sexta-feira, 20 de abril de 2018

EU FALO DE... ANTOLOGIA TOCA A ESCREVER



Aqueles que me conhecem há mais tempo sabem que não sou de fazer grandes manifestações de regozijo, seja em que matéria for. Inclusive, já aconteceu, um par de vezes, terem-me questionado sobre o modo, quase frio e distante, como reajo quando os meus trabalhos editados chegam-me às mãos. Nesses momentos, a minha racionalidade sobrepõem-se ao lado emotivo/emocional e, por essa razão, aceito sem contestação esse apontar de dedo.

Contudo, as minhas reacções esfíngicas não significam total indiferença. Acho que esse modo de reagir está intimamente ligado ao elevado grau de exigência que coloco nos projectos em que me envolvo e nunca fico completamente satisfeito com os resultados obtidos porque tudo pode ser melhor do que se apresenta.

Seja como for, e não querendo perder mais tempo com auto-análises, cito o provérbio antigo: “Quem vê caras não vê corações”, para explicar que, apesar do aspecto circunspecto e sisudo, há sempre uma centelha de aprazamento na hora de ver mais um projecto chegar ao fim. É o caso da antologia TOCA A ESCREVER.

Não vou voltar a explicar as razões que deram origem ao projecto, nem os conflitos interiores que com ele surgiram e ainda me fizeram reflectir na possibilidade de não avançar, quero antes deter-me no percurso e dissertar um pouco sobre o balanço entre o que me propus realizar e o resultado final.

A ideia inicial, partindo sempre baseada no trabalho que tenho feito, era criar e possuir mais uma ferramenta de divulgação de autores e respectivas criações poéticas, que não se esgota com o aparecimento físico da antologia porque ainda falta fazer o pré-agendamento, dos poemas, no blogue TOCA A ESCREVER, e partilhar todos eles nas diversas páginas e grupos das redes sociais, onde costumo divulgar a poesia lusófona. E este é um dos aspectos inalterados e inalteráveis de todo o projecto.

Apesar de acreditar que este trabalho poderia ser bem sucedido, fiz questão de colocar, no regulamento que redigi para o efeito, uma cláusula que referia a necessidade de atingir o mínimo de 50 poemas, para que tudo fosse viável. Hoje, chego à conclusão que essa “defesa” foi quase premonitória, uma vez que foram seleccionados apenas 56 poemas.

Muitos poderão estranhar a reduzida participação, tendo em conta o elevado número de autores que conheço e com quem tenho trabalhado frequentemente. No entanto, e sem querer passar a ideia de premonição, eu estava realmente à espera de números semelhantes. Passo a explicar as razões.

Levando em consideração que esta antologia é a primeira em que o meu envolvimento é total e absoluto, edição incluída, nunca quis tomar proveito das carteiras de e-mails, a que tive acesso enquanto coordenador de outras antologias, ao serviço de editoras. Então, limitei-me a fazer a divulgação do projecto apenas nas redes sociais e desse modo evitar ser acusado de beneficiar-me com mailing alheio. Com esta postura, e no caso de projectos futuros semelhantes, terei a minha própria carteira de contactos.

Por outro lado, mesmo com alguns autores amigos e outros, já divulgados no blogue, aparecerem na lista de participantes, também não enviei mensagens privadas pedindo para integrarem o projecto. Todos, sem exceção, aderiram por decisão própria e espontânea, como melhor lhes aprouve, e apenas porque, num qualquer momento, cruzaram-se com a divulgação feita.

Durante o período de recepção tive que decidir entre três critérios de selecção: aceitar tudo; aceitar apenas textos pelo valor criativo; ou aceitar somente textos isentos de erros ortográficos e de pontuação.

Como sou defensor que qualidade é um conceito amplo e abstracto, optei por escolher a terceira via e dar preferência a textos isentos de erros. Preferi escolher a perfeição à criatividade. Felizmente consegui reunir os referidos 56 poemas.

Confesso que, no início, tive algumas dificuldades em lidar e gerir todos os passos que a produção de um livro exige mas, com o passar do tempo e a cada obstáculo ultrapassado, fui-me sentido mais confortável e confiante e todo o processo começou a fluir. O resultado final, independentemente dos aspectos que eu referi ao longo deste texto, acaba por deixar-me satisfeito e com a certeza que também consigo fazer bons trabalhos sem a rede de segurança (que tive em projectos idênticos) que as estruturas das editoras fornecem.

Mas a minha opinião, por mais argumentos que surjam e utilize, acaba por fazer de mim juiz em causa própria e, por isso, vou deixar que sejam os autores, no próximo dia 21 de Abril, às 15 horas, no Palácio Baldaya, a avaliarem a antologia TOCA A ESCREVER e a decidirem qual a sentença aplicável a este meu atrevimento.

MANU DIXIT

1 comentário:

Toca a falar disso