domingo, 14 de janeiro de 2018

EU FALO DE... CONCEITOS DE POESIA


A questão sobre o que é ou o que pode e deve ser considerado poesia, nunca será consensual porquanto a generalidade das definições estão umbilicalmente ligadas aos conceitos próprios criados por diferentes tendências e correntes. No entanto, e se cada um de nós pensar pela sua cabeça tentando, dentro do possível, eliminar essas influências, facilmente se chega à conclusão que a poesia existe sob várias formas, fórmulas, estilos e modelos.

A negação de poesia por qualquer razão meramente estética é simplesmente a negação da existência de correntes literárias que, convenhamos, devem reger-se pelas suas especificidades mas nunca com carácter elitista.

Apesar de compreender essa vertente defensora da conexão arte-poesia em que quase se exige a falta de compreensão dos leitores sobre a matéria escrita para a considerar poesia legítima, não deixa de ser verdade que ela não é moderna pela simples razão que sempre existiu poesia hermética.

Para mim o grande ponto de desencontro está no que atrás mencionei sobre a falta de consenso na hora de definir os critérios válidos para se poder chamar poesia a um texto. Na minha ideia e inerentes conceitos, não existe nada mais democrático que a poesia. A poesia é tão democrática que não olha a estrato social, a faixa etária, a raça, a credo ou cor política. Ela, que já foi elitista nas eras medievais, deixou de o ser com o passar dos séculos e com a crescente alfabetização, que aliás está na génese do nascimento das tais correntes literárias que teimam em chamar a si mesmas a autoridade para definir o que pode ser considerado poesia.

Quanto à questão da arte... sempre acreditei que a arte maior está na capacidade de saber usar o simples em detrimento do complexo. Para os religiosos (que não sou) a grande obra de arte de Deus foi ter criado o homem. E, convenhamos, o que poderia ser mais simples que um ser despojado de tudo? Apenas e só um corpo nu.

Na arte em geral e na poesia em particular, acho que o mais belo é o simples, o mesmo é dizer; a poesia nua. No entanto, e aqui é que reside a diferença entre o que eu penso e o que pensam as "autoridades", creio que a poesia é demasiado abrangente para se poder catalogar definitivamente o que pode e deve ser considerado poesia. Aos meus olhos, seja poesia simples ou hermética, apologista de regras ou neo-romantismo, etc, todos têm o direito de se verem englobados no conceito maior de poesia. Tudo o resto serão sempre atribuições influenciadas pelas correntes a que as "autoridades" estão confinadas.

MANU DIXIT 

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  2. Talvez a poesia seja, afinal, a festa suprema da palavra - e quem ordena os gestos imprevisíveis esboçados por cada sílaba?

    ResponderEliminar

Toca a falar disso