terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

EU FALO DE... POLICROMIA PARA CEGOS


Em outubro de 2012, movido pela curiosidade que a apresentação de um livro me suscitou, acabei por conhecer Jesús Recio Blanco e, desde esse dia temos conversado algumas vezes, via redes sociais, sobretudo de poesia.

Numa dessas conversas, foi-me enviado, um conjunto de textos para análise e respectiva opinião. O conteúdo dos poemas que li e a ideia adjacente ao projecto, que o Jesús Recio Blanco teve a bondade de partilhar comigo, deliciaram-me e manifestei-lhe isso mesmo.

Passado algum tempo (talvez quase dois anos) e depois de ser confrontado com a dificuldade de editar o livro nos moldes que pretendia, Jesús Recio Blanco desafiou-me a contribuir, com textos meus, numa versão distinta do seu projecto inicial. Isto é, em vez de um livro bilingue (português/braille), seria um livro feito a duas vozes, tendo por base temática a cegueira.

Confesso que senti o peso da responsabilidade inerente ao meu envolvimento nesse projecto mas, como sou um homem que gosta de desafios, aceitei na esperança de conseguir estar à altura e corresponder ao que de mim era pretendido.

Com esse propósito e sem afastar-me dos meus hábitos, no que ao processo criativo diz respeito, fiz todo o trabalho de pesquisa, elaboração e construção de textos, limando aqui, eliminando ali, acrescentando acolá e, ao fim de nove meses e duas semanas, achei ter chegado ao resultado esperado e enviei o material para o Jesús Recio Blanco.

O entusiasmo com que reagiu ao que lhe enviei levou-me a sugerir que sujeitássemos a globalidade do trabalho ao crivo analítico de alguém cuja capacidade e conhecimentos poéticos nos garantisse um olhar isento, directo e crítico.

A verdade é que a resposta que obtivemos ultrapassava em muito as nossas melhores expectativas e a força das palavras recebidas, e erros apontados, deu-nos o empurrão que faltava para levarmos adiante o projecto POLICROMIA PARA CEGOS.

Perante a certeza de estarmos com um trabalho que merecia ser editado e, consequentemente, levado ao conhecimento dos leitores, iniciámos todo o processo de elaboração final do livro. Em primeiro lugar decidimos prescindir dos direitos de autor em favor da ACAPO - Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal. Posteriormente, chegámos à conclusão que Alvaro Giesta, não só pela opinião que nos tinha dado sobre o trabalho, mas também, era a pessoa ideal para prefaciar a obra. Nosso primeiro grande acerto. Por sugestão minha, convidámos a Ana Areal para fazer a ilustração para a capa e, de mútuo acordo, achámos que seria boa ideia colocar, na contracapa, um texto seu explicando a imagem concebida. O resultado não poderia ser melhor. Segundo grande acerto.

Depois de tudo decidido restou-nos enviar o material para a editora e esperar pela marcação da sessão de lançamento. Quando chegou a confirmação final de data e local do evento convidei Francisco Valverde Arsénio para ser o apresentador desta obra.

25 de Fevereiro de 2018 acabou por revelar-se um dia agridoce. O que deveria ser um momento de comunhão, partilha e, acima de tudo, festa da poesia, teve o sabor amargo da ausência do elemento génese do projecto (Jesús Recio Blanco) e o imprevisto, a que todos estamos sempre sujeitos, do atraso involuntário do apresentador da obra. Perante a inevitabilidade de, pela primeira vez no meu percurso, ter de iniciar um evento depois da hora marcada, servi-me da capacidade de improviso e depois a coisa encarrilou.

Na mesa ficaram: o editor António Vieira da Silva, a ilustradora da capa Ana Areal - a quem agradeço a disponibilidade de sentar-se ao nosso lado para dar um colorido diferente - e eu, em representação dos autores.

Após as boas-vindas por parte do editor e uma pequena intervenção de Ana Areal, coube-me a tarefa de explicar, a cronologia de todo o processo, tal como relatei neste texto. A minha dissertação permitiu, e ainda bem, que, entretanto, Francisco Valverde Arsénio chegasse, a tempo de falar, aos presentes, e revelar as suas impressões sobre o POLICROMIA PARA CEGOS. Terceiro grande acerto.

Para finalizar a descrição do evento falta fazer referência aos presentes, poucos mas bons, que interagiram de forma a permitir-me dizer que este POLICROMIA PARA CEGOS foi entregue a bons leitores.

MANU DIXIT 

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