terça-feira, 29 de agosto de 2017

ADRIANA FALA DE... WAGNER MARTINS DOS SANTOS


Um menino chamado amor

Adotei de Vinícius de Moraes como tatuagem de alma:
“A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida.” A minha tem sido de grandes encontros e a cada dia fico mais feliz com as pessoas imensas que cruzam o meu caminho, que vão se chegando e quando percebo, instalaram-se no cantinho do coração. Começou com a idéia de uma entrevista, que virá em breve, mas quando recebi a apresentação do autor, achei melhor, publicar na íntegra a biografia. E como tive a honra de sua presença em um evento produzido pela In-Finita, fiquei encantada pela beleza poética, na árdua tarefa em deixar a alma exposta, quando o corpo não permite a mobilidade.
D. Maria, é a voz, os braços e as pernas do filho, e além de emocionar, encheram o ambiente de luz.
Esse menino, fã de Cora Coralina, tem muito o que brilhar e tocar diversos corações. E essa dupla, mãe e filho, não só apresentam poesias, eles irradiam amor.

Sou Wagner Martins dos Santos, nasci no ano 1993, tenho paralisia cerebral desde nascença. Na adolescência descobrir a literatura, assim em 2014  lancei meu primeiro livro de poesias, daí em diante participo de vários saraus, eventos voltados a literatura, e cultural, já fui o escritor homenageado na primeira FLIPE - Feira Literária da Periferia, faço várias palestras, sou integrante da ONG Deficiente Eficiente que atua em minha cidade, e no mês de setembro/2016, eu fui um dos ganhadores do PRÊMIO DE RECONHECIMENTO CULTURAL "MESTRE SAÚBA." Enfim, o escrever me completa! Nasci, em 17 de abril de 1993 e resido até hoje em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco. E por causa da negligencia médica adquiri a deficiência nomeada: Paralisia Cerebral, a qual atingiu muito a minha coordenação motora, e por causa da ausência dela, eu tenho pouco controle para me equilibrar: ficar de pé, andar, essa me faz falar com muita dificuldade, e me impede de pegar em vários objetos... Às vezes sinto-me bastante oprimido dentro do meu próprio corpo, minha limitação me castiga sem cessar; mas esse empecilho me estimula a fazer algo que os demais que estão ao meu redor não fazem. Comecei a criar textos depois que ganhei um livro de história infantil, então nesse momento brotou dentro do peito o prazer da literatura, eu nem sabia ler direito, e ditava para um amigo escrever, ele mesmo ilustrava as nossas pequenas historinhas, era essa a nossa diversão!... Passaram-se os anos, e adquiri o computador, esse me auxilia bastante, foi aí que senti de verdade tudo ao meu alcance para fazer um livro, e fiz vários, mas não publiquei nenhum deles. Apresentaram-me a poesia de forma rapidíssima, quando estava fazendo o 1º ano na escola, foi o bastante para me cativar. Fui atrás dos livros que infelizmente a minha cidade não supriu a minha sede pela literatura, eu e a minha mãe sempre íamos à outra cidade a fim de pegar emprestado alguns livros, me tornei mais um fascinado por eles, e de tanto ler poesias, resolvi escrever as minhas com o intuito de expressar algo de dentro, de bom, as pessoas que estão ao meu redor, a minha página no facebook e o meu site, são a minha forma de interagir e transmitir a quem vai ler, a nossa vida, o nosso coração.


BAILARINA DE ALMA

Vi Uma folha
Dando piruetas,
E mais piruetas
No ar,
Numa performance
Suave,
Improvisada pelo vento
A lhe guiar,
No palco da minha vista,
Assim eu apreciei
O espetáculo da natureza!...
Lembrei de você,
Bailarina de alma:
Com espírito solto,
Bailando por aí, aonde tocar
A festiva canção da alegria,
A sua pessoa a dançar,
e a vibrar como uma criança,
na leveza da tal folha,
numa performance da vida,
no palco do meu coração...
 E eu fico encantado contigo,
cheio de emoção,
assistindo o jeito de você,
ser você
nesse espetáculo de improvisação!

- Wagner Martins

Até breve!
Adriana Mayrinck

1 comentário:

  1. Uau! Grande poeta que admiro! E o poema Bairarina da Alma me seduz! Você é um magistral poeta, amigo Wagner! GISELDA CAMILO.

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