segunda-feira, 29 de maio de 2017

EU FALO DE... EVOLUÇÃO DO TOCA A ESCREVER


Quando, em 2008, comprei o primeiro computador e, consequentemente, aderi ao mundo da Internet, deparei-me com uma realidade diferente, onde a informação e o conhecimento estavam à distância de um teclado. Mas também reparei em algumas lacunas que, talvez de forma inconsciente, ficaram-me gravadas na mente.

Até que um dia, como tantos dias das nossas vidas, um mero gesto de amizade - uma autora ofereceu-me o seu livro recém editado - serviu de ignição e despoletou a vontade de preencher uma dessas lacunas detectadas.

A ideia inicial era ajudar na divulgação de poesia de autores que eu entretanto conhecera e intercalar com as poesias dos grandes nomes da lusofonia.

Da ideia à pratica foi um pequeno salto e, no dia 1 de Janeiro de 2010, nasceu o meu blogue de divulgação de poesia lusófona: TOCA A ESCREVER. E como não podia deixar de ser, o primeiro poema pertencia ao livro LER-TE que a amiga Helena Isabel me ofereceu meses antes.

Depois, dia após dia, poema após poema, o que começou como uma ideia sem ambições foi caminhando com passos curtos mas seguros (um poema por dia), tendo pontos altos e baixos, mas sempre com uma entrega e espírito de missão inabaláveis e o contributo de uma pessoa que, de forma altruísta e desinteressada, acabou por ser a génese de uma futura evolução no projecto. Falo de Maria José Lacerda, que contribuiu com inúmeros livros, da sua Editora UniVersus, para o espólio do TOCA A ESCREVER. Mais tarde, por iniciativa de Paula Oz, comecei a receber também alguns livros da Edições Oz, e passei a contar com duas patrocinadoras informais mas muito prestáveis, sem as quais ser-me-ia completamente impossível continuar o blogue.

O tempo foi passando até que, por circunstâncias da vida, e para não deixar morrer um projecto de amor e dedicação, decidi dar um passo em frente e, no primeiro trimestre de 2016, contactei mais editoras (sete ou oito) para ajudar na empreitada. Apenas Edições Vieira da Silva e Chiado Editora responderam afirmativamente e passaram a fazer parte do leque de patrocinadores, agora de forma oficial, do TOCA A ESCREVER.

Com os livros das editoras patrocinadoras e os que me foram sendo oferecidos por alguns autores amigos, vi-me na necessidade de alargar a divulgação e, no dia 1 de Janeiro de 2017, o TOCA A ESCREVER passou a publicar dois poemas por dia.

No último ano, o crescimento do blogue tem sido de tal ordem que vi-me obrigado a fazer pré-agendamento e neste momento já não há datas disponíveis até início de Agosto. Por isso comecei a ponderar a criação de uma página de facebook para o TOCA A ESCREVER, de modo a dar outra visibilidade e fluidez ao projecto. No entanto, mais uma vez devido a circunstâncias da vida e uma fase mais intensa ao nível de envolvimento pessoal em outros projectos, a falta de tempo impedia-me de dar esse passo de forma célere. Por isso optei por uma solução intermediária até que as condições voltassem a permitir dar o passo pensado; a cada partilha dos poemas, nos diversos grupos de Facebook (que me autorizam divulgar o projecto), fui colocando algumas informações sobre o blogue.

Quis o destino - ou o que quiserem chamar, de acordo com as vossas convicções - que estas minhas frases promocionais captassem a atenção de alguém que, reconhecendo a validade do projecto, demonstrou interesse em ajudar na sua divulgação e, verdade seja dita e justiça seja feita, tem contribuído bastante para uma maior visibilidade do blogue e um crescente interesse por parte de muitos autores em aderir e contribuir, com os seus livros, na expansão do TOCA A ESCREVER.

Posto isto e porque o crescimento atrás mencionado torna humanamente impossível para mim acompanhar, no ritmo certo, esta evolução súbita, achei por bem alargar o capital humano do projecto e, aproveitando o interesse e a disponibilidade demonstrada, aceitei a parceria da Adriana Mayrinck na elaboração e gestão da página de facebook do TOCA A ESCREVER, que já está a ser preparada e em breve iniciará actividade.

Apesar da ideia original ter sido minha, este projecto sempre foi de todos os autores divulgados. Uns com manifesto interesse, outros sem sequer saberem da sua existência, todos contribuíram para a transformação que o blogue sofreu ao longo de mais de sete anos.

Agora chegou a hora de um novo passo, que também se deseja evolutivo, e o envolvimento da Adriana Mayrinck, com tudo o que puder acrescentar, vai certamente ao encontro dos fundamentos que estiveram na génese deste projecto.

A vida não é feita de certezas nem de dados adquiridos, ela é feita de riscos e apostas no escuro. Quando o TOCA A ESCREVER nasceu, eu estava bem longe de imaginar que o seu percurso seria este e desconheço em absoluto qual vai ser o destino do projecto. No entanto, creio que existe muito caminho a percorrer e as possibilidades são imensas. A única garantia que tenho é que a ideia inicial, baseada no amor pela poesia lusófona e na utilidade em divulgar os autores lusófonos, mantém-se e jamais se alterará, independentemente daquilo que o futuro reservar para este projecto desprovido de ambições, desde a raiz.

MANU DIXIT




  

quinta-feira, 4 de maio de 2017

EU FALO DE... FEIRA DO LIVRO DE AUTOR DE VILA FRANCA DE XIRA


Na foto: Vítor Costeira e Emanuel Lomelino

Por sugestão do poeta Alexandre Carvalho, membro da Associação Alves Redol, aceitei participar, como autor, na Feira do Livro de Autor, realizada nos dias 28 e 29 de Abril, no Mercado Municipal de Vila Franca de Xira.

Em primeiro lugar, aceitei este convite, não por achar-me com os méritos suficientes, enquanto autor, para participar em eventos do género, tampouco o fiz com a esperança de retirar grandes proveitos, mas porque acredito que um dos deveres dos autores é auxiliar aqueles que, com poucos meios mas muito empenho, se entregam às hercúleas tarefas de proporcionar formas honestas e descomprometidas de dar visibilidade a uma das vertentes mais importantes em qualquer sociedade: a cultura.

Já perdi a conta às vezes que ouvi autores queixarem-se das poucas iniciativas que possibilitam uma maior difusão das suas obras, no entanto, basta estar atento às actividades de associações locais para se perceber que não são tão poucas quanto isso. E se mais não há, isso deve-se apenas ao desinteresse demonstrado por aqueles que simplesmente se queixam.

Nestes últimos dias tive muito tempo para pensar neste assunto e cheguei a uma triste mas indesmentível verdade: aqueles que apenas se lamuriam, só consideram boas iniciativas, para divulgação e difusão das suas obras, aqueles certames, de pompa e circunstância, como as Feiras do Livro de Lisboa e Porto ou eventos como o Correntes de Escrita da Póvoa de Varzim e negligenciam a importância das actividades locais, logo, menos mediáticas. E, aqui puxo dos galões da minha conhecida sinceridade, não podiam estar mais enganados na forma de pensar. Os grandes certames, os grandes eventos, as grandes feiras, são importantes apenas para aqueles autores que têm, atrás de si, grandes máquinas promocionais que lhes fazem o trabalho de sapa, que os de menor visibilidade não têm e dificilmente terão ao seu dispor.

Acho que, no fundo, esse pensamento enraizado na mente de muitos autores é, mais que falta de humildade, uma tremenda falta de senso por não terem os pés bem assentes no chão e andarem iludidos com as promessas que lhes fizeram e com os sonhos que, outros, souberam alimentar em seu proveito.

Sirvo-me da reflexão anteriormente exposta para ilustrar a reacção, quase premonitória, que tive quando, antes do início da Feira do Livro de Autor, estando em conversa com o outro autor presente (Vítor Costeira) e dois membros da Associação Alves Redol, nos foi informado que mais cinco ou seis autores tinham confirmado a sua presença no evento. Informação essa que, tal como “profetizei”, não se concretizou.

Escusado será dizer qual era o estado de espírito dos elementos da Associação quando confrontados com a dura realidade.

E assim, no primeiro dia, lá ficámos nós (eu e o Vítor Costeira) a transformar em realidade menos penosa, todo o esforço e dedicação daqueles que tomaram a iniciativa de criar este certame literário. No segundo dia tivemos a companhia da autora Maria Luz e, entre visitas de amigos e leitores dos três autores, fez-se a festa à moda dos “poucos mas bons”.

É evidente que as expectativas dos organizadores foram goradas, no entanto, ficaram a saber que todo o esforço e dedicação não caiu em saco roto porque três autores decidiram, e bem, prestigiá-los marcando presença e sendo os pioneiros daquilo que, quem sabe, no futuro, possa vir a ser um evento com maior adesão de autores e assim transformar-se num certame de referência na zona de Vila Franca de Xira. Assim o entendam outros autores para que estas associações não desmoralizem e continuem a ajudar na divulgação e promoção da cultura.

MANU DIXIT