Durante mais de trinta anos
percorri o mesmo caminho de casa ao trabalho e vice-versa. Quando o tempo
estava bom, parte dele, era feito a pé, umas vezes pela estrada principal,
outras, pela rua paralela. Umas vezes acompanhada, outras, sozinha, divagando
pela minha vida, pelos sonhos desfeitos e pelos outros, os sonhos mal feitos.
Quando caminhava pela estrada
principal, entretinha-me a ver as montras, principalmente as de
pronto-a-vestir. Vaidosa? Sim, talvez. Sempre gostei de me ver bem vestida,
mesmo que fosse, e seja, com roupa de baixo custo.
E passava… e passei… centenas
de vezes por aqueles muros, por aqueles portões, por ambos os caminhos, os
encontrava, e nada me diziam. Eram apenas muros e portões de mais um
laboratório, que tal como todos os laboratórios fazia investigação, este,
particularmente este, fazia investigação veterinária.
Deixei de por diariamente lá
passar, também o laboratório deixou de lá funcionar.
Continuei a passar
esporadicamente, nem sequer ligava aos pormenores do edifício, quase abandonado
ao tempo, que continuava a passar, até que numa das vezes reparei que andavam a
pintar portas e janelas, e mais obras lá por dentro. Casualmente no dia 29 de
Abril de 2017, passei e a porta que dá para a tal estrada principal, estava
aberta. Entrei, foi o primeiro de muitos dias em que lá entrei e entrarei. As
obras foram progredindo, até se encontrar, finalmente aberto ao público, para
as mais diversas situações, entre elas, as tertúlias e os saraus poéticos, da
empresa In-Finita. De quinze em quinze dias, lá estamos reunidos para mais uma
manhã de amizade e poesia.
E, as antigas instalações do
laboratório nacional de investigação veterinária, era afinal um palácio, que em
boa hora foi recuperado pela junta de freguesia de Benfica.
Hoje, já com cara lavada,
está aberto todos os dias, para gaudio de quem por lá passa.
Majestoso e imponente o Palácio Baldaya.
MARIA ANTONIETA OLIVEIRA
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