quinta-feira, 12 de julho de 2018

DAMOS VOZ A... MIGUEL CURADO


Do lugar comum da folha em branco, ou neste caso do cursor de um computador a piscar. Para o infinito. O passo pode parecer simples. Mas há o risco de durar anos. No meu caso talvez metade da minha vida. A poesia nunca foi uma prioridade do meu desejo, por vezes doentio, de escrever. Surgiu como mero acaso. Pode parecer presunção, com a água benta necessária, mas juro que não.

Poesia são os dois mais dois que a vida precisa para correr nos carris possíveis, não necessariamente nos certos. E, ao fim de vários anos de um desejo silenciado, e por vezes reprimido, surge o livro ‘Abrir os olhos até ao branco’.

Não acho que seja um projeto com um fio condutor definido. Antes uma viagem de automóvel aos solavancos por um caminho com muitas curvas, paragens prolongadas para ganhar balanço, e um grande sentido de que este percurso poderá ser longo, assim eu mantenha esse desejo pungente de continuar a escrever.

Não quero realçar nenhum dos poemas que fazem parte deste livro. Um trabalho de descoberta é o mais importante que compete a um leitor, e só a ele. Um livro, assim que se completa o processo de edição, deixa de ser do seu autor. Passa a ser da história. Só queria sublinhar a mensagem que, penso eu, este livro encerra. A de descoberta. Ele passa pela escuridão, pela morte como omnipresente fator de catarse da vida, e passa também pela criação da vida. Tudo com o amor, algumas formas de amor, como ilha longínqua que um autor procura alcançar de cada vez que junta palavras com o intuito de lhes dar um som e sentido de beleza.

Em suma, ‘Abrir os olhos até ao branco’ porque a vida existe para ser vivida, como uma pele que é só nossa, e de mais ninguém.

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