sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

EU FALO DE... FALTA DE RESPEITO E SABER ESTAR


Em oito anos, já perdi a conta ao número de eventos literários que assisti. Estive em auditórios, livrarias, bibliotecas, museus, cafés, restaurantes, câmaras municipais, juntas de freguesia, quartel de bombeiros, mercados e até em eventos ao ar livre.

Foram oito anos a ver muitas formas de organização, muitos modelos de moderação, muitos modos de interacção entre autores, editores, promotores, leitores e público em geral.

Estive em eventos de casa cheia e outros com mais gente na mesa de apresentação que na plateia. Estive em eventos com público específico e outros com público de todas as idades.

Já estive em tantos eventos, com tantas características e propósitos, que cheguei a pensar já ter assistido a tudo o que pode acontecer nestes eventos.

Entre os muitos locais, onde se fazem estes eventos com regularidade, estão as inúmeras lojas da Fnac. Quem já esteve numa dessas lojas, sabe que o local disponibilizado para eventos está inserido no espaço de lazer onde existe a cafetaria.

Devido a essa localização, na hora de uma apresentação, enquanto os intervenientes falam da obra, do autor, ou estão a ler algo para a plateia, há sempre um ruído de fundo, da máquina de café ou chávenas e copos a ser pousados no balcão ou nas mesas e, mais incómodo, conversas entre clientes do espaço que, não tendo qualquer interesse no evento, acabam por perturbá-lo com o volume das suas vozes.

Sendo evidente que aquele espaço foi criado para proporcionar momentos de lazer e é de livre acesso, também não deixa de ser verdade que os eventos fazem parte daquilo que o espaço tem para oferecer aos seus clientes. Assim sendo, o comportamento dos utilizadores deveria estar em conformidade com o que lhes é proporcionado, mas não costuma ser assim, bem pelo contrário, nota-se uma tremenda falta de respeito pelo evento, pelos autores e pela plateia.

No entanto, no passado dia 27 de Janeiro, aquando da apresentação do livro O QUE A MINHA CANETA ESCREVEU de Manuel Machado, na loja Fnac de Santa Catarina, no Porto, fui surpreendido por algo que merece ser referido e deve ser objecto de reflexão. Na qualidade de membro da mesa de apresentação, por ser o coordenador da colecção a que pertence a obra supra citada, pude verificar, com espanto, que todos os clientes, sem excepção, que entravam naquele espaço, ao verificarem estar a decorrer um evento literário, agiram com a maior das normalidades, fazendo os pedidos na cafetaria e consumindo os seus lanches, com o cuidado de não perturbar e, muitas vezes, escutando atentamente o desenrolar do evento, numa incrível demonstração de respeito e civismo, bem diferente do que é regra noutros espaços semelhantes.

Observador como sou, não podia deixar passar em branco este episódio e tinha de parabenizar publicamente a Fnac de Santa Catarina e os seus clientes (fi-lo na hora e no local) pelo enorme exemplo de respeito e saber estar. Fosse sempre assim...

MANU DIXIT

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