sábado, 31 de março de 2018

ADRIANA FALA DE... VOZES IMPRESSAS


“ A vida é a arte do encontro”, como dizia Vinícius de Moraes, baseada nisso, nada mais justificável do que homenagear sete anos de existência das Edições Vieira da Silva, que promove com excelência a arte do encontro e das palavras na sensibilidade poética de cada autor.

VOZES IMPRESSAS, um presente para ser oferecido e relido, é o encontro do sentir, de vivencias e talentos impressos, é a alma exposta de cada poeta que faz parte da trajetória de editora.

Essa foi a minha apresentação no livro coletivo VOZES IMPRESSAS, meu primeiro trabalho de coordenação literária em Lisboa. Fiquei surpresa e gratificada pela receptividade imediata da editora com a sugestão de um trabalho comemorativo e a aceitação dos autores que enviaram seus poemas, em um processo de quase três meses entre recolha, seleção, revisão, e cuidados em manter na paginação, cada estrofe primando pela qualidade poética. Desde a capa até à última página, a ideia da simplicidade  e  leveza, ficaram do jeito idealizado, bem entendido pela editora e sua equipe, onde a única preocupação era emocionar, através das VOZES IMPRESSAS de cada autor.

O lançamento foi uma mistura de tudo isso. Comemoração e emoção, por motivos pessoais e profissionais. Nas palavras de incentivo do Emanuel Lomelino apresentando o livro, e também responsável pelo meu primeiro contato com a editora e que com a sua experiência e alto nível de exigência, muito tem-me ensinado nessa caminhada.

Comemoração e emoção, por motivos pessoais e profissionais. Foi uma grande confraternização e encontro de autores, brasileiros, portugueses e africanos, onde me senti privilegiada em fazer do meu trabalho esse encontro de pessoas, histórias, culturas e sentidos.

E é ainda nesse clima de encontros e celebração, que agradeço às Edições Vieira da Silva, pela confiança em meu trabalho, e ao carinho recebido por parte dos autores participantes. Agostinho Silva, Albertina Pereira (Violeta), Alcino Ferreira, Alexandre Acampora, Ana Matias, Ana Teresa Machado, António Boavida Pinheiro, António M R Martins, António Pereira Bartolo Coutinho, Armando Leite, Beni Chaúque, Célia Moura, Dário Vidal, Delfim Carvalho, Francisco Luís Silva, Isabel Antunes, Isabel Bastos Nunes, Isabel Esperança, Isabelle Fochier, Jane Revet, João Sevivas, João Videira Santos, Jorge Emanuel Oliveira Dinis, Luiz Otávio Oliani, Manuel Machado, Manuel Timóteo de Matos, Margarida Gomes, Maria Antonieta Oliveira, Maria Cristina Estrompa, Maria Elisabete da Silva Matos, Maria Estrela do Mar, Maria João Machado, Ngunza Domingos Alberto, Octávio Carmo Santos, Oliveira Santos, Paulo Galheto Miguel, Prazeres Jacinto, Rosa Lapinha, Sara Timóteo, Susana Campos e Vieirinha Vieira.

As Vozes Impressas continuam ecoando. Como sou a favor das Antologias e Coletâneas, para a integração dos autores e conhecimento de suas obras, além da facilidade de uma divulgação mais ampla por ser coletiva, atingindo leitores e criando laços entre os poetas.

Até breve,

Adriana Mayrinck

sexta-feira, 30 de março de 2018

AS CRÓNICAS DA AVÓZITA... III SARAU POÉTICO NO PALÁCIO BALDAYA



Entre sol e chuva, este sábado amanheceu frio. No entanto, isso não impediu que nos reuníssemos para mais um sarau poético no Palácio Baldaya.

De longe e de perto, quem ama e sente, foi aparecendo. Também há os que amam e sentem, mas, e a vida tem muitos mas, não puderam comparecer à chamada da poesia.

Com a pontualidade que caracteriza os organizadores, começou o sarau. Os agradecimentos, e começou a declamação, hoje, dedicada à mulher.

Houve surpresas, poetas declamando outros poetas (alguns presentes), houve música e cantares, houve fado, houve sorrisos e lágrimas, houve emoção nas palavras dos poetas.

Num ápice, a hora e trinta minutos a que temos direito, passou.

Tal como no início, a pontualidade foi cumprida.

De novo os agradecimentos e, um até dia 7 de Abril.

Pessoalmente, saio sempre enriquecida em palavras e afectos.

MARIA ANTONIETA OLIVEIRA


quinta-feira, 29 de março de 2018

DEZ PERGUNTAS A... CASSIA CASSITAS


Agradecemos à autora CASSIA CASSITAS a disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Como se define enquanto autor e pessoa?

Sou uma curiosa que adora um bom papo. Vivo cercada de gente e de livros. Fui menina de pé vermelho do norte pioneiro do Paraná, uma região quente e ensolarada muito diferente da Curitiba que me acolheu e aprendi a amar. Lá, adquiri o hábito de ler. Aqui, finquei raízes e palavras para voar pelo mundo.  

2 - O que o inspira?

O que vejo, o que leio, o que vivo. Se algo fisga minha atenção, começo estudar  para poder discutir. E muitas vezes a melhor maneira de discutir é pesquisar, escrever, revisar, repensar. Minhas especializações em tecnologia da informação, didática do ensino superior e filosofia revelam um pouquinho do que os leitores encontram nos meus textos. Há ciborgues, bolhas econômicas, reflexões sociais e muita emoção.
 
3 - Existem tabus na sua escrita? Porquê?

Tenho dificuldade com verdades enclausuradas em “sempre” e “nunca”.  A certeza é reducionista, é o ponto final. Eu escrevo para sacudir as verdades que carregamos dentro de nós, e que de certa forma nos sustentam.  Gosto de pensar que, ao trazer à tona perspectivas diversas, meus livros movimentam ideias. Semeio dúvidas para ampliar as possibilidades do leitor e, quem sabe, levá-lo ao  “talvez”.   

4 - Que importância dá às antologias e colectâneas?

A antologia é uma ótima apresentação de uma comunidade, de um tema, de um movimento sociocultural.  Participar de uma coletânea equivale a se sentar em uma roda de leitura em que todos os leitores escrevem. As ideias circulam, ganham adeptos e contrapontos. Isso é maravilhoso.

5 - Que impacto têm as redes sociais no seu percurso?

Minha primeira publicação, o ensaio Domingo O Jogo ficou várias semanas entre os livros eletrônicos mais vendidos em 2011 no Brasil.  Atribuo esse resultado à divulgação que as redes proporcionam. O romance Fortuna a saga da riqueza na versão em inglês Saga of Wealth conquistou leitores em vários países através das redes e me permitiu lançar o romance Riding antes de sua versão em português O menino que pedalava. Por ser um ambiente em constante transformação, exige atenção e inovação a todo momento. Há muito o que se fazer. Estou sempre experimentando algo novo.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?

Escrever é materializar, compartilhar. Quando sopramos palavras ao vento, como saber onde elas chegarão? Somos responsáveis pelas mensagens e pelo uso que fazemos do idioma. O modelo de comunicação escrita que os celulares e as redes sociais nos oferece é uma oportunidade muito positiva para instigarmos as pessoas a saberem mais sobre as coisas. Por outro lado, ao desprezar os recursos que a língua nos proporciona e subestimar o alcance do que se escreve podemos chegar ao resultado oposto: tornar a leitura insossa e afastar de vez potenciais leitores.
     
7 - O que acredita ser essencial na divulgação de um autor?

A proximidade com seu público. Onde estão os leitores de literatura? Qual a rede social dos economistas? Quem está interessado em HQ’s? As ações de divulgação devem levar em consideração questões como estas. As obras norteiam a trajetória, mas o trabalho de um autor deve ir além de uma lista de títulos publicados. O leitor gosta da proximidade.  

8 - Quais os projectos para o futuro?

Estou iniciando um curso de mestrado em cinema, o que deve me manter bastante ocupada nos próximos dois anos. Estou terminando meu próximo romance, e ainda este ano publicarei uma peça de teatro, uma obra em francês, e um livro de contos.  

9 - Sugira um autor e um livro!

Os Miseráveis, de Victor Hugo, sempre. Das minhas leituras recentes, A sociedade dos sonhadores involuntários de João Eduardo Agualusa.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Gostaria que me perguntassem: “Quer publicar seus textos no meu país?”. Minha resposta seria: “Sim, com prazer!”.

Acompanhem, curtam e divulguem esta e outros autores através deste link

quarta-feira, 28 de março de 2018

FALA AÍ BRASIL... TACIANA VALENÇA (XV)


Matutando menos, maturando mais...
Gente, sinceramente, tenho curtido muito a maturidade, essa meia idade ou seja lá o que for. Sei que o corpo não é mais o mesmo, as ruguinhas começam a aparecer e outras tantas coisinhas próprias do desgaste de uma vida que já me deu tantas alegrias. Mas há uma sabedoria que começa a aflorar, a mesma que nos faz entender que não somos eternos e que muitas coisas que já demos importância perdem completamente o valor.
Chego a questionar a inteligência dita humana, que ao invés de colher os frutos de suas descobertas, brigam, odeiam e promovem guerras, como seres rastejantes na lama d'uma falsa evolução.
Hoje, na hora do apagão, no meio de um trânsito terrível e vendo muitas pessoas correndo na rua para chegar em casa e também agoniadas com a escuridão, fiquei pensando na humanidade.
Aprendi que não adianta se angustiar com as situações, hoje eu fico numa calma que me espanta. É como se alguém tivesse trocado de canal, então, imediatamente passo a acompanhar o novo filme.
Chegar em casa, tomar um bom banho, acender velas, ouvir uma música no celular e curtir uma conversa com os filhos.
Viva a falta de luz!
Estava sem telefone e sem internet também. Imaginei que deveria ser obrigatório um apagão em todas as casas, pelo menos durante duas horas. Hoje em dia seria como uma meditação. Viver sem interferência nenhuma, curtir o contato olhos nos olhos, o silêncio e a brisa que caminha pela casa quando a deixam passar, ouvir frases inusitadas dos filhos.
E antes que a turma do contra me reprima, falei: obrigatório apagão "em casa" e por duas horas. Mas também não estou nem aí para reprimendas, pois me acostumei a ouvir todos os tipos de comentários, dando importância aos que merecem ser analisados e deletando os que costumam viajar na maionese.
É, essa tal maturidade tira culpas, deixa mais leve, faz com que a gente releve muitas coisas e ignore tantas outras, mas faz também com que a gente dê um valor absurdo ao simples, ao verdadeiro, ao abraço gostoso que gosto de dar nas pessoas, na vontade de sentir a alma de cada uma. Graças a Deus são poucas as pessoas que não me despertam essa vontade de estar perto, de interagir, de abraçar, não chega nem aos dedos de uma mão. E isso é incrível, não é?
Muitas vezes me pego rindo dessas pessoas pesadas, que se acham as tais, as donos de todas as verdades, d'uma empáfia de quem engoliu um pombo. Não são nem poeira nesse Universo. Na verdade estamos todos no mesmo barco, uns na ala vip, outros mais embaixo, mas todos indo para o mesmo destino e, dependendo da peneirada, os da ala vip descerão e os outros terão regalias (quem sabe?).
E deu panos para as mangas o tal do apagão. Lembrei das pessoas que tem muito dinheiro e vivem em apartamentos luxuosos, mas não tem saúde e nem felicidade, nem mesmo um amor para dividir seus dias. Esses outros tristes que estão no poder ou mesmo fora dele, mas que cultivam ódio pelas classes mais sofredoras, que são donos de preconceitos de todos os tipos e se acham melhores e por isso vivem botando fogo pelas ventas e esquecendo de sorrir para a vida. Enquanto ruminam e babam raivas, outros, com bem menos posses ou mesmo instrução, vivem felizes em suas casas simples, mas com amigos verdadeiros. Esses que suam a camisa durante toda a semana, satisfeitos com seu trabalho e que se sentem felizes de verdade com suas cervejinhas nos finais de semana, com churrasquinho e samba para relaxar dos dias de labuta.
Parei de matutar, estou maturando a vida, observando as pessoas, estando onde me sinto bem e com quem me sinto bem. Aturando o aturável e me distanciando do que não vale a pena.
Depois disso tudo damos graças a Deus por estarmos em casa e termos uma cama para dormir e um dia inteiro amanhã pela frente para ser feliz e fazer feliz muita gente. Taciana Valença

terça-feira, 27 de março de 2018

ADRIANA FALA DE... PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS IN-FINITA



Por experiência pessoal, por ideologia, por utopia, por ideal, busquei fazer do meu trabalho, um caminho inverso do que o mercado geralmente pratica. Foram inúmeros eventos que aconteceram com apoios, parcerias e patrocínios, sempre no propósito de promover e divulgar a arte, a obra, o autor, seja na literatura, música, artes plásticas ou demais segmentos, sem receber nada por isso, e se não paguei cachês, todos os envolvidos de forma direta ou indireta tiveram benefícios.

E nesse caminho, abrindo mão de retorno financeiro por meu trabalho, sempre viabilizei os meus projetos. Produtora cultural não vive de vento, e eu não faço parte do seleto grupo que sabe fazer de um artista uma mina de ouro, sem hipocrisia, acredito num outro sentido para a forma de se trabalhar a cultura e a arte, enfim, em paralelo, dedicava meu tempo a outros trabalhos que pagavam as minhas despesas, e com isso, fui adiando alguns projetos e sonhos.

Chegando a Lisboa, não poderia ser diferente. Mas resolvi correr todos os riscos e me dedicar integralmente e exclusivamente ao meu projeto e ao meu sonho, por tantas vezes adiado. Eu e o Emanuel Lomelino pensamos e agimos da mesma forma e, com isso, a nossa parceria e sociedade sempre teve um alicerce sólido e intransponível, no que acreditamos ser justo e acessível para todos.

A In-FINITA é uma prestadora de serviços e produção de eventos, e direcionamos para a área literária e, mesmo que façamos a produção de livros, com o intuito de facilitar a elaboração de uma obra, não temos a disponibilidade financeira e nem os recursos de uma editora, por isso, criamos um projeto diferenciado, para fazer acontecer, contando com o nosso profissionalismo, conhecimento, disposição e dedicação e a compreensão e incentivo dos autores.

Prestamos também serviços para as editoras e somos profissionais o suficiente, para não misturarmos as estações, pois o que é de César é de César, e assim, dormimos tranquilos e seguimos firmes com os nossos princípios éticos.

Tudo isso é para dizer que, embora muitos não compreendam, haja críticas ou desistências, fazemos o que acreditamos, baseados em pesquisa e muitas conversas para adequar custo/benefício, certos de por mais diferente que possa ser, e mesmo que seja preciso muita transpiração e algum tempo, os projetos acontecem, exatamente como queremos e idealizamos, pois é essa a mola propulsora que nos dá energia e força fazendo com que cada desafio seja superado, construindo o nosso espaço na vida daqueles que chegam até nós.

DRIKKA INQUIT

segunda-feira, 26 de março de 2018

DEZ PERGUNTAS A... LUIZ OTÁVIO OLIANI


Agradecemos ao autor LUIZ OTÁVIO OLIANI pela disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Como se define enquanto autor e pessoa?

Enquanto pessoa, um ser simples. Já, enquanto autor,  deixo que meus leitores tirem as conclusões que lhes convier.

2 - O que o inspira?

A vida é a matéria-prima do escritor, por isso tudo pode inspirar, desde uma imagem na rua, a uma palavra, uma história contada por alguém...

3 - Existem tabus na sua escrita? Por quê?

A literatura é o espaço da transgressão, da ruptura. Logo, não há tema que não possa ser abordado, seja em prosa ou poesia. Agora, tudo depende da inteligência do escritor.

4 - Que importância dá às antologias e colectâneas?

Trata-se de livros da maior importância, já que aglutinam autores de diversas plagas, com estilos únicos e formas peculiares de expressão. Tais livros embasam um estudo crítico acerca da produção literária de uma época.

5 - Que impacto têm as redes sociais no seu percurso?

As redes sociais podem servir à popularização de um escritor. No meu caso, o meu Facebook literário tem este propósito: divulgar a literatura que produzo, inserindo-a num contexto global.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?

A comunicação imediata do autor com o leitor é um ponto positivo da escrita, afinal quem escreve deseja ser lido. Agora, quanto aos pontos negativos, há muitos que se atrelam a políticas editoriais de incentivo a best-sellers e autores já consagrados em detrimentos de autores novos. Há, também, uma dificuldade de divulgação das obras frente a uma postura escorchante em livrarias e a falta de um público leitor.

7 - O que acredita ser essencial na divulgação de um autor?

Um escritor tem de ter coragem. Precisa ler, estudar, escrever, reescrever, publicar e divulgar a própria obra.

8 - Quais os projectos para o futuro?

Muitos livros em andamento...

9 - Sugira um autor e um livro!

Cito um livro de poemas da escritora brasileira Alexandra Vieira de Almeida, “A serenidade do zero, São Paulo, Editora Penalux, 2017.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Gostaria de que me fizessem uma pergunta que pudesse ser respondida com um poema.

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domingo, 25 de março de 2018

EU FALO DE... III SARAU POÉTICO



Cansei-me tanto de ouvir autores lamentarem a falta de eventos onde pudessem divulgar as suas criações que, aproveitando o surgimento da IN-FINITA em Portugal, eu e Adriana Mayrinck chegámo-nos à frente e estabelecemos um protocolo com o Palácio Baldaya que consiste na organização de vários eventos literários até ao final deste ano.

No último Sábado organizámos o nosso quarto evento (III Sarau Poético, subordinado ao tema: Mulher) e, mesmo não tendo casa cheia, o espaço da biblioteca Baldaya até estava bem composto de público e de autores que, assim, tiveram oportunidade de dar voz às suas criações (e de outros).

Neste evento tivemos a presença de repetentes mas também de alguns que foram pela primeira vez, para sentir o pulso à organização e desfrutar de um final de manhã onde a palavra foi rainha e uma viola ajudou na festa.

Para aqueles que ainda andam distraídos e continuam a queixar-se pela falta de eventos, deixo aqui uma sugestão: Que tal aparecerem no próximo dia 7 de Abril, às 11 horas, no Palácio Baldaya, trazerem as vossas poesias ou de outros autores e partilharem com os que já são assíduos nos nossos certames! Ah, tragam também exemplares dos vossos livros... temos uma mini-feira em todos os eventos e alguns autores já têm vendido!

Para finalizar este texto e em jeito de homenagem, deixo-vos aqui a lista de autores que estiveram connosco no passado dia 24 de Março:
Alice Vieira; Eugénia Chaveiro; Francisco Luís Silva; Frassino Machado; Isabel Bastos Nunes; José Fernando Delgado Mendonça; Manuel Machado; Maria Antonieta Oliveira; Maria Júlia e Rosa Lapinha.


MANU DIXIT

sábado, 24 de março de 2018

AS CRÓNICAS DA AVÓZITA... DIA DA POESIA



Todos os dias são dias de qualquer coisa, dizem que hoje, dia 21 de Março, é o dia da poesia. Decerto foi, para muitos de nós. Eu, pessoalmente, fui a um encontro de poetas, numa tertúlia que acontece mensalmente, no SCP, mas hoje foi diferente, não estivemos na sala VIP mas sim, na sala do centro de dia, onde idosos, com mais ou menos, problemas físicos, passam os seus dias. Os dias do resto das suas vidas.

Falou-se, declamou-se, ouviu-se fado, contaram-se anedotas, especialmente de alentejanos, e, os aplausos fizeram-se ouvir e sentir. Sim, eu senti o calor humano daqueles que tiveram uma tarde diferente. No seu local habitual, alguém, nós, levou-lhes palavras de conforto, sorrisos de alegria e recordações de antanho, nos fados cantados.

No final, fomos agraciados com Leões de Portugal.

MARIA ANTONIETA OLIVEIRA

sexta-feira, 23 de março de 2018

DEZ PERGUNTAS A... ANAMARIA ALVES


Agradecemos à autora ANAMARIA ALVES a disponibilidade em responder ao nosso questionário

1 - Como se define enquanto autor e pessoa?

Me defino meio louca... Tanto como poetisa quanto como pessoa. Acho que é minha loucura que me faz escrever tanto sobre tudo. Sou poetisa de catarse, escrevo para aliviar as dores, não apenas minhas, mas do mundo ao meu redor, de tudo que vejo.

2 - O que a inspira?

O tudo e o nada me inspiram. O universo como um todo. Tanto um passarinho na árvore quanto uma louca paixão. A vida me inspira, às vezes a morte também, Tudo depende do momento.

3 - Existem tabus na sua escrita? Porquê?

Não existem tabus na minha escrita. Acho que vestir-me de louca nesse sentido ajuda.

4 - Que importância dá às antologias e colectâneas?

Eu me lembro de ter conhecido Auta de Souza em uma Antologia poética, e nunca mais deixei de ler. Olavo Bilac me conquistou ainda criança da mesma forma com o poema "O pássaro cativo". Antologias são maravilhosas! Belas maneiras de conhecermos autores novos. E quem diria que um dia eu seria uma dessas autoras? A vida é mais louca que eu! rs.

5 - Que impacto têm as redes sociais no seu percurso?

As redes sociais são muito importantes. Foi através delas que comecei a divulgar meus poemas e contos. E também conheci tantas pessoas maravilhosas e oportunidades únicas, como participar do Conexões Atlânticas, por exemplo.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?

Infelizmente livros não são valorizados no Brasil. A população foi ensinada a não gostar de ler, para ter menos acesso à informação e até mesmo ignorar a mesma pela incapacidade de interpretar um texto. Veja a taxa de analfabetismo funcional no Brasil. Esse é o ponto negativo. Todos os outros são positivos. Escrever é voar. Ler é procurar nas palavras tesouros preciosos! Tudo é possível no universo da leitura e escrita!

7 - O que acredita ser essencial na divulgação de um autor?

Acredito que bons amigos são importantes em tudo, nisso foram o essencial para mim. Fora isso, acho que boas editoras e uma boa divulgação também contam muito.

8 - Quais os projectos para o futuro?

Falo 4 idiomas atualmente, quero falar ao menos 5, para depois querer 6... É assim que se conquista, um após o outro. Na escrita, desejo escrever e ser lida por quem gostar. Conquistar leitores é abrir universos dentro de pessoas. Isso é lindo!

9 - Sugira um autor e um livro!

Quero sugerir o "Beijos de Marfim" de Ana Paula Sobrinho. Os poemas são verdadeiramente beijos de marfim. Maravilhosos!

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Pergunta: O que é escrita para você?
Resposta: É alcance.

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quinta-feira, 22 de março de 2018

EU FALO DE... DESCULPAS DE SEMPRE



Todos sabemos que a vida é cheia de imponderáveis e surpresas de última hora. E como todos têm consciência desta possibilidade, não raras vezes (para ser simpático e não dizer "demasiadas vezes"), usam-na como desculpa para justificar ausências.

Não é a primeira vez que falo deste tema e, em todas as outras vezes, dei o exemplo de alguém que me pergunta: "Para quando o próximo livro?" e sempre que lanço um (já foram oito) morre-lhe um familiar. Inclusive, já lhe transmiti que estou seriamente a pensar deixar de editar para evitar que fique só neste mundo. Mas essa história já é por demais conhecida e o propósito deste texto é outro.

Recentemente estive no lançamento da obra colectiva VOZES IMPRESSAS, coordenada por Adriana Mayrinck, e pude constatar que na plateia, de mais ou menos 50 pessoas, estavam menos de metade dos autores participantes, mas com uma peculiaridade que não podia deixar de comentar.

Tal como referi na minha intervenção, de apresentação da obra, é muito interessante, e revelador, ver gente que se deslocou, de Tomar, Gaia e Matosinhos, até Lisboa, para interagir com outros autores pouco mais de hora e meia, e regressar, enquanto a maioria, que reside próximo da zona onde o evento foi realizado, fez questão de não aparecer.

Como referi, na introdução deste texto, há sempre imponderáveis e todos estamos sujeitos a imprevistos, mas também não deixa de ser verdade que, excepções à parte, os ausentes foram os mesmos de sempre.

Existem hábitos que dificilmente mudarão, tal como as desculpas para justificar ausências. O tempo nunca é adequado, a hora é sempre imprópria, o local não é o melhor, etc. Quem melhor que os de Tomar, Gaia e Matosinhos para dar razão a essas desculpas!

MANU DIXIT

quarta-feira, 21 de março de 2018

ADRIANA FALA DE... OLHA-ME COMO QUEM CHOVE


Ler Alice Vieira é transportar-se para perto de uma lareira, onde o crepitar das chamas aquece e ao mesmo tempo, se ultrapassarmos um limite, nos queima. É o sentimento à flor da pele, a poesia despida e transparente. O sentir latente e real, quase que transportado para o concreto. É sentir-se confortável no aconchego de uma leitura sempre bem elaborada, bem escrita, onde as palavras mesmo com lirismo ou metáforas, são palpáveis e simples, que acarinham e despertam, envolvem ou simplesmente contam uma história, em cenas cotidianas, tão comuns a todos nós. Mas com a licença dos deuses concedida a  poucos e Alice Viera tem, de preencher todos os espaços das entrelinhas com a sua alma, que carrega a arte, o belo, o sentir em sua total plenitude e intensidade, apesar da racionalidade e observação prática evidente na suas obras.

Mesmo que a atemporalidade esteja bem presente, as perdas ou ausências, emocionam e somos tocados pelo vazio como se aquele instante também fizesse parte da nossa história, mas logo em seguida, mergulhamos nas profundezas de um estado quase letárgico, tão íntimo e profundo, que sua poesia sempre nos conduz, como se a plenitude fosse o lugar de chegada, o abrigo que buscamos toda a nossa existência, como bálsamos para aliviar as jornadas entre as pedras e abismos de nós. E mesmo que a intenção seja sacudir nossos alicerces, retirar o mofo da mesmice e direcionar os sentidos para o que realmente importa no ser, sentir, vivenciar, aquela sensação de bem estar, após a sua leitura, permanece.

É esse estar à beira mar, com gaivotas deslizando na brisa, em total liberdade e sentidos apurados, na calmaria, do ir e vir das ondas em sinfonia permanente que o ler Alice Vieira, conduz, que nos faz transbordar de contentamento ao apreciar a arte das palavras sempre tão bem-vindas. É como aquele colo que nos envolve, o sorriso que afaga, como a mão amiga que conduz, aquele instante que não volta mais e permanece ecoando na lembrança. Ler Alice Vieira é como o entardecer, seja no verão ou no inverno, com suas cores, cheiros e sabores que ficam bailando no ar.

Foi assim que me descobri em seus poemas e os sigo, há mais de dez anos, quase que guardados em um relicário de sensações e emoções identificadas a cada leitura.

E reencontro-os a cada livro lançado. E não podia ser diferente em OLHA-ME COMO QUEM CHOVE. Talvez um livro de memórias, de instantes e vivências, de distâncias e proximidades, de observações e intensidades, de afetos e partidas, de lembranças , de ecos do passado na celebração da vida presente, do pensar no além daqui, como parte do inevitável, mas vivido tão intensamente que permanece nas marcas do lado de dentro, ou simplesmente um livro de amor, com o que não se pode reter em vida. Mas pode se guardar e levar, na alma.

DRIKKA INQUIT