quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

AS CRÓNICAS DA AVÓZITA... ANTOLOGIAS E COLECTÂNEAS


Hoje apetece-me escrever sobre um tema que parece fazer confusão a muito boa gente.

Sim, participo em todas as antologias e colectâneas para as quais seja convidada, desde que não me exijam a compra de mais do que um exemplar.

É verdade que já tenho mais do que um livro publicado, de poemas escritos só por mim, porque hei-de então “misturar” aquilo que escrevo, com poemas de outras pessoas que poderão, ou não, escrever como eu?! A resposta é simples, foi assim que comecei, entrando em antologias e colectâneas e dando a conhecer os meus poemas. Também assim, fui lendo outros autores e, com alguns deles, aprendendo.

E depois destas conjecturas, é evidente que continuarei a participar em antologias e colectâneas, mas, ressalvo, desde que não me exijam o pagamento de mais do que um exemplar.

MARIA ANTONIETA OLIVEIRA


terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

EU FALO DE... POLICROMIA PARA CEGOS


Em outubro de 2012, movido pela curiosidade que a apresentação de um livro me suscitou, acabei por conhecer Jesús Recio Blanco e, desde esse dia temos conversado algumas vezes, via redes sociais, sobretudo de poesia.

Numa dessas conversas, foi-me enviado, um conjunto de textos para análise e respectiva opinião. O conteúdo dos poemas que li e a ideia adjacente ao projecto, que o Jesús Recio Blanco teve a bondade de partilhar comigo, deliciaram-me e manifestei-lhe isso mesmo.

Passado algum tempo (talvez quase dois anos) e depois de ser confrontado com a dificuldade de editar o livro nos moldes que pretendia, Jesús Recio Blanco desafiou-me a contribuir, com textos meus, numa versão distinta do seu projecto inicial. Isto é, em vez de um livro bilingue (português/braille), seria um livro feito a duas vozes, tendo por base temática a cegueira.

Confesso que senti o peso da responsabilidade inerente ao meu envolvimento nesse projecto mas, como sou um homem que gosta de desafios, aceitei na esperança de conseguir estar à altura e corresponder ao que de mim era pretendido.

Com esse propósito e sem afastar-me dos meus hábitos, no que ao processo criativo diz respeito, fiz todo o trabalho de pesquisa, elaboração e construção de textos, limando aqui, eliminando ali, acrescentando acolá e, ao fim de nove meses e duas semanas, achei ter chegado ao resultado esperado e enviei o material para o Jesús Recio Blanco.

O entusiasmo com que reagiu ao que lhe enviei levou-me a sugerir que sujeitássemos a globalidade do trabalho ao crivo analítico de alguém cuja capacidade e conhecimentos poéticos nos garantisse um olhar isento, directo e crítico.

A verdade é que a resposta que obtivemos ultrapassava em muito as nossas melhores expectativas e a força das palavras recebidas, e erros apontados, deu-nos o empurrão que faltava para levarmos adiante o projecto POLICROMIA PARA CEGOS.

Perante a certeza de estarmos com um trabalho que merecia ser editado e, consequentemente, levado ao conhecimento dos leitores, iniciámos todo o processo de elaboração final do livro. Em primeiro lugar decidimos prescindir dos direitos de autor em favor da ACAPO - Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal. Posteriormente, chegámos à conclusão que Alvaro Giesta, não só pela opinião que nos tinha dado sobre o trabalho, mas também, era a pessoa ideal para prefaciar a obra. Nosso primeiro grande acerto. Por sugestão minha, convidámos a Ana Areal para fazer a ilustração para a capa e, de mútuo acordo, achámos que seria boa ideia colocar, na contracapa, um texto seu explicando a imagem concebida. O resultado não poderia ser melhor. Segundo grande acerto.

Depois de tudo decidido restou-nos enviar o material para a editora e esperar pela marcação da sessão de lançamento. Quando chegou a confirmação final de data e local do evento convidei Francisco Valverde Arsénio para ser o apresentador desta obra.

25 de Fevereiro de 2018 acabou por revelar-se um dia agridoce. O que deveria ser um momento de comunhão, partilha e, acima de tudo, festa da poesia, teve o sabor amargo da ausência do elemento génese do projecto (Jesús Recio Blanco) e o imprevisto, a que todos estamos sempre sujeitos, do atraso involuntário do apresentador da obra. Perante a inevitabilidade de, pela primeira vez no meu percurso, ter de iniciar um evento depois da hora marcada, servi-me da capacidade de improviso e depois a coisa encarrilou.

Na mesa ficaram: o editor António Vieira da Silva, a ilustradora da capa Ana Areal - a quem agradeço a disponibilidade de sentar-se ao nosso lado para dar um colorido diferente - e eu, em representação dos autores.

Após as boas-vindas por parte do editor e uma pequena intervenção de Ana Areal, coube-me a tarefa de explicar, a cronologia de todo o processo, tal como relatei neste texto. A minha dissertação permitiu, e ainda bem, que, entretanto, Francisco Valverde Arsénio chegasse, a tempo de falar, aos presentes, e revelar as suas impressões sobre o POLICROMIA PARA CEGOS. Terceiro grande acerto.

Para finalizar a descrição do evento falta fazer referência aos presentes, poucos mas bons, que interagiram de forma a permitir-me dizer que este POLICROMIA PARA CEGOS foi entregue a bons leitores.

MANU DIXIT 

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

EU FALO DE... PROPRIEDADE INTELECTUAL


Numa conversa de amigos foi-me perguntado se os autores deixaram de se preocupar com a propriedade intelectual dos seus escritos. A pergunta é pertinente e, numa primeira reacção, o mais lógico seria responder "Não". No entanto, a veracidade dessa resposta não é tão óbvia, como à partida se poderia supor, tendo em conta a profusão de situações, que podemos ver todos os dias, de total e completa ausência de cuidado e bom senso, por parte de muitos autores - para não dizer da maioria.

Como administrador de alguns grupos de Facebook e coordenador de iniciativas literárias, tenho-me deparado com uma onda crescente de despreocupação e desinteresse no que a este tema diz respeito.

Confesso que, em parte e porque sou apologista de que cada um deve tomar conta de si e assumir as consequências dos seus actos, não me preocupa o facto de ver autores publicarem diariamente resmas de textos, uns após os outros, sem critério ou cuidados. Nem me choca a quantidade industrial de textos que muitos enviam para os concursos literários (há quem participe com material suficiente para fazer um livro).

Não sou adepto dessa forma de divulgação e auto promoção mas compreendo que haja quem necessite, como pão para a boca, de estar constantemente a atirar-se para os focos de luz para conseguir visibilidade, se é que esses focos de luz e visibilidade existem.

Não me preocupo com este género de comportamentos mas estranho que quem assim actua não se aperceba dos riscos que corre.

À primeira vista, pode parecer que nenhum dos exemplos referidos se enquadra na questão da propriedade intelectual, contudo, essa ligação existe porque a quase totalidade dos textos não estão registados e facilmente podem ser objecto de usurpação por terceiros.

É evidente que a publicação desenfreada nas redes sociais é mais propícia a este tipo de consequências mas não correm menos riscos se o fizerem noutras situações.

Mas esta problemática não se esgota nos casos acima citados. Mais grave ainda, e sintomático do desleixo dos autores em relação à propriedade intelectual, é a ausência de preocupação em cobrar junto das editoras os valores resultantes dos direitos de autor. Muitos queixam-se mas poucos, ou quase nenhuns, tomam medidas. Medidas essas que devem sempre começar na hora de assinar contratos. Medidas essas que passam por exigir esse pagamento, nem que seja um valor residual.

À pergunta - Os autores deixaram de se preocupar com a propriedade intelectual? - a resposta mais óbvia seria "Não" mas a verdadeira resposta deveria ser "Sim". Cada vez mais, chego à conclusão que os autores estão demasiado ocupados, em permanecer sob os focos da falsa visibilidade, para se preocuparem com os aspectos mais relevantes da sua condição de autores.

Mas, como disse anteriormente, cada um deve tomar conta de si e assumir as consequências dos seus actos.


MANU DIXIT

domingo, 25 de fevereiro de 2018

ADRIANA FALA DE... POLICROMIA PARA CEGOS

O tempo. A vida. A invisualidade. A poesia. A imortalidade. E tudo o que envolve e está inserido nesses elementos, o livro POLICROMIA PARA CEGOS traz em todo o contexto da obra e além das entrelinhas. Um trabalho bem elaborado e lapidado por quatro mãos. As mãos que direcionam as palavras que bailam na não visão, mas que fazem ecos no sentir. A percepção dos poetas que atrevem-se a vivenciar experiências que não lhe são comuns para despertar a atenção para aqueles que nos rodeiam e diferem por estarem em paralelo e, ao mesmo tempo, em um mundo íntimo e desconhecido para nós, que temos um sentido a mais.

A liberdade de expressar o que supostamente é percebido de um modo diferente, em forma de poesia, com palavras utilizadas em completude e sintonia por dois poetas que fizeram da arte da escrita, e de vivências distintas, uma pequena e significativa obra que enternece e alimenta a alma, a cada página virada. O lirismo que escorre por entre as linhas e por nossos olhos úmidos, ao depararmos com a harmonia e a leveza poética de um estado não comum em nosso pensar. Perceber o outro, a vida e os seus significados além do que se vê. Entrar em um mundo tão particular, se deixar ficar, explorar e vivenciar sem pré-conceitos ou resistências.

Jesús Recio Blanco e Emanuel Lomelino mergulharam a fundo nessa escuridão que antevê a luz, a sensibilidade do olhar para o que não se vê, o tempo de construção poética, a arte intrínseca no mundo que se faz descoberto sem a experimentação, a percepção do sentido do outro, com suas vivências, dificuldades, agonias e libertação, a essência individual na análise cotidiana e a visão de quem está do lado de fora olhando para o não comum, convida o leitor a apurar os sentidos e desnudar-se do habitual.

POLICROMIA PARA CEGOS fala do tempo com ou sem limitações, fala da vida interior, do seu transbordar e da lição que ela nos traz, fala dos invisuais e de suas percepções, fala da imagem de uma escuridão iluminada, das experiências do outro que se faz oculto por um limite imposto, da imensidão do sentir dos poetas, da solidariedade e atenção, fala das diferenças. Fala da arte das palavras, desde a imagem da capa, ao pulsar inerente de cada poema, que transforma o instante da leitura em um fio condutor para o despertar da imortalidade, de uma outra visão, a interior, que ultrapassa a última página.

DRIKKA INQUIT

sábado, 24 de fevereiro de 2018

FALA AÍ BRASIL... CRISTINA LEBRE (V)

VÍRGULAS, ACENTOS, PONTOS: CADA QUAL EM SEU LUGAR!

Há tempos penso em montar esta página, não somente para divulgar meu trabalho como revisora como também, e essencialmente, para chamar a atenção das pessoas sobre o o uso do nosso Português na linguagem escrita. É impressionante a quantidade de erros cometidos pelo brasileiro em geral, independentemente da escolaridade, região em que nasceu ou do segmento social a que pertence. Como revisora há mais de duas décadas, sofro diariamente ao testemunhar o assassinato, com requintes de crueldade, cometido pela população contra a nossa amada língua.
Vírgulas, pontos e crases são, literalmente, execrados em vários textos que se lê por aí. Um exemplo clássico é o "perdão, impossível atender agora", quando muita gente troca a vírgula e muda todo o sentido da frase, passando a ser "perdão impossível, atender agora." Não raros também são aqueles parecem nunca ter ouvido falar em vírgula, matando o leitor de falta de ar.
Pontos nem sempre são bem utilizados. Vejo muita gente dividir uma frase com ponto, quando deveria pontuá-la com vírgula. Exemplo: "Serei escolhido para ocupar o cargo. A não ser que eles prefiram uma mulher." Não, gente, por favor, não é assim, não se começa uma oração com a locução "a não ser que". Na verdade a frase não acabou, ela continua, é preciso apenas colocar uma vírgula para poder respirar. Ou então "Estudei muito hoje. Ficando com a vista doendo." NÃÃÃOOOOO!!!! Do mesmo modo, a frase não acabou, só requer uma pausa, ou seja, uma vírgula! Sem falar no quanto é TENEBROSO começar uma sentença com gerúndio. Gerúndio é feio, pessoal, até no meio, que dirá no início de uma frase!
E a crase? Ai, essa parece ser o monstro mais horrível da Língua Portuguesa!!! As pessoas colocam crase onde não tem e não a colocam onde tem. É um verdadeiro martírio revisar um texto de alguém que ama - mas não entende nada de - uma crase. "Obrigado à todos" não existe! Um "a" craseado é a flexão do artigo com a preposição. A regra é simples: em – quase - todos os casos, basta você converter o "a" para o masculino e ver se ele vai se tornar um "ao". Como em "vou à médica", se for para o masculino vira "vou ao médico." Se não vira "ao" no masculino quer dizer que NÃO TEM CRASE!!!!!
Quase perco o controle quando o assunto é o Português e a obediência à (com crase) norma culta na linguagem escrita. Por isso mesmo não vou me alongar mais. Não sou melhor nem pior do que ninguém, apenas uma profissional da área. E, como tal, tenho acessos de inconformismo com a deficiência da maior parte dos 200 milhões de brasileiros quando vão escrever um texto, seja ele a mão (sem crase) ou no computador. Sei que o problema vem da educação de base. E que uma das maiores carências que se apresentam é a de leitura. Por isso vamos ler, pessoal. Se não largam o celular leiam nele mesmo, não somente posts dos amigos, mas literatura também. Faz bem ao cérebro e à cultura. A língua portuguesa agradece. Abraço fraterno a todos!

Cristina Lebre
Jornalista, escritora, revisora de textos acadêmicos e livros, apresentadora de eventos e secretária executiva. Cristina Lebre é autora dos livros "Olhos de Lince" e "Marca D'Água", à venda nas livrarias Gutemberg de Icaraí e São Gonçalo - ou diretamente pelo e-mail lebre.cristina@gmail.com


sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

DEZ PERGUNTAS A... JACKMICHEL



1 - Como se define enquanto autor e pessoa?

Como autora, JackMichel sic et simpliciter; como pessoa, uma centelha brilhante oriunda do criador do grande Universo cujos fluídos benéficos emanam através do sol, das estrelas e da lua.

2 - O que o inspira?

Palavras do tipo: “Oh, bendito o que semeia livros a mão cheia e manda o povo pensar! O livro, caindo na alma, é germe que faz a palma, é chuva que faz o mar!” (Castro Alves, O Poeta dos Escravos) e "Os livros não matam a fome, não suprimem a miséria, não acabam com as desigualdades e com as injustiças do mundo, mas consolam as almas, e fazem nos sonhar." (Olavo Bilac, o Príncipe dos Poetas Brasileiros).

3 - Existem tabus na sua escrita? Porquê?

Absolutamente. A minha obra extensa e multifária, meio de liberdade de expressão, é destinada ao público em geral porquanto não cultue nenhuma espécie de prenoção a etnias, não adote tradições e nem faça uso de uniformidades culturais que possam ditar comportamentos ou dogmas e credos.

4 - Que importância dá às antologias e colectâneas?

Tendo tomado parte nas antologias/coletâneas internacionais bilíngues Amor & Amore (Edizioni Mandala), Os Melhores Poemas de 2016 (ZL Editora), Faz de Conto II (Helvetia Edições), 1ª Antologia Cultive (Fast Livro), III Antologia Mulheres Pela Paz 2017 Edição Especial - Fénix, Antologia de Poesia Brasileira Contemporânea Além da Terra Além do Mar (Chiado Editora), A Vida Em Poesia II (Helvetia Edições), Antologia Sem Fronteiras pelo Mundo... Vol.3 (Editora Rede Sem Fronteiras), acho que são uma opção excelente para quem quer publicar um texto que está guardado na gaveta.

5 - Que impacto têm as redes sociais no seu percurso?

Enquanto meio de difusão de informações estas plataformas digitais de cunho informativo, jornalístico ou de entretenimento, beneficiam-me no que concerne a ser suporte de propaganda e veiculação de imagens, prestando serviço de “culturalização” que dissemina a literatura contemporânea nos tempos de tecnologia da mídia. Mas sou uma escritora moderna muito voltada aos ecos do passado, id est, pertenço à geração que rascunha no próprio personal computer e por vezes datilografo na máquina de escrever; vivo a popularização da internet, do e-mail, da globalização e do mapeamento do genoma humano, porém meus livros de ficção histórica focam casos que outrora ganharam as manchetes dos jornais e hoje jazem esquecidos. Sou de opinião que é relevante caminhar para frente sem detrimento do que passou, já que o novo existe porque o velho o construiu.

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?

O lado positivo é, sem dúvida, a divulgação autoral; e o negativo é o de alcançar milhares de leitores que pensam de maneira diferente: o escritor tem responsabilidade social com aquilo que produz e influencia os meios de comunicação global com o que escreve, com o que fala, com o que faz. Carlos Marighella era poeta e chegou a ser considerado o inimigo "número um" da ditadura militar no Brasil; Alessandro Pavolini, autor do inolvidável Scomparsa d’Angela, foi pendurado de cabeça para baixo na Piazzale Loreto; Pagu, escritora e jornalista, tornou-se a primeira mulher a ser presa por motivos políticos em nosso país. Eles levaram seus pensamentos para fora das páginas dos livros.

7 - O que acredita ser essencial na divulgação de um autor?

Expor sua obra em todos os meios comunicacionais disponíveis. A propósito, deixo ao amável público leitor os links de minhas redes sociais/vídeos:
Google+: https://plus.google.com/112246483579431089961

JackMichel "A Escritora 2 em 1" Promo Video
JackMichel "A Escritora 2 em 1" Iº Lugar no II Festival de Poesia de Lisboa - Promo Vídeo
JackMichel Books - Promo Vídeo
Booktrailer Arco-Jesus-Íris – JackMichel
Spot Televisivo LSD Lua – JackMichel
Spot Televisivo 1 Anjo MacDermot JackMichel
Spot Televisivo Sorvete De Pizza Mentolado X Torpedo Tomate - JackMichel
Spot Televisivo Ovo – JackMichel
Book Trailer Oficial da obra Papatiparapapá
Spot Televisivo da obra Sixties – JackMichel
Spot Televisivo da obra Tim, O Menino do Mundo de Lata JackMichel

8 - Quais os projectos para o futuro?

Ter meus livros traduzidos para outros idiomas e vê-los reproduzidos nas telonas do mundo inteiro. As adaptações de livros para o cinema são um insight se o livro escolhido for fantástico. Na verdade todas as expressões de arte estão muito próximas umas das outras e não é a toa que as musas da dança, da música, da tragédia e da comédia viviam juntas no monte Olimpo, segundo a mitologia grega. Com a escrita e o cinema não é diferente. Alguns dos mais afamados cineastas conheceram seus triunfos servindo-se do conteúdo de obras literárias. Para ilustrar a questão cito o icônico Rosemary’s Baby, um romance de Ira Levin publicado em 1967, que teve roteiro escrito pelo seu diretor Roman Polanskyi e é considerado um clássico dos filmes de terror da década de 1960.

9 - Sugira um autor e um livro!

Alessandro Pavolini e seu inolvidável Scomparsa d’Angela.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Se me perguntassem “O que acha da Guernica de Picasso” eu responderia “É a tua!”.


                                                   

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

ADRIANA FALA DE... CABEÇA DE ANTÍGONA EM LISBOA


A poesia que sai do fundo das entranhas, rasgando e tomando conta de todos os espaços, pura, crua, dura e intensa, como tudo que vem ao mundo para fazer a diferença, é assim que nos encontramos com mais essa preciosidade vinda da Patrícia Porto. As palavras bem elaboradas que brotam da alma da autora, com cheiro de terra molhada, às vezes com ventos fortes, são a representatividade de uma vida de luta renhida, incansável, poética que a autora expõe a coração aberto e por muitas vezes, sangrando, nas páginas de CABEÇA DE ANTÍGONA. Um livro tão bem cuidado, desde a capa até a última palavra, que dá vontade de deixá-lo voando no vento, espalhado ao alcance de todos, para que mãos, corações e almas sintam-se acarinhadas pela arte da escrita.

E no que está ao meu alcance, tenho feito esse movimento, como assessora literária da autora, tento espalhar alguns poemas de CABEÇA DE ANTÍGONA, nos  saraus promovidos pela In-Finita em Parceria com o Palácio Baldaya em Lisboa, um projeto para dar voz aos poetas, divulgar e conectar Brasil e Portugal e atrair leitores. Os poemas ora lidos por mim, com sotaque brasileiro, ou com sotaque luso, lidos por Emanuel Lomelino, sempre causam alguma reação. E são essas reações tão positivas por parte daqueles que nos acolhem, que sei que estamos no caminho certo. CABEÇA DE ANTÍGONA, está em Lisboa, encontra-se acessível a todos que frequentam a Biblioteca do Palácio Baldaya, faz parte da feira literária que acontece nos eventos IN-FINITA/PALÁCIO BALDAYA, em dois sábados por mês. Faz parte do TOCA E ESCREVER, com 12 poemas circulando nas redes sociais por 4 meses a partir de março, com link direcionado à autora, e segue com outras ações em breve divulgadas.

Patrícia é essa mola propulsora que de imediato enviou os livros para divulgação em Lisboa e abraçou o projeto com a força da mulher nodestina, que lhe é característica, o talento nato que transporta para seus livros, resenhas, crônicas e poemas, sempre divulgados na páginas do facebook e blogue LITERAMARGENS e a habilidade profissional e pessoal adquiridos nos anos de vivências cariocas. Demos as mãos e seguimos o caminho dos nossos ideais e desejos de fomentar a literatura e através dela educar, despertar, conectar e divulgar. Fazemos o nosso melhor, acreditamos nesse contributo necessário, pequeno mas significativo, para que, de forma continuada, esse nosso ir e vir agregue mais e mais autores e leitores junto a nós.

DRIKKA INQUIT

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

EU FALO DE... PARCERIA IN-FINITA/PALÁCIO BALDAYA


A experiência diz-me que os primeiros passos de qualquer projecto são sempre os mais difíceis. Mas felizmente existem momentos de excepção que nos enchem a alma e levam a acreditar nas escolhas e caminhos que fazemos. É o caso da recente parceria IN-FINITA/PALÁCIO BALDAYA.

Após o sucesso do primeiro evento, e boa impressão que deixámos junto dos responsáveis do Palácio Baldaya, fomos convidados para organizar o II Sarau, integrado nas festividades de inauguração da Biblioteca. Aceitámos e o resultado foi mais que satisfatório. Para além da adesão de autores (alguns repetentes) desta vez tivemos uma interessante afluência de público que, no final, nos veio agradecer pelos belos momentos de poesia.

Para nós não poderia existir maior elogio, tendo em consideração que o nosso objectivo é criar uma maior interacção entre os diversos agentes do universo da escrita e público. E isso foi plenamente conseguido neste segundo evento.

Mas o sucesso não é apenas da IN-FINITA. É também de todos os autores que têm contribuído com as suas participações. É por eles que temos estado a trabalhar e vamos prosseguir a nossa empreitada, mantendo o foco naquilo que achamos ser essencial deixando, simultâneamente, a nossa marca enquanto prestadores de serviços.

Apesar de ainda estarmos a viver a "ressaca" do recente êxito, já estamos a trabalhar nos certames futuros (o próximo é já no dia 10 de Março), com a esperança de, pelo menos, conseguirmos manter o nível de qualidade dos dois primeiros eventos.


MANU DIXIT

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

ADRIANA APRESENTA... MARIA LEÃO


Maria Leão é daquelas pessoas que te abraçam com alma e te aconchegam como um chá quente, perto de uma lareira, em dias de inverno. E nos contagia com uma alegria de férias de verão. Ouvir suas histórias, de vida e como escritora, é daqueles momentos que temos a certeza de que podemos até ir por outros caminhos, mas a sensação de ser embalada  nos faz permanecer parados naquele momento, onde quer que estejamos. Uma pessoa querida e admirável, que conquista amigos, hóspedes e leitores com o seu jeito determinado e gentil. Deixou a agitação do Rio de Janeiro, subiu a serra, e montou o Hostel A CASA AZUL, um recanto encantador para visitar e voltar inúmeras vezes, em Teresópolis, cidade onde nasceu. Entrega-se a diversas atividades ambientalistas, administrativas, literárias e criativas.  Estudou arquitetura e roteiro cinematográfico, é autora de peças teatrais como "Contrária: do vulto das mulheres selvagens" e "Jabuticaba". Morangos Selvagens é seu primeiro romance, publicado pela chiado.

Deixo aqui alguns atalhos para o encontro dessa pessoa, que só nos deixa boas lembranças.


Sinopse
A casa rústica de toras de madeira e pedra se revela imponente como se fosse ali, naquela paisagem híbrida, o único lugar possível para ela existir. Contornada por extensos pomares, tendo neles plantados, ao longo, arbustos da duchesnea indica, da família das rosaceae, com finos caules cuidadosamente entrelaçados nas estruturas de madeira que formam corredores com folhagem verde-relva e flores amarelas. É engenharia simples, pensada para proporcionar um artifício belo e simbiótico, justificada por permitir que a colheita de sua cultura, seus pequenos frutos, vermelhos, seja feita por uma pessoa em pé, sem provocar nenhuma lesão ao corpo ou estafa. É tecnologia limpa. Não das compradas por trinta e seis parcelas e com garantias para as massas, mas a do tipo planejada para aquele lugar por alguém que tem domínio do que é fundamental para o conforto, usando o que é possível do que se tem.


Divulgando:

Gabriel SANTAMARIA ENTREVISTA A ESCRITORA MARIA LEÃO


Visite: A CASA AZUL HOSTEL



segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

DEZ PERGUNTAS A... VÍTOR COSTEIRA

Agradecemos ao autor pela disponibilidade em responder às nossas questões

1 - Como se define enquanto autor e pessoa?

Penso que o Autor e a pessoa, no meu caso, se confundem um pouco. Somos um só. Apenas a roupagem se altera, pois a pessoa é mais do que o Autor, uma vez que se entrega à Família, a Amigos, a funções, tarefas e a actividades diversas, para além de se entregar ao próprio Autor. De qualquer das formas, o fio condutor entre os dois está na forma como entende o mundo onde se insere. Sou um observador e um captador de sensações. Tal como com a fotografia, eu retenho a memória dos momentos dos outros e dos meus. Depois, passarei para uma escrita feita de Poesia ou Prosa... ou não.
Sou defensor de tudo quanto possa unir as pessoas, acreditando que é a diversidade que embeleza a unidade! Somos parte de um todo perfeito, daí sermos não-perfeitos, pois somos apenas parte.

2 - O que o inspira?

O Amor, a Amizade, a dor, a felicidade, os outros, os outros, os outros, sempre aprendendo com os outros, permitem-me um vasto manancial de inspiração! Assim como também a Natureza, pois ela é o suporte vital para toda esta compreensão de um todo, que me leva a inspirar nela mesma e no meu papel tão reduzido, mas tão importante!

3 - Existem tabus na sua escrita? Porquê?

Não chamaria “tabus”, mas não me vejo a escrever poesia sobre emoções, sentimentos passionais e mesmo erotismo, como se estivesse escrevendo um manual de instruções para reparar um electrodoméstico. Não sinto necessidade de descrever um acto literalmente. Tabus? Não, não sinto que tenha.

4 - Que importância dá às antologias e colectâneas?

Tal como existem, na maior parte das que eu conheço, honestamente, não me atraem as antologias e/ou colectâneas. Acredito que estes livros sejam importantes para muitas pessoas, pela possibilidade de verem a sua escrita em papel que todos possam ler de outra forma e pela circunstância de estarem lado a lado com alguns poetas e poetisas de quem são admiradores. Em termos literários, para um autor que escreva com objectivos mais vastos, creio que estas obras não dirão muito, mas não deixarão de ser uma ferramenta de divulgação do que fazem possibilitando sempre o encontro latente com outras mentes e outros estilos e géneros literários. Acredito que, na maior parte dos casos, estas compilações se abram apenas nas páginas dos que as adquiriram, por eles, pelos seus familiares e pelos amigos. Há uma certa falta de cultura literária que grassa pelo público em geral, mas também pelos próprios autores.

5 - Que impacto têm as redes sociais no seu percurso?

No meu caso, as redes sociais terão sempre que ser lembradas como o primeiro veículo de divulgação do que eu escrevia. Sempre tive uma aversão às redes sociais, mas acredito que tal acontecesse por deficiente informação da minha parte. Eu iniciei o meu percurso nas redes sociais no Google+, como forma de expor imagem digital, de que sou forte adepto e autor também, para além de um outro passatempo, a fotografia. Mais tarde, comecei a ilustrar as imagens com pequenas frases que ia escrevendo... era já o bichinho da escrita que me ia desassossegando e convidando a mostrar o que eu já fazia há muitos anos, mas que a ninguém mostrava. Entretanto, uma boa amiga desafiou-me a mudar de ares e eu, finalmente, aceitei o desafio e passei a publicar no Facebook e ainda em outras plataformas digitais. Tudo mudou! Fui bem recebido. Os meus poemas passaram a ser lidos e ansiados por leitores que, alguns deles, me acompanham desde o primeiro instante. Para terminar este ponto, devo acrescentar que aqui cheguei apenas há cerca de dois anos sem nenhuma obra publicada. Neste momento, são já três livros de poesia e... o futuro mais dirá!

6 - Quais os pontos positivos e negativos do universo da escrita?

Não consigo olhar para o universo da escrita e entendê-lo de forma diferente do universo social em que circulamos como indivíduos reais. Quem escreve são pessoas reais, são aqueles que encontraremos em espaços sociais e também em redes sociais. Aquilo que de bom e de menos bom acontece, no dia-a-dia das pessoas, também acontece no mundo da escrita. Somos todos nós, autores e leitores, quem teremos que destrinçar o que queremos ou não queremos, optando por aquilo que entendermos ser o melhor para nós e para a forma de entender os outros e o mundo em que acreditamos!

7 - O que acredita ser essencial na divulgação de um autor?

Em primeiro lugar, entendo que o autor não deve desligar-se da sua própria divulgação, da sua alavancagem! Diria mesmo que, ele, Autor, é a peça-chave desse dar-se a conhecer aos potenciais leitores! Publicar algo, seja em que editora for, e esperar que o céu mude de cor apenas para ele... resulta no maior erro da sua “carreira” literária!
Depois, a própria editora não deve abster-se de apoiar a obra e o autor! Não estou a par do que pode ou não fazer-se, mas sei que uma obra que não se veja, de que não se fale, é obra morta e autor reduzido a cinzas! Resumindo, acredito que tudo resulte bem, se houver uma interacção saudável entre editora e Autor!

8 - Quais os projectos para o futuro?

Como ser humano, continuar o meu crescimento! Estudar, entender o que me cerca, respeitar a Natureza e os outros parceiros de caminhada e tentar ser feliz, nos momentos que assim o puder ser!
Como autor, ser o prolongamento da pessoa que cada vez mais quer ser melhor, crescer muito e chegar onde o meu sonho nem arrisca sonhar!
Iniciei a caminhada com a Poesia, mas os contos sempre aqui estiveram e ansiosos continuam espreitando!

9 - Sugira um autor e um livro!

É uma crueldade sugerir um autor apenas e um livro apenas! A literatura é uma vastidão de obras e autores acima de acima! Sinto-me redutor e injusto, ao mesmo tempo! Mas seria de todo fastidioso e impossível elaborar uma lista deles que continuaria a ser redutora e injusta!
Assim, aqui vai! De idioma estrangeiro, Gabriel Garcia Marquez e o seu “Cem anos de solidão”. De idioma português, José Saramago e o “Memorial do Convento”.

10 - Qual a pergunta que gostaria que lhe fizessem? E como responderia?

Pergunta: “O que o impulsiona a escrever?”
Resposta: Uma necessidade urgente em me ver do lado de fora de mim mesmo! Um saber entender-me melhor! Uma carência afectiva de mim para mim, que me permita gostar de quem sou!