Diário do absurdo e aleatório
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No resumo de mais um dia, sem brilho e vazio de sonhos, sobressaem as novas fissuras nas palmas das mãos e a rugosidade da pele indiferente a hidratações.
O crepúsculo é somente mais um virar de página e a lua apenas ilustra a negritude que paira, como ave de rapina, nesta rotina repetidamente sensaborona.
Entre tomos de coisa alguma, e outros nadas, sobrevivem rasuras de lucidez revoltosa, mas sobretudo apática.
Este cenário de apocalipse existencial é filho de um conformismo oxigenado pelas batalhas travadas em nome de crenças desfasadas, no tempo e espaço, como um ritual masoquista de louvor a um desenquadramento consciente e impregnado no âmago.
E com a nova alvorada reiniciam-se os passos flagelados e os voos espirais que justificam as ampulhetas.
EMANUEL LOMELINO
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