sábado, 3 de fevereiro de 2018

ADRIANA FALA DE... FALTA DE INTERPRETAÇÃO

Falta de interpretação. Um sintoma crescente nas redes sociais.


Acompanhei o surgimento da internet e das redes sociais quase no final da minha adolescência. Em todo o meu tempo de formação, escolar e de vida, fui orientada a ler e interpretar, sempre. E hoje, deparo-me com tantas situações explícitas em que, com apenas uma leitura mais atenta, tudo é esclarecido, mas as pessoas fazem comentários tão despropositados que me remete ao olhar inquisidor de uma professora nas minhas aulas de português, com sua caneta vermelha ativa, onde éramos cobrados a interpretar textos. (E nem vou comentar outros assuntos, relacionados à mal escrita, que se disseminam nesta era digital). Se fosse a geração que cresceu na era copia e cola, até poderia compreender, embora não aceite, a dificuldade de percepção. Mas ao se tratar de autores, senhores da escrita e pessoas habituadas ao universo literário, fica difícil entender tamanha dificuldade. Só posso creditar esse fato à rapidez em que inserimos a nossa vida e nossos pensamentos nesse tempo digital, onde os segundos passam a toda a velocidade e que as  postagens e respostas devem seguir o mesmo percurso, sem tempo de análise. Demorei a ser adepta desse novo jeito de viver mas por necessidade de manter contato com amigos distantes e depois por ser uma útil ferramenta do meu trabalho, um pouco reticente e resistente a esse fenômeno que nos torna dependentes, e expostos, mesmo que se tenha cuidado em manter a privacidade pessoal, sucumbi a esse apelo da modernidade. Mas ainda caminho entre a cruz e a espada, questionando, observando, analisando e por que não criticando, aqui com os meus botões, essa necessidade cotidiana da humanidade estar conectada ao facebook, instagram e twitter, entre outros, correndo o risco de perder, aquela pessoa próxima que faz aniversário, uma postagem interessante ou evento que passou despercebido. Sou depende por necessidade, e a experiência de ter ficado uma semana inativa me fez sentir um peixe fora d'água e ainda perder alguns contatos, e percebi o quão exigente e mediático é esse nosso espaço virtual. Apesar de continuar em defesa do tempo off line, do café quente, um bom papo e olho no olho, desejo que o tempo siga no seu fluxo e que as pessoas adequem-se a ele, também nessa era instantânea, no mínimo, lendo, interpretando, para depois responder com coerência e assertividade, contribuindo para a continuidade de uma linguagem correta, que só faz enriquecer a nossa tão especial língua portuguesa.

DRIKKA INQUIT

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