terça-feira, 29 de maio de 2018

EU FALO DE... PORTUGUÊS SEMPRE



Confesso que estive tentado a escrever este texto poucos minutos após o episódio que lhe dá origem. Ainda escrevi umas linhas mas decidi apagar tudo, confirmar as minhas suspeitas, e só agora, passado algum tempo (talvez o suficiente para quase ter ficado esquecido da curta memória lusa), datilografar os meus pensamentos sobre o assunto.

No passado dia 12 de Maio o país viveu mergulhado numa onda de optimismo exacerbado que, com a maior das lógicas e falta de bom senso, rapidamente se transformou no velho e típico baixar de cabeça e autocomiseração, para depois dar lugar ao, não menos típico, ressuscitar dos velhos do Restelo e seus bem conhecidos chavões sobre a sina e o fado de ser-se português.

Mas vamos por partes...

Primeiro fez-se a festa porque “Portugal está em alta” e “o que é nacional é bom” e “ninguém nos segura” e “o que custa é a primeira” e blá blá blá com mais blá blá blá pelo meio.

Depois os discursos foram mudando e só se ouvia: “nada que não estivéssemos à espera” e “somos demasiado pequenos” e “voltaram a colocar-nos no nosso lugar” e blá blá blá seguido de mais blá blá blá.

Por fim vieram os vozeirões roucos e sábios dos velhos do Restelo com “fizessem como os outros” e “temos que acompanhar os tempos” e “não é em português que nos safamos” e outros aborrecidos blá blá blá.

Alguém sabe do que estou a escrever? Não?

E se eu disser que tenho orgulho em ser português e que sempre defenderei a nossa língua, a nossa cultura, a nossa forma de estar, independentemente do que o resto do mundo pensa ou deixa de pensar? E se eu disser que, por mais que tentem, não há nenhum outro idioma que consiga, minimamente, rivalizar com a riqueza da língua portuguesa? E se eu disser que no final desse dia 12 de Maio, o que sobra é a convicção que a mensagem em português passou e o resto é apenas negociatas de bastidores? E se eu disser que no final desse dia apenas me restou a certeza que, ao contrário do que sempre julgara, os meus conhecimentos de geografia são fraquíssimos e a europa tem mais dois países do que me ensinaram na escola? E... se eu dissesse tantas outras coisas...

Mas não preciso dizer isto para demonstrar o meu repúdio pela forma disparatada como os meus conterrâneos se limitam a arranjar desculpas para justificar a imparcialidade que não têm e darem ares de gente sofisticada e conhecedora quando, em boa verdade, só agem dessa forma para darem nas vistas sem se aperceberem de quão ridículo é fazer-se parte de um rebanho.

Que mais posso eu dizer sobre aqueles que são portugueses, até à medula, quando há sucessos estrondosos e se descartam quando ficamos no fundo da tabela?

Neste contexto e para que finalmente saibam de que estou a falar, termino dizendo que estou orgulhoso da Cláudia e da Isaura na mesma proporção que tive do Salvador.

MANU DIXIT

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