sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

FALA AÍ BRASIL... JOÃO AYRES (XVI)

Tagédia número 9
É hora de darmos nomes aos bois. O pai da adúltera que foi morta por envenamento chamar-se-á Armando. O marido da adúltera em questão chamar-se-á Matias e a adúltera em questão chamar-se-á Aparecida, filha do senhor Armando.
O amante ou o comedor de mulheres casadas chamar-se-á Freitas.
Bem, Armando o pai da adúltera nunca se conformou com a morte da tal filha. Ele está agora com um revólver nas mãos.
Ele que fez um curso de tiro com profissionais de alto gabarito com o intuito único de acabar com a vida de Matias.
Armando que ficou viúvo precocemente quer acabar com a vida de Matias.
Armando que sempre desprezou Matias devido ao fato de que este tinha origem humilde. Armando que sabia de alguns deslizes da filha, mas que se negava a discutir isso com quem quer que fosse.
Armando e o tal 38 nas mãos. Ele e a lembrança da filha todas as manhãs naquela caneca com os dizeres – LOVE YOU DAD.
Ele a esbarrar com o rosto de Matias espelhado naquele café amargo todas as manhãs. Ele em quem mata, mata alguém em algum lugar e por algum motivo.

Ele tomado pela palavra vingança. Ele que sabe muito bem que vingança deriva do latim vindicare, relacionado entre outras coisas ao movimento de desforra.


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