quinta-feira, 3 de maio de 2018

ADRIANA FALA DE... SERES DE ÁGUA


“… Somos seres de água, todos sujeitos ao desenrolar de um guião do qual nem sempre somos autores, é a conclusão final a que o leitor poderá chegar, assim que absorver a última página deste livro, pois somos líquidos e líquidos nos entregamos aos acasos, vestidos de vicissitudes e pequenas felicidades, e ao ocaso dos nossos dias. “ Vítor Costeira

E foi exatamente assim, em estado absolutamente líquido, confirmando as palavras tão acertadas do autor, que como leitora e ser de água que sou, cheguei a última página do livro, transbordando, em lágrimas que caiam abundantes e escorriam no canto dos lábios, e as sorvia, matando a sede das emoções despertadas. O livro nos convida para uma viagem do cotidiano, com essas pequenas estórias, que parecem tão próximas de nós, mesmo que distantes das nossas vivências. Pessoas sentidas, lapidadas pela caneta de extrema sensibilidade do autor, que deixam de ser personagens e retratam um pedaço de cada um, na fluidez das imagens linguísticas que se transformam em imagens e sensações.

Me vi como a Amélia, em UM DIA NA VIDA DE AMÉLIA, que na expectativa da chegada dos seus, embeleza-se e cria os momentos vividos, mesmo antes deles de fato acontecerem. E com as expectativas frustradas, recolhe-se em sua solidão, ao perceber que fora esquecida em uma data especial.

Me vi Júlia, sofrida por ter-se distanciado do pai que tanto admirava e amava, e que sem saber, em um ato nobre, doou-lhe mais do que presença e afeto, em PASSOU UM ANJO POR AQUI.

Me vi em RESTOS DE ESTRELAS, como aquele que transborda em amor pela família, mas recolhe-se na observação das rotinas tão distantes e diferentes das suas por entes outrora tão próximos.

Me vi Maria, cheia de sonhos, paixão e desejos, sendo tragada pela acomodação e o conformismo de um relacionamento sem sentido e ausente de carinho e cumplicidade, em FOGE COMIGO, MARIA!

Me vi como um AMIGO, que senta no banco de uma praça, buscando sol e aconchego, para as suas horas vazias, em O HOMEM QUE LIA POEMAS NUM BANCO DE JARDIM.

Me vi um pouco Alex, um pouco Fran, sentados à beira mar, olhando as ondas, e relembrando caminhos e sonhos que a vida nem sempre facilitou ou realizou, em SERES DE ÁGUA.

Me senti perto das escolhas e consequências de O HOMEM QUE ACERTAVA EM TUDO O QUE PREVIA.

E ainda mais próxima da Maria, José, Madalena, do Jesus morto e do Jesus abandonado nesse fantástico conto NOITE DE NATAL.

E em ATÉ AMANHÃ, revivi o conforto de ser acolhido por quem nos quer tão bem.

Fechei o livro, ainda vivenciando essas imagens, que cada um, desses nove contos, tão bem escritos, com suas metáforas, lirismo, realismo e evidências concretas e verídicas, despertou em uma manhã sem previsão de grandes emoções. Apenas um livro… não, não é um livro, é O LIVRO que contribui para engrandecer a nossa alma, a nossa cultura e acima de tudo, o nosso olhar, um pouco mais sensível, para a vida, para o outro, para as nossas realidades e daqueles que fazem parte desse nosso planeta azul.

Gratidão e parabéns Vítor Costeira, não cabem na imensidão desse oceano que você nos faz navegar ao abrir SERES DE ÁGUA. Uma obra-prima, que merece todo o nosso respeito e aplausos. E ainda embalada pelo calor aconchegante dessas águas, aguardo os próximos…


DRIKKA INQUIT

1 comentário:

  1. Querida Amiga e companheira Ser de Água Adriana, que dizer? Primeiro, dizer que tenho um abraço imenso de gratidão para com quem acreditou em mim, sem pestanejar, o meu AMIGO Emanuel Lomelino! Sem ele, nenhum ser de água veria tão cedo a luz do dia!
    Depois, dizer-te que acredito que a vida é feita de seres racionais que a qualquer instante se constatam seres de muita água!
    Por fim, a minha gratidão! Sim, porque sinto gratidão em ter encontrado seres de água como eu! Grato! Grato! Grato!

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