sábado, 27 de janeiro de 2018

ADRIANA FALA DE... PÓS-VERDADE


Nesse tempo de pós-verdade, um conceito que não apenas se restringe a assuntos relacionados, mas que também mistura-se no cotidiano de todos nós, incentivado pelos espaços virtuais que abrem caminho para a exposição de opiniões e crenças pessoais criando um palco sem limites para todos os tipos de comentários. O limiar tênue entre a razão, a coerência, o ego, a auto promoção e a vaidade misturam-se com o fato em si, e em um bailado interessante, às vezes até cômico, e deveras preocupante, pessoas falam e fazem o que querem, invadindo sem respeito a opinião ou atitude alheia, sem ao menos aprofundarem-se no assunto, ou no mínimo, a sensatez para ler o que está escrito. As emoções exacerbadas, acredito que por frustrações ou necessidade de se fazer aparecer, leva pessoas que nas imagens divulgadas, com livros e prêmios, parecem mais um ser desesperado por se fazer notar, com comentários despropositados e totalmente descabidos. Observo de perto e também com uma certa distância essa atuação com uma sensação de que algo não faz sentido, e que a literatura e tudo o que a ela se relaciona, deveria ser tratada com uma certa reverência, postura e profissionalismo. E como faço parte desse universo da escrita, e como profissional, analiso o mercado, perfis e condutas de autores e editoras, muitas perguntas sem respostas habitam meus pensamentos, nesse espetáculo em que o que é certo ou errado, sensato ou inconsistente, foge totalmente das regras que se imagina de atuação profissional. E com isso, fico a refletir, sobre como caminha a humanidade, com as novas gerações habituadas a essas cenas de hipocrisia e pós verdade, onde cada um, de acordo com suas emoções tenta ocupar espaços, seja ao custo que for. Como sempre defendi que roupa suja se lava em casa e que determinados assuntos se discute entre quatro paredes, fico perplexa ao amanhecer vendo uma senhora para lá da meia idade, lavando roupa suja no facebook, e o que é pior, contra ela mesma, tentando contaminar quem estivesse por perto e denegrir o trabalho alheio,  pois como não a conheço, foi a impressão que tive. E lamento mais ainda, pois se diz autora premiada, com vários livros e participações, e tive o desprazer de saber da sua existência não pelas obras que espero que sejam um contributo para cultura, no qual perdi totalmente o interesse de ler, mas sim, por não saber utilizar uma rede social para seu benefício, pois se existe a possibilidade do privado, é nítido que o tumulto que a senhora quis provocar, é uma mera tentativa de se auto promover, da pior forma. O mercado está cheio de lobos com pele de ovelha, de camuflagens e máscaras, de sorrisos e facas, como sempre foi, mas que hoje, é disseminado incontrolavelmente pela vitrine que invade nosso dia a dia e que, se não nos distanciarmos, e apurarmos os fatos com cautela e uma percepção lógica e justa, vamos sempre confundir gato por lebre.


DRIKKA INQUIT

Sem comentários:

Enviar um comentário

Toca a falar disso