terça-feira, 22 de maio de 2018

EU FALO DE... II TERTÚLIA IN-FINITA


No passado Sábado, em mais um evento In-Finita, no Palácio Baldaya, entre várias temáticas abordadas pelo autor convidado, João Dordio, e o público presente, houve uma que gerou discussão mais alargada, ou dito de outra forma mais assertiva, causou um princípio de debate que talvez mereça, por si só, ser tema de um futuro evento.

Em determinada altura, e na sequência do que entretanto se falara, surgiu a questão: para que serve a literatura nos dias de hoje e como se definem e enquadram os autores contemporâneos no uso e/ou defesa das correntes literárias? Esta questão, por ser interessante e até pertinente, apanhou praticamente todos de surpresa e notou-se em todas as intervenções um certo estado de dúvida que, tal como exprimi na altura, talvez se deva ao facto de, nesta era de grande facilidade comunicacional, mediatismo e individualismo, as pessoas não saberem explicar qual a corrente literária em que mais se reveem nem conseguirem catalogar aquilo que produzem artisticamente.

Apesar da abordagem superficial feita, creio que a maioria aceita que esta indefinição se deve, em grande medida, ao desuso da discussão destas temáticas. A generalidade dos autores actuais simplesmente escreve sem se preocupar minimamente com estilos ou correntes literárias. E porque vivemos num tempo em que se dá mais importância ao “like” facebookiano do que ao verdadeiro debate de ideias, a tendência maior é deixar morrer a discussão das formas e das ideias para dar lugar ao “cada um por si” tão enraizado neste nosso mundo de individualismo exacerbado.

Para mim o mais relevante nesta conversa foi a ambiguidade de estarmos a discutir a falta de discussão sobre as tendências e correntes literárias. Foi curioso perceber que as pessoas demonstram interesse em debater algumas questões e quase assumem que simplesmente nunca o fazem porque mais ninguém o faz hoje em dia.

Afinal, e como conclusão minha, os autores contemporâneos não debatem, não discutem, não trocam impressões nem se assumem defensores ou contrários a esta, ou aquela, corrente literária, porque ninguém fala nem se interessa por essas temáticas, como se fosse um assunto “démodé”. Em contraponto, fiquei com a certeza que, pelo menos os presentes no evento de Sábado, não se importariam de falar mais sobre esta matéria, mais não fosse para conseguirem, finalmente, identificar-se com qualquer que seja a corrente literária.

MANU DIXIT

2 comentários:

  1. Excelente resumo do que se passou. Claro, objectivo e assertivo. Temos (todos) de começar a sair da nossa zona de auto-suficiência, para uma relação mais elevada e coletiva. Obrigado ao Emanuel Lomelino pela oportunidade em interagir e criar (se possível algo novo que possa ser marcante e definidor de um tempo, um espaço e uma época)Carlos Arinto (apenas consigo comentar como anónimo, por isso me identifico)

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