1 - Como se define enquanto
autora e pessoa?
Quem melhor me pode definir são os outros. No entanto, eu como pessoa
tento ser para os outros o que gostaria que fossem para mim. Sou preocupada com
o que me rodeia sem muitos alaridos mas muito sentimento, tentado que os meus
atos façam diferença numa sociedade cada vez mais indiferente. Acredito que nem
todos me vejam assim, porque cada um vê o que o rodeia com o seu olhar
(sentimento).
2 - O que a inspira?
A vida, tudo o que me envolve e me entra na alma, mesmo um pequeno
movimento do vento com uma folha solta. Por vezes conversas que escuto no
quotidiano me inspiram os sentidos.
3 - Existem tabus na sua
escrita? Porquê?
Não, porque viver é aceitar e encarar todas as formas de vidas e formas
de estar, e se é a vida que me inspira tenho que escrever tudo o que a mesma
tem nela, sem tabus.
4 - Que importância
dá às antologias e colectâneas?
Os trabalhos coletivos tem uma imensa importância na divulgação e
incentivação aos novos autores, e quando os autores que já têm “obra” se unem
nestes projetos estão a fazer um trabalho emocional e social de grande
importância. E não posso deixar deixar de me lembrar que foi numa antologia que
este meu percurso começou, é isso que penso quando participo e organizo estes
projetos. E estes projetos são registos históricos desta época em que vivemos e
escrevemos, múltiplos sentires registados em livros.
5 - Que impacto têm as
redes sociais no seu percurso?
As redes sociais levam-nos a todas as partes do mundo, através delas
conhecemos pessoas muito interessantes que nunca nos iríamos cruzar se não
fossem estas plataformas. Na escrita somos lidos e lemos sem fronteiras. Com as
redes sociais aprendi e aprendo imenso todos os dias.
6 - Quais os pontos
positivos e negativos do universo da escrita?
O universo da escrita é um universo de seres humanos, cada um com o seu
carácter e forma de ver e viver. A escrita em primeira linha é uma catarse para
o autor, quando o que escreve chega ao leitor há um elo maravilhoso. A ligação
com outros autores é mais uma mais valia, partilha de conhecimento e
sentimentos. Os negativos são os egos, a vaidade e a falta de carácter de quem
constituí este universo.
7 - O que acredita ser
essencial na divulgação de um autor?
Um tema complexo, os meios de comunicação social são a melhor forma de
divulgação, no entanto na área da escrita pouco ou nada fazem ( falo dos canais
nacionais). As editoras na maior parte são tão desconhecidas como os autores e
ficam-se pela edição da obra em virtude de não serem aceites nos meios
literários, e o autor fica por sua conta. As editoras que já tem projeção ficam
pelas muitas e boas obras dos conhecidos, ou pelos conhecidos que vendem... tudo
isto observo há anos e parece a história do cão atrás do rabo. O que acontece
na realidade são os autores que se divulgam via redes sociais e alguns projetos
como por exemplo este do “Toca a falar disto” que são um ponto de encontro dos
autores e leitores. E arrisco a deixar esta mensagem, em vez de ser cada um por
si, em volta de egos sem sentidos, os autores deveriam unirem-se, deviam
participar mais nas iniciativas que muitos se esforçam por as fazer. Sim, porque
tudo que é feito dá muito trabalho nos bastidores e muitas vezes os autores que
mais reclamam falta de divulgação são os que não aparecem, os que nada fazem em
prol da literatura, e muitas vezes é apenas uma presença numa tertúlia...
8 - Quais os projectos para
o futuro?
Não faço projetos. Cada dia que vivo é um projeto a concretizar.
Escrever faz parte de mim e creio que a cada dia o irei fazer para mim e por
mim, se um dia serão obras ou não pouco me importa. E irei sempre tentar com as
minhas possibilidades dar a conhecer autores, e viver o sonho de que o universo
da escrita pode ser uma união e não divisão.
9 - Sugira um autor e um
livro!
Um só livro e um só autor é pouco para sugerir. Há livros que me
marcaram e autores que numa obra gostei muito de ler e noutra já não aconteceu.
Como é para responder vou deixar a sugestão poética da obra de Al berto “ O
medo”.
10 - Qual a pergunta que
gostaria que lhe fizessem? E como responderia?
O que faria se fosse Ministra da cultura?
Claro que isto nunca seria uma realidade por muitas razões e uma delas é
que a politica não me seduz...se fosse ministra tentaria que os livros fossem
mais baratos sem tantas taxas de IVA e lutaria para que as ajudas ao meio
literário e cultural fossem como o são noutras áreas, as desportivas por
exemplo. Num país tão criativos, com tanta arte não há por parte dos
governantes a atenção devida e merecida. A arte e a criatividades são marcos
históricos e seria bom que fossem apoiados agora e não só daqui a 100 anos como
tem acontecido ao longo de todo o tempo...
Uma entrevista muito boa...gostei! Parabéns!
ResponderEliminarObrigada ao "Toca a escrever" pela oportunidade de falar sobre mim e sobre a escrita. Parabéns pelo trabalho, apesar de nada comentar acompanho e aprendo sempre bastante com o que é partilhado neste espaço.
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