Diário do absurdo e aleatório
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Malditas são estas noites brancas onde sobressaem os sonhos interrompidos e impropérios, porque no raiar do dia tudo será exponenciado numa frustração inigualável por viver nesta época em que já não há fugas revoltosas.
Quem dera poder, sem problemas de consciência e isento de responsabilidade, recriar os teus passos de adolescente despreocupado e pegar a estrada rumo a qualquer lugar, que não este.
Ao contrário de ti, não posso simplesmente preparar um farnel com fruta, pão e enchidos, e fazer-me ao caminho, por dias e dias, deixando a vida para trás das costas. Tenho de honrar contratos, pagar contas e amparar uns quantos.
Por conta desta nobreza de carácter, tão inoportuna como castradora, sobra-me a resignação e razões de sobra para lançar, entre dentes (por ser madrugada), mais umas quantas obscenidades. Cada um no seu tempo e com o seu fado.
EMANUEL LOMELINO
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