LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
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Depois veio a chuva na memória de tenra idade, lá onde
habita a música, a chuva no frêmito das folhas, na palha
das palmeiras
de buriti, no barro do chão e no barro da telha e no
prateado das lanças crivando o rio. A chuva, nas ruas, desenhando seus
caminhos de volta ao rio. Meu destino é sempre o rio
de escamas, suspenso no ar, a chorar pra molhar a quimera,
a garganta liquefeita que murmura sobre essa manhã. A
manhã que chega coada nos cílios de paisagem pretérita,
de limo aveludado nos igarapés que brotam da terra. Na
pele d’água há sempre a face da mãe e seus olhos de vigília,
e suas mãos de Penélope tecendo luz em meus cabelos. A
mãe, sua imagem a mover-se no espelho da corredeira,
onde o antes será sempre o depois, pois que tudo corre ao
avesso dessa tarde mim, esse outro modo de espera a fluir
por dentro. E tudo que não flui, fica dito no intento do
tempo em desinventar-me.
EM - ESSAS MULHERES - COLETÂNIA - IN-FINITA
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