domingo, 15 de julho de 2018

EU FALO DE... CRITÉRIOS E CONVERSA DE FACHADA



A propósito de um texto que li, um destes dias no Facebook, em que a pessoa queixava-se dos organizadores/promotores de antologias por estes aceitarem tudo, sem restrições, apenas e só com o cifrão em vista, entre alguns comentários com assertividade e coerência, lá estavam as habituais sentenças cagadas por parte de gente que nem dá conta que há quem saiba dos seus telhados de vidro.

Tal como muitos comentaram, no tal texto, concordo que são demasiado óbvias as discrepâncias qualitativas dos textos incluídos numa mesma obra colectiva. Também não nego que a abundância de erros encontrados é um problema a combater. E há muitos outros pontos de vista que são iguais ao que penso.

Concordo que existem muitas situações que, caso houvesse um pouco mais de cuidado e brio, as obras colectivas poderiam sair beneficiadas mas não é menos verdade que o mal é sempre dos outros e ninguém aceita de bom grado ser o elo fraco nesta matéria.

Embora não estranhe, acho piada ver comentários do género: “Eles só olham para o dinheiro”, “Enriquecem à conta dos papalvos”, “Aceitam tudo”, “Assim se vive à conta da cultura literária”, e a minha preferida: “É por isso que vou deixar de entrar em antologias”.

E acho mais piada ainda quando esse tipo de comentários é feito por alguém que, mais ou menos, um mês antes, viu dois textos seus serem recusados, por mim, para integrarem o Conexões Atlânticas II.

Acho piada porque contestam a torto e a direito, tudo e todos, e na hora que as coisas são feitas de acordo com aquilo que tanto exigem passam a reclamar os critérios usados na recusa que os atinge.

Acho piada ver autores reagirem (por escrito) de forma quase violenta quando alguém põe em cheque as suas criações e recusa incluí-las num trabalho colectivo. Veem essa atitude como afronta, desrespeito e dizem sentir-se traídos por alguém que consideravam amigo. E depois é vê-los a tentar denegrir a iniciativa, a honestidade dos promotores e a qualidade daqueles que foram aceites. E acho piada por vê-los, à posteriori, cagar postas de pescada a favor de um maior critério e blá blá blá, é só fachada.

Felizmente existem outros que entendem critérios e aceitam recusas com a mesma naturalidade com que nos pedem opiniões sobre o que escrevem. A esses dou todo o crédito na hora de reclamarem, seja do que for.

MANU DIXIT

3 comentários:

  1. Não estou a par desta contenda, mas Manu tem toda a razão na apreciação que faz relativa ao comportamento de certos autores críticos . A sua frontalidade ganha o meu respeito.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tal como em outros aspectos das sociedades modernas, também o universo da escrita é manchado pela inversão de valores, atitudes e vaidades. Continuarei a apontar o dedo.
      Grato pela visita comentada...

      Eliminar

Toca a falar disso