O princípio do mundo (excerto 6) - Jorge Chichorro Rodrigues

 

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O mar tomou-se de chumbo, o calor tropical começou a apertar, as roupas trazidas da Europa tornaram-se pesadíssimas; o cheiro a suor e a odores pestilentos alastrou, a imundície do mundo abafava as almas com necessidade de ar livre. Como era possível que num espaço tão aberto, com céu e mar a toda a volta, pudesse haver tal suplício e um tal clima de claustrofobia? Compreenderam os vários homens da nau capitânia que não basta haver céu e mar a toda a volta – é preciso que alguém dê voz a esse céu e a esse mar, à natureza, sendo essa a função dos poetas, os eternos mediadores entre o aquém e o além, a matéria e o espírito.

EM - O PRINCÍPIO DO MUNDO - JORGE CHICHORRO RODRIGUES - IN-FINITA