domingo, 31 de março de 2019

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL... GIOVANA DAMACENO


Agradecemos à autora GIOVANA DAMACENO a disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 – Como você vê o papel da mulher na literatura atual?

Na conjuntura atual, penso que o papel da mulher seja o de impor – isso mesmo, impor – sua arte e seu talento, ao mesmo tempo que em se utiliza de suas ferramentas de criação para denunciar a desigualdade de gênero, de contribuir na educação e crescimento de outras mulheres, incentivar a produção e afirmar a representatividade feminina no universo literário.

2 – Em que medida o universo feminino influencia na hora de escrever?

Quanto mais me integro às lutas feministas e a tudo o que Movimento envolve, a mulher está mais presente no meu trabalho. As personagens são mulheres e sempre criadas a partir de histórias reais que ouço aqui e ali. Pela minha palavra irrompem-se as dores, os choros, a opressão, a sujeição a que a maioria de nós passa ou já passou um dia. Até agora escrevo sobre essas mulheres e elas estão nas ideias de trabalhos futuros também.

3 – Em que corrente literária acha que a sua escrita se enquadra?

Penso que minha escrita se enquadre numa mistura de correntes a partir do realismo, se analisada de modo mais acadêmico. Porém, não vejo no meu trabalho – como também não vejo em obras contemporâneas – uma corrente definida em suas autoras e autores. No meio em que milito estamos preocupados e focados nas questões sociais e como jornalista ainda tenho meus pés fincados no piso dessas questões.

4 - Que importância dá aos movimentos de integração da mulher?

São movimentos fundamentais, dos quais não há mais modo de retroceder. E só prometem algum resultado, quanto mais forem coesos, ativos, organizados e fortes.

5 – O que acredita ser essencial para divulgar a literatura?

A informação e seus meios de propagação estão muito fragmentados atualmente, como também os públicos. Não há mais uma massa única que consuma esse ou aquele produto, mas grupos distintos que consomem produtos e serviços diversos. A internet e as redes sociais conseguiram esse feito, ao mesmo tempo em que as mídias tradicionais perderam ou extinguiram seus espaços destinados à divulgação e debate literários, o mercado editorial passou a investir essencialmente no que vende e não há disponibilidade nesse mercado para conhecer e dar oportunidade a tantos talentos revelados nos últimos anos, com a ajuda da internet. Estamos engatinhando nos novos formatos; não vejo agora algo que seja o ideal. Creio que estejamos construindo novos espaços e novos meios.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?

Pouca – ou total ausência – de oportunidade para as mulheres, os escritores jovens, os novos autores, os “desconhecidos do grande público”.

7 – O que pretende alcançar enquanto autora?

Há no meu trabalho um processo permanente de aprimoramento, do qual não me furto. Leio muito, estudo, pesquiso, escrevo incansavelmente, ainda que não publique, sempre aplicada ao aprendizado do que me dispus a fazer. Quero alcançar o entendimento e a compreensão de quem me lê, garantir uma linguagem acessível, contar histórias para serem facilmente absorvidas e recontadas, sempre e sempre com o objetivo de servir de instrumento para colaborar com a mudança que quero ver (e não vou ver) no mundo. Sou exigente comigo. Cometo muitos erros, tropeço, vou e volto, contudo, o intuito é sempre o de aprender para oferecer o melhor possível.

8 – Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.

A curto prazo, batalhando para concluir um livro jornalístico, em produção há quatro anos. Não é uma obra longa, mas o tema denso me fez parar diversas vezes para respirar. A longo prazo, o meu primeiro romance, já idealizado e desenhado, aguardando na fila.

9 - Sugira uma autora e um livro (contemporâneos).

Uma autora estrangeira: Leïla Slimani – “Canção de Ninar”
Uma autora brasileira: Maria Valéria Rezende – “Quarenta Dias” (livro que me sacudiu em 2018)

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Acredita que a literatura deve ter uma função social?
Acredito e milito na literatura com esse objetivo. Não me vejo fazendo de outro modo. Preciso dizer algo, promover, provocar, colaborar, denunciar. É o que faço com o que sei fazer.


Sobre a autora:

Giovana Damaceno, jornalista e escritora de Volta Redonda/RJ. Publicou de modo independente as coletâneas de crônicas “Mania de Escrever” (2010) e “Depois da chuva, o recomeço” (2013), e o relato pessoal “Do lado esquerdo do peito” (2013), pela Editora Penalux. Participou de dez coletâneas de prosa e uma de poesia. É membro da Academia Volta-redondense de Letras.

sábado, 30 de março de 2019

SEXTA DEMÊNCIA (excerto) - JOÃO DORDIO

LIVRO GENTILMENTE CEDIDO POR IN-FINITA
Saibam do autor neste link
Conheçam a In-Finita neste link

Mesmo quando me deito sem ti adormeço sempre contigo. Sinto-te
no respirar e consigo abraçar-te no espelho da minha loucura cujo
reflexo acaba por ser o conjunto de letras que dão as palavras que, de
tão juntas que estão, fazem as frases da nossa vida em livro de Paixão!

Mesmo quando escrevo sem ti, quem for ler, sabe que lá estás!
E eu também estou... contigo!

O líquido a escorrer toda a noite pela garganta enquanto te vejo
sem corpo... numa espécie e forma e demência de barco e mar revolto,
mas as tempestades oceânicas na minha cabeça só sabem
afundar barquinhos de papel de letras!
Sabes, meu amor, o barquinho de papel de letras da minha tola
inspiração foi ao mar da água de vocabulário buscar peixe, ilhas e
algumas sereias. E que tempestades encontrou!
Nessa tempestade veio também o vento e o sabor a ti que a musa
deixou na pata direita da gaivota mais maluca que por ali passava,
aquela que sonha em ser pombo de correio! Todos sabem qual é!
Mas o barquinho, no final, atracou...

Do meu barquinho de papel saíram as letras para te contar como
te gosto no tudo...
Mesmo no tudo do líquido e pelo líquido da garrafa com que
também te abraço...

EM - A PAIXÃO - ESCRITOS E DEMÊNCIAS - JOÃO DORDIO - IN-FINITA

sexta-feira, 29 de março de 2019

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL... C. GONÇALVES


Agradecemos à autora C. GONÇALVES a disponibilidade em responder ao nosso questionário
1 – Como você vê o papel da mulher na literatura atual?
A mulher vai começando a ter um papel preponderante na literatura atual, mesmo que ainda tenha de fazer um caminho maior e mais difícil, para chegar aos mesmos resultados. Seria fundamental, por uma questão de equilíbrio e justiça, a mulher conseguir obter as mesmas oportunidades de ver o seu trabalho divulgado e reconhecido e principalmente, que o mesmo seja considerado com a mesma seriedade.
2 – Em que medida o universo feminino influencia na hora de escrever?
Em tudo o que escrevo, o universo feminino está fortemente presente, não só pelas características da minha escrita mas sobretudo, pelas experiências que tento trazer para as minhas histórias.
3 – Em que corrente literária acha que a sua escrita se enquadra?
A minha escrita anda muito em volta da prosa, algumas vezes poesia; outras, sai livremente sem qualquer estilo ou corrente literária…
4 - Que importância dá aos movimentos de integração da mulher?
Será sempre importante a integração de todos os pensamentos e tipos de escrita, seja através da integração da mulher no mundo literário, como em outro qualquer círculo. Se os movimentos de integração da mulher permitirem uma maior e melhor visibilidade das mesmas, então, serão da máxima importância.
5 – O que acredita ser essencial para divulgar a literatura?
Creio que a divulgação será o meio mais natural e profícuo de dar a conhecer, a uma sociedade que cada vez lê menos, o que de novo vai surgindo. Sem divulgação, é fácil o autor nunca sair da gaveta ou de um círculo muito restrito que o conhece. 
6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?
Os pontos negativos prendem-se essencialmente com a dificuldade em tirar o manuscrito da gaveta, transformá-lo num livro e fazê-lo chegar às mãos dos leitores.
Os pontos positivos são sem dúvida, o próprio prazer em escrever, o colocar em palavras as emoções e os sentimentos. É transbordar no papel aquilo que nos vai dentro da alma. 
7 – O que pretende alcançar enquanto autora?
O meu maior desejo, enquanto autora, é fazer chegar as minhas palavras, as minhas histórias, a um maior número possível de pessoas. É continuar a construir as minhas personagens, as minhas realidades. É simplesmente continuar a escrever, sempre.
8 – Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.
A curto prazo, gostaria de ver o meu segundo romance publicado. A longo prazo, gostaria de ver os meus livros nas livrarias, dando a possibilidade aos leitores de escolherem se querem ou não ler as minhas histórias.
9 - Sugira uma autora e um livro (contemporâneos).
Isabel Allende – Para lá do Inverno
10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?
Quais as razões que a levaram a escrever? Porque não sei viver sem a minha escrita…


Sobre a autora:

C. Gonçalves é o pseudónimo desta contadora de histórias, apaixonada pela
vida, pelos sonhos, pelas emoções e pelo amor.
Nascida em 1972 no Barreiro, onde vive desde sempre.
Integra o corpo não-docente do Instituto Superior Técnico, desde 1991.
Licenciada em Estudos Europeus, Minor em Arte, Literatura e Cultura, em
2013.
Os livros e a música sempre ocuparam um lugar de destaque na sua vida,
ambos associados à expressão dos sentimentos e das emoções, como um
bem essencial à sua vida e dos quais não se consegue separar.
Partilha desde 2015 na sua página de Facebook, as frases soltas e os
pensamentos que guardou para si ao longo do tempo.
Tem três contos publicados; O café da minha vida (2016) O tempo, faz de
nós o que quer (2017), Nunca será tarde (2018) através da iniciativa Um
livro num dia, da Chiado Editora.
Publicou o livro Para além do Impossível (2017, Chiado Editora).
Participou na Antologia Toca a escrever, com o poema, Poeta na alma,
escritor no coração, (2018, In-Finita).

quinta-feira, 28 de março de 2019

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL... ELISA PEREIRA


Agradecemos à autora ELISA PEREIRA a disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 – Como você vê o papel da mulher na literatura atual ?

Felizmente vejo cada vez mais e melhores escritoras.  Uma mulher transmite muita sensibilidade na sua escrita e fala de temas que por vezes são esquecidos e ignorados. Após a maternidade acho que ainda ficamos mais emotivas e atentas ao mundo que nos rodeia e acabamos por reflectir isso na nossa escrita.

2 – Em que medida o universo feminino influencia na hora de escrever ?

Muito mesmo . Ultimamente dou por mim a escrever com o intuito de valorizar a mulher . Expondo algumas fragilidades do nosso universo mas revelando os nossos esforços diários,as verdades por detrás da mulher guerreira  e realçando a nossa grandiosidade.

3 – Em que corrente literária acha que a sua escrita se enquadra?

Não sigo nenhuma corrente literária e gosto da liberdade de poder escrever sobre o que me apetecer.

4 - Que importância dá aos movimentos de integração da mulher ?

São essenciais para a evolução da sociedade. Precisamos ver mais mulheres integradas, motivadas, ligadas, inspiradas, respeitadas e valorizadas .

5 – O que acredita ser essencial para divulgar a literatura?

O acompanhamento ao autor no decorrer do tempo,a partilha constante de textos/poemas e boas estratégias de marketing . Existirem mais concursos literários , eventos nacionais e internacionais que divulguem o trabalho do autor e da editora.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?
As novas amizades é o melhor de tudo !  É bom conhecer e acompanhar alguém que trilha o mesmo caminho que nós e que tem esta paixão pela escrita .
A parte negativa é por vezes ligar o meu telemóvel  e só ver fotos de mulheres despidas para ilustrar alguns ditos poemas . A poesia tem que conquistar o leitor pela magia que consegue fazer com as palavras e não com esta abusiva exposição do corpo da mulher . 

7 – O que pretende alcançar enquanto autora?

Dar asas ao que escrevo … sentir que cada vez mais pessoas gostam e se identificam com o que escrevi. Ter poemas que viraram músicas, uma peça de teatro ou outro tipo de arte .
Ganhar um concurso literário para poder editar um dos livros que tenho na gaveta.
Ter mais tempo para escrever …

8 – Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.

A curto prazo ter aulas de teatro . A longo prazo adorava conseguir editar outro livro.

9 - Sugira uma autora e um livro (contemporâneos).

Elizabeth Gilbert  autora do livro -  A grande magia.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Posso fazer uma música com um poema da Elisa ?
Claro que sim !!! Fico muito feliz por isso . Grata pelo seu gesto.


Sobre a autora:

O meu nome é Elisa Pereira nasci em Lisboa e moro perto de Sintra.
Sempre adorei escrever poesia e faço-o desde a minha adolescência.
Em 2012 editei um livro infantil - Tomás vai ao Canil inserido num projecto que se
chama O Sonho do Tomás. Fui colunista na Inspiring Life. Participei no Festival 6
Continentes do Pinhal Novo e no Encontro de Poetas 2015/2016  em Torres Vedras  .
Ganhei o 3º lugar no Concurso – Cartas de Amor. Participei em Abril 2018 no 1 º Speed
Writing em Portugal da Cordel D’Prata tendo sido uma das seleccionadas para integrar
o livro Minutos de Histórias. Em Maio de 2018 fui a vencedora do Poetry Slam Sintra
no Cacém. Actualmente escrevo para a minha página de facebook:
Umpoemademimparati onde partilho os meus poemas . Participei em mais de duas
dezenas de antologias/colectâneas das editoras : Pastelaria Studios, Papel d’Arroz,
Orquídea Edições , LLO , MP Edições, Edições Hórus , RVA  Alenquer , O
Declamador , Chiado Editora e In-Finita.

quarta-feira, 27 de março de 2019

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL... IZILDA BICHARA


Agradecemos à autora IZILDA BICHARA a disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 – Como você vê o papel da mulher na literatura atual?

Sinto que hoje estamos mais conscientes e dispostas a conquistar um espaço antes garantido predominantemente ao universo masculino. É uma tarefa árdua e gigantesca. Mas somos muitas e temos uma vantagem: a sororidade.
Mulheres escritoras, nos últimos anos, vêm se unindo cada vez mais. Faço parte de dois Coletivos Literários, o Martelinho de Ouro e o Mulherio das Letras. É fundamental estarmos reunidas para troca de experiências e ideias, para traçar metas, discutir pautas de interesse comum e ocupar o espaço a que fazemos jus. Com isso, crescem as possibilidades de sermos publicadas e lidas e de obtermos prêmios literários de peso - como se tem visto ultimamente. Tudo isso representa um claro avanço do papel da mulher na literatura.

2 – Em que medida o universo feminino infuencia na hora de escrever?

Devo  antes dizer que quando preciso me referir especificamente à produção literária de mulheres, prefiro dizer: literatura escrita por mulheres. Não me agrada classificar a literatura em feminina e masculina, porque literatura não tem gênero. Pode ser escrita tanto por mulheres, como por homens. Assim, acredito que, numa obra de ficção, uma mulher pode perfeitamente abarcar o universo masculino e vice-versa.
Porém, não posso deixar de reconhecer que sou profundamente tocada por questões que dizem respeito à minha condição de mulher. Muitos de meus contos e personagens retratam sentimentos peculiares, relações abusivas ou condições desvantajosas, que refletem, de um modo geral, a situação de desigualdade e injustiça das mulheres do nosso tempo.

3 – Em que corrente literária acha que a sua escrita se enquadra?

Acho que minha escrita não pode ser enquadrada com precisão em nenhuma corrente literária.
Geralmente escrevo contos, em prosa livre e bastante diversificada. Raramente escrevo poemas. De vez em quando, gosto de experimentar formas novas, não usuais, ou de me aventurar por temas um tantinho distópicos. Minha escrita acompanha a direção natural apontada pelo próprio texto e segue aquilo que me parece esteticamente apropriado no momento.

4 - Que importância dá aos movimentos de integração da mulher?

Uma andorinha só não faz verão, nem um dedo só faz a mão.
Esse provérbio resume bem o que penso sobre a mobilização de pessoas em torno de uma causa. Com a mulher não é diferente. Para corrigir a situação de opressão e de desigualdade, que se estabeleceu ao longo da história, é preciso haver união entre as mulheres para melhor compreender, avaliar, discutir, protestar, reivindicar e mudar os fatos e as narrativas injustas de que somos vítimas.

5 – O que acredita ser essencial para divulgar a literatura?

Difundir o gosto pela leitura.
A meu ver, a literatura só se realiza plenamente por meio do leitor. Se não houver leitores, a escrita perde o sentido. Assim, penso que o primeiro passo para divulgar a literatura é conquistar leitores, desde a criancinha, na mais tenra idade, até o ancião. É preciso fazer um trabalho miúdo e paciente, mostrar às pessoas que o livro é a porta de entrada para uma viagem especial, que pode levá-las a visitar, ou revisitar, lugares, sensações e sentimentos muito particulares, numa experiência única e enriquecedora.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?

Acho que o maior ponto positivo é a magia desse universo. A possibilidade infinita de expressão criativa que se abre ao autor e a transformação do livro, depois de escrito, numa ponte, por onde o escritor conduz o leitor a outras infinitas possibilidades, mexendo com suas emoções, ampliando seus conhecimentos, provocando, sempre, enriquecimento pessoal e alguma mudança interna.
Já o  grande aspecto negativo, a meu ver, prende-se às dificuldades do mercado editorial: a via-crucis percorrida pelos escritores para publicar seus livros; a  frequente necessidade de recorrer à autopublicação, com todas as limitações que isso implica; a pouca ou nenhuma divulgação por parte das pequenas, e até das grandes, editoras; o percentual ínfimo que, em geral,  os escritores recebem a cada exemplar vendido e, por fim, a quantidade reduzida de leitores em relação ao grande número de títulos oferecidos.

7 – O que pretende alcançar enquanto autora?

Sou otimista. Pretendo continuar a escrever muito e sempre, ter meus livros publicados, inclusive em outras línguas, e alcançar uma multidão de leitores

8 – Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.

A curto prazo, devo escrever um conto para a nova coletânea do Martelinho de Ouro, a ser lançada ainda este ano.
A longo prazo, escrever um romance. E outro. E talvez outro mais. E outro (já disse que sou otimista).

9 - Sugira uma autora e um livro (contemporâneos).

Deborah Dornellas, que integra o Coletivo Literário Martelinho de Ouro, e é autora de “Por Cima do Mar”, livro que acaba de vencer o prêmio Casa de Las Américas, como o melhor romance brasileiro

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

A pergunta que já me fizeram dezena de vezes: Por que você escreve?
E a resposta é sempre a mesma, na esteira de Clarice Lispector:  Escrevo porque respiro.


Sobre a autora

IZILDA BICHARA vive em São Paulo, Brasil, e é formada em Letras e em Direito pela USP. Foi professora de Língua Portuguesa, procuradora do Município de São Paulo e orientadora de oficinas de poesia e expressão escrita. Participa do Mulherio das Letras e do Coletivo Literário Martelinho de Ouro, com publicações nas diversas antologias de prosa e poesia desses grupos e de outros. É autora da novela Térreo (Casa Impressora de Almeria e e-galáxia) e de Desculpa o atraso e outros contos (ed. @link).

terça-feira, 26 de março de 2019

DEZ PERGUNTAS MULHERIO DAS LETRAS PORTUGAL... SARA TIMÓTEO


Agradecemos à autora SARA TIMÓTEO a disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 – Como você vê o papel da mulher na literatura atual?

A meu ver, o papel da mulher na literatura atual consiste em não procurar agradar a ninguém. Este é um desafio muito difícil e comum a todas as pessoas num momento em que, cada vez mais, se procura converter um autor num vendedor de livros. Recuamos, assim, até à época retratada por Sócrates (via Platão), em que havia quem procurasse agradar às multidões, perambulando de cidade em cidade em busca do maior público e dos patrocinadores mais abastados. O dilema entre criar e imitar permanece, pois, após tantos séculos, e a mulher no seio da literatura atual não lhe está imune.

2 – Em que medida o universo feminino influencia na hora de escrever?

Para o universo feminino são remetidas as memórias de infância e as dores inconfessáveis de cada um de nós. Por isso, talvez exista uma influência do universo tradicionalmente associado ao feminino sobre o processo de escrita.

3 – Em que corrente literária acha que a sua escrita se enquadra?

Formalmente, creio enquadrar-me no experimentalismo (com recurso à inter semiose); concetualmente, no realismo. A mensagem que procuro transmitir poderá ser perspetivada como culturalista.

4 - Que importância dá aos movimentos de integração da mulher?

Os movimentos de integração da mulher revelam-se essenciais para que a sociedade e a comunidade pratiquem um maior respeito pelas opções de cada um.

5 – O que acredita ser essencial para divulgar a literatura?

Qualidade.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?

O ponto forte do universo da escrita é o amor pela beleza, exceto quando desemboca em vaidade.

7 – O que pretende alcançar enquanto autora?

Relembrar que a esperança existe e trazer beleza à vida de quem decida ler as palavras por mim redigidas.

8 – Cite um projeto a curto prazo e um a longo prazo.

Quer a curto, quer a longo prazo, pretendo tornar-me mais precisa e melhor naquilo que empreendo.

9 - Sugira uma autora e um livro (contemporâneos).

Perto do Coração Selvagem por Clarice Lispector. É uma obra de referência sobre a maldade (que é diferente do mal). É difícil crer que se trate de um livro escrito durante a adolescência da autora.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

O que é, para si, ser feliz? Viver bem e proporcionar alegria a quem me rodeia.


BIOGRAFIA
Sara Timóteo Póvoa de Santa Iria/Portugal Sara Timóteo nasceu em Torres Vedras, viveu em Alfama e em Haia e reside na Póvoa de Santa Iria. Em Portugal publicou, desde 2011, uma dezena de livros em diversos géneros e tem três livros editados nos Estados Unidos. Tem múltiplas participações em obras colectivas e, sempre que o tempo permite, faz questão de aparecer em eventos literários, sejam saraus, tertúlias ou lançamentos de livros de outros autores