Um
brincar de esconde-esconde, no escuro. Esse é o convite de João Ayres. Caminhar
dentro de si. Adivinhar percepções. Sentir o olhar de dentro, seguir pé ante
pé, sem saber o que se está à frente. Um mergulho nas entrelinhas e na simplicidade
da concretude da palavra e da alma exposta, em carne viva.
Na
fome, na sede, no desejo, na angústia, na insatisfação, na revolta... nos
espaços vazios da vida, no estar só no meio da multidão, porque a insatisfação
jamais será saciada. E também o sentir-se pleno de tudo, quando a frase jorra,
e extravasa, unindo as letras com maestria.
É
um livro que a cada poema se redescobre um ponto de luz, ao meio dos abismos,
da solidão, do breu, do escuro do dia ou da vida, do caos do humano que habita
no poeta e em cada um de nós. Ficamos bem próximos dessa profunda busca por
sentidos, como se tateássemos as paredes no escuro, buscando apoio e um
caminho.
Poemas
escuros nos dão a visibilidade certa, em cada frase construída, com insinuações
irônicas, por vezes remetendo à poesia marginal, por vezes convidando para o
aconchego do abraço, ou nos acompanhando na viagem em busca de nós, no vazio e
escuridão do nosso interior, nem sempre descoberto, percebido ou confessado.
Palavras
simples que se encaixam, se completam, lapidadas pela mão iluminada do Poeta,
que constrói o caminho e nos conduz igual a um pirilampo, por entre esses Poemas
Escuros.
Um
abraço-tropical
Adriana
Mayrinck
DRIKKA INQUIT
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