sábado, 14 de outubro de 2017

EU FALO DE... A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA



Por ocasião da etapa de Lisboa do recente IV Encontro de Poetas de Língua Portuguesa, apresentei-me ao poeta brasileiro Luiz Otávio Oliani, cuja obra não me é, de todo, desconhecida, e até se engloba nos padrões daquilo que considero poesia com cabeça tronco e membros. A troca de palavras, que mantive com o autor, apesar de curta, permitiu-me conhecer um pouco quem está por detrás dos versos e, como gentileza gera gentileza, fui brindado com o seu livro A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA, e foi a minha leitura deste livro que despoletou a necessidade de escrever este texto.

Ter um conhecimento prévio sobre este autor permitiu-me direccionar a atenção para aspectos que, em outras circunstâncias, só me ocuparia em posteriores leituras. Talvez influenciado pelo meu gosto pela poesia de cariz minimalista, que não minimal, embrenhei-me neste livro, e a ideia que tinha sobre a concisão dos textos deste autor saiu reforçada.

Com A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA, Luiz Otávio Oliani vem provar uma vez mais (se é que mais provas são necessárias) que a poesia não precisa ser extensa e cheia de adornos para alcançar os seus objectivos e passar, para os leitores, a mensagem pretendida. Os cinquenta textos/fragmentos que compõem o livro, talvez por se assemelharem a pequenos aforismos (para não os classificar como tal), estão impregnados, tanto, de mensagens visíveis como subliminares, porquanto nenhum dos textos está definitivamente encerrado, deixando aos leitores a capacidade/possibilidade de diferentes interpretações ou desfechos. Ao longo da leitura, torna-se evidente o cuidado do autor em limar cada palavra para lhe subtrair o excesso e manter o essencial. E esta característica, por si só, revela que estamos na presença de um autor que trabalha as palavras, explorando ao máximo as alternativas que as mesmas oferecem.

Resumindo, e em poucas palavras, A PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA, é um livro que recomendo sem hesitações.

MANU DIXIT

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