terça-feira, 1 de agosto de 2017

ADRIANA FALA DE... POEMAS ESCUROS

Um brincar de esconde-esconde, no escuro. Esse é o convite de João Ayres. Caminhar dentro de si. Adivinhar percepções. Sentir o olhar de dentro, seguir pé ante pé, sem saber o que se está à frente. Um mergulho nas entrelinhas e na simplicidade da concretude da palavra e da alma exposta, em carne viva.

Na fome, na sede, no desejo, na angústia, na insatisfação, na revolta... nos espaços vazios da vida, no estar só no meio da multidão, porque a insatisfação jamais será saciada. E também o sentir-se pleno de tudo, quando a frase jorra, e extravasa, unindo as letras com maestria.

É um livro que a cada poema se redescobre um ponto de luz, ao meio dos abismos, da solidão, do breu, do escuro do dia ou da vida, do caos do humano que habita no poeta e em cada um de nós. Ficamos bem próximos dessa profunda busca por sentidos, como se tateássemos as paredes no escuro, buscando apoio e um caminho.

Poemas escuros nos dão a visibilidade certa, em cada frase construída, com insinuações irônicas, por vezes remetendo à poesia marginal, por vezes convidando para o aconchego do abraço, ou nos acompanhando na viagem em busca de nós, no vazio e escuridão do nosso interior, nem sempre descoberto, percebido ou confessado.

Palavras simples que se encaixam, se completam, lapidadas pela mão iluminada do Poeta, que constrói o caminho e nos conduz igual a um pirilampo, por entre esses Poemas Escuros.

Um abraço-tropical

Adriana Mayrinck

DRIKKA INQUIT

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