segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

EU FALO DE... DIA DA RÁDIO

A importância deste órgão de comunicação é, de todos e por todos, reconhecida, pelo que, limito-me a congratular e felicitar aqueles e aquelas que dedicam o seu tempo a perpetuar esta nobre forma de comunicar e estreitar laços entre povos.

Para celebrar o Dia da Rádio, que hoje se comemora, decidi ir ao meu baú de antiguidades e publicar aqui um poema que me encomendaram e que apenas foi publicado num trabalho de faculdade em 2012.

RÁDIO

Numa sociedade cuja maioria era iletrada
só uns poucos tinham acesso à informação
quem sabia ler, lia sobre tudo e sobre nada
analfabetos nada tinham à sua disposição.
Quem tinha os conhecimentos a seu favor
já ouvira falar em comunicações sem fios
mas quem só conhecia a arte do seu labor
achava essas modernices meros desvarios. 

No início, telefonia era um luxo tremendo
tal privilégio cabia em sorte aos abastados
após experiências o conceito foi crescendo
e aos poucos aumentaram os privilegiados.
Grande foi a surpresa, está bom de se ver
quando a rádio começou as suas emissões
o povo ganhou ânimo e mais algum saber
uma novidade traz sempre novas emoções.

Ficou mais fácil saber o que ia no mundo
noticias chegavam com mais actualidade
mudavam frequentemente a cada segundo
mesmo as que sofriam censura de verdade.
Com o tempo, ouvir rádio era imperativo
as famílias reuniam-se à volta do aparelho
qualquer programa era apenas um motivo
para entreter o mais novo e o mais velho.

Escutavam-se folhetins, novelas e o fado
com o mesmo entusiasmo, tudo se ouvia
aos poucos este fenómeno ficou instalado
possuir um rádio já todo o mundo queria. 
Muito antes de aparecer a caixinha mágica
e ver imagens não passava de pura ilusão
para se distrair da vida rude, dura e trágica
o povo apenas desfrutava da radiodifusão.

A influência das rádios chamou a atenção
do poder político, na época uma ditadura
e a melhor forma de formatar a população
foi encontrada na aplicação da vil censura.
Perante as restrições que o estado impunha
ouvia-se só o que deixavam, oh triste sina!
Mas mesmo assim havia quem se dispunha
escutar a rádio em transmissão clandestina.

Aquele que com ferro mata, com ele morre
diz o adágio com razão e assim aconteceu
meio essencial é a definição que me ocorre
para rádio, quando a revolução prevaleceu.
Foi o som de poesia cantada e famosa senha
que iniciou a revolta que pôs fim à ditadura
o estado novo queimou-se na própria lenha
ateada pela telefonia que ainda hoje perdura.

O tempo que passa deixa sua marca, história
e os homens nunca mais vão poder esquecer
que a radiofonia merece ser coroada de glória
pela importância que teve e continuará a ter.
Para quem duvida da rádio e do seu sucesso
para quem pensa que longevidade é ilusória
deixo meros fragmentos dum longo processo
assim ficam registados pedaços de memória.

MANU DIXIT

2 comentários:

Toca a falar disso