COR
DO CHÁ
Quando
vagueamos inferno as vozes solidárias ofuscam toda a força negativa com um
suspiro no olhar. Há uma complexidade dentro de mim: o anjo passeia nas ruas do
meu quarto. Traz consigo umas calças de ganga atada ao vento que se arrasta nas
folhas caídas. Todos escutam a voz do céu, elevam os braços para que as côdeas
maiores que o bolo de arroz, beijem os beiços famintos ao anoitecer.
Tenho
saudades do prego no pão, e o cheiro a maresia que abarcava o quintal da
infância. Não me arrependo das coisas fúteis; elas alimentam o coração ferido.
Como
a dor da perda se esvai no esgoto dos olhos, a felicidade esbarra na quantidade
de sonhos ofuscados na cor do níquel. Brinco com os talheres que secam na
brevidade da fome onde as flores invisíveis arrastam o seu odor nas chávenas. A
cor do chá é negra e os olhos do meu cão azuis, no reflexo da parede.
Breve
biografia
M.P.Bonde
nasceu a 12 de Janeiro de 1980 em Maputo. Foi membro do projecto (JOAC) e do
colectivo Arrabenta Xithokozelo. Em 2017 lançou a sua primeira obra literária
“Ensaios Poéticos” pela Cavalo do Mar.
Vencedor da 1.ª
edição do Prémio Literário Fernando Leite Couto.
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