Crônica para
uma manhã de Março (II)
"É
estranho quando o relógio nos isenta de compromissos e ao mesmo tempo nos
coloca numa corrida contra o tempo... Passa o dia, chega a noite e a sensação
de olhar a vida pela janela, sem a rotina de ontem, sem o trânsito ou a
correria para levar as crianças na escola. Vamos nos entreter em tudo aquilo
que sempre adiamos ou não conseguíamos fazer por falta de tempo. Tempo é o que
não nos falta agora. Cada um fechado em seu mundo, olhando lá fora e aguardando
o momento de poder sair novamente, reorganizar a agenda, ir ao cinema, ao
parque, na praia ou continuar aquele projeto. Sempre dizia, "nada mais me
surpreende neste mundo", mas não contava com tal exagero. O pensamento
coletivo pode nos fortalecer ou enfraquecer, se uma onda de pessimismo invadir
fará com que as vibrações de esperanças diminuam, e isso não irá melhorar a
situação em nada. Não entre nessa. É hora de aplicarmos na nossa vida tudo
aquilo que aprendemos durante todo o caminho... Releia o livro da sua
existência com calma e volte nos capítulos sobre tolerância, resiliência,
otimismo e esperanças. Veja quantas situações adversas já enfrentou e junte
tudo o que aprendeu com elas agora, na capacidade máxima do seu conhecimento.
Essa pandemia não é uma benção de Deus, é a consequência de um modo de vida, e
quantas dessas já existiram na História, não é a primeira vez. A Terra também
tem seus mistérios, adoece, cansa. Aos cientistas cabe a nobre tarefa de
encontrar a cura. A nossa parte como sociedade é colaborar com que nos foi
solicitado. Todos estamos abrindo mão de sonhos e liberdade em favor de nós
mesmos. E quando tudo isso acabar, não sabemos quando, lentamente sairemos da nossa
reclusão para levar as crianças na escola, reclamar do trânsito, dar um longo
abraço em nossos amores, colocar relógio para despertar as seis da manhã e
reclamar da falta de tempo..."
REGGINA MOON
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Muito grata pela partilha, muito importante fazer parte desta iniciativa! Bons tempos virão! Abraços!!
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