mais. Chegou o inesperado encontro de olhos, aqueles mesmos olhos que pouco viam além de si mesmos. Os olhos se encontraram com estranhamento e, por breves instantes, não houve ódio, embate, fuga ou medo.
Apenas o olhar vazio, de um vazio tão grande que era quase um sem fundo qualquer. Foram instantes e só isso foi. Seguiram seus caminhos arrastando o peso da solidão das certezas.
EM - MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL (PROSA E CONTOS) - COLECTÂNEA - IN-FINITA
§Gostei. Escrita rápida mas muito incisiva.!!!
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