domingo, 13 de maio de 2018

DEZ PERGUNTAS A... NIC CARDEAL


Agradecemos à autora NIC CARDEAL a disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Como se define enquanto autora e pessoa?

Acho que ainda não consigo me definir (ou, quem sabe, por toda a vida) como autora. Talvez como aprendiz da escrita. Sinto que é a escrita que me exercita e não eu a ela. Às vezes penso em escrever por um caminho e, quando chego ao final, o texto seguiu outro rumo. A bússola não sou eu quem alinha. Existe um mistério nessa coisa de palavras, quem sabe uma espécie de costura, arremate, remendos de sentidos. Vou seguindo a linha. Às vezes os nós são desatados e tudo se descostura. Faz parte desse aprendizado de dizer os sentidos, as emoções, as reações, a vida...
Como pessoa? Sou sempre outra. Cada dia é uma descoberta de mundo, ora comove, ora assombra, ora assusta... Gosto de universos diversos, peculiares, exóticos, aerados, apesar de ter meu sol em Capricórnio, e da minha lua e ascendente estarem em Touro, dois signos de terra, que pedem solidez e estrutura. Toda essa terra, em mim triplicada, faz com que eu sinta muita sede de céu. Acho que por isso sinto tanta necessidade de escrever. É como o voo de uma pipa que segue o vento, mas existe uma linha que a mantém presa à terra firme.

2 - O que a inspira?

Tudo. Ou nada. Coisas de fora ou de dentro. Às vezes tudo junto. Pode ser um respirar mais profundo. Uma nesga de Lua desfiada e vazia. Uma nuvem esparsa. Uma tempestade. Algo que vejo por aí, algum livro lido, algum pensamento perdido. Gosto muito do que diz Gaston Bachelard quanto a isso: “Uma página em branco dá o direito de sonhar”. Tudo cabe em uma página em branco. Basta sonhar. Ele mesmo também fala: “Eu sou um sonhador de palavras, de palavras escritas”.

3 - Existem tabus na sua escrita? Por quê?

Acredito que nenhum, mesmo porque não sigo convenções sociais, religiosas ou culturais. A escrita gosta de liberdade. Creio que liberdade e tabu não se coadunam nem um pouco!

4 - Que importância dá às antologias e coletâneas?

São fundamentais para a divulgação de escritores. Até hoje nunca publiquei um livro solo, somente participações em antologias ou coletâneas. Sem elas eu não teria tido a chance de ter contato com muitos outros escritores. Elas possibilitam intercâmbios maravilhosos entre autores, e entre autores e leitores.

5 - Que impacto têm as redes sociais no seu percurso?

As redes sociais são muito impactantes para mim. Foi por meio do facebook, por exemplo, que tive possibilidade de conhecer diversos escritores, tanto iniciantes, quanto renomados e premiados, especialmente mulheres escritoras, que me encorajam e incentivam a prosseguir com meu exercício literário. As redes sociais são como janelas que, abertas, permitem essa visibilidade instantânea também do mundo da escrita. Uma corrente linda tem tomado dimensões incríveis por meio do facebook: o Mulherio das Letras – grupo de mulheres escritoras de todo o Brasil e mesmo brasileiras residentes em outros países que, por iniciativa da ‘mentora’ Maria Valéria Rezende, uniram-se virtualmente no propósito de divulgar a literatura feminina e mostrar ao mundo literário que o talento feminino também é merecedor de publicação e de leitura.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?

Creio que em todos os universos existem pontos positivos e negativos. Os opostos sempre andam juntos, quase sempre de mãos dadas. É da natureza, não só humana. Vivemos em um mundo material, de polaridades, portanto, é natural que os prós e os contras estejam sempre marcando presença. É o inconsciente trazendo o tempo todo à tona os diversos conflitos entre os opostos. Não vejo como escapar disso, estando nesse plano de dicotomias que é o mundo terreno.  Penso que é quase impossível escapar dos paradoxos humanos. Isso se reflete também no universo da escrita.

7 - O que acredita ser essencial na divulgação de um autor?

Antes de tudo, uma boa edição de seu trabalho e uma boa distribuição. A divulgação bem feita alcança grandes horizontes. Atualmente as redes sociais têm sido fundamentais nesse trabalho.

8 - Quais os projetos para o futuro?

Escrever. Ler. Conseguir publicar dois livros já finalizados. Continuar a escrever, ler.

9 - Sugira um autor e um livro!

Não consigo reduzir a um. Sugiro pelo menos três. Charles Dickens (Grandes Esperanças), porque marcou profundamente minhas leituras de infância. Clarice Lispector (Perto do Coração Selvagem), escritora que me virou do avesso na época de adolescência. Fernando Pessoa (Livro do Desassossego) desde sempre e para sempre, porque faz sossegar (no paradoxo da existência) minha alma inquieta.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

A melhor pergunta sempre é aquela que possui infinitas respostas. A melhor delas talvez seja a resposta que desde sempre procuro: a que é feito esse viver assim tão doce, e amargo, e louco, senão a esperar um porto, um horizonte, um descanso, um pouco de consolo?

Acompanhem, curtam e divulguem esta e outros autores através deste link

1 comentário:

Toca a falar disso