sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

EU FALO DE... SOLSTÍCIOS E EQUINÓCIOS


No passado Domingo, dia 4 de Dezembro, no Inspira Santa Marta Hotel, em Lisboa, realizou-se a sessão de lançamento da antologia SOLSTÍCIOS E EQUINÓCIOS.

Esta foi a minha terceira experiência como coordenador de antologias mas a primeira em que tive completa autonomia, não só na elaboração de todo o regulamento mas também no contacto directo com os autores e na escolha dos poemas.

Tal como refiro no texto que escrevi para introdução da obra, mesmo não sendo uma tarefa com elevado grau de dificuldade, ser coordenador exige, para além de esforço e dedicação, um enorme equilíbrio entre a defesa das regras estipuladas pelo regulamento e uma flexibilidade que permita alcançar melhores resultados.

No entanto, para além do atrás referido, algumas situações ocorridas durante a fase de recolha dos poemas e reacções pré-lançamento fizeram-me sentir a necessidade de esclarecer, os menos atentos, sobre as normas que me regem e a forma como geri a minha actuação enquanto coordenador.

Em primeiro lugar, e para explanar os factos de modo cronológico, só aceitei o convite, da Edições Vieira da Silva, na condição de ter total autonomia na escolha dos autores participantes, não lhes fosse exigida a obrigatoriedade de adquirir exemplares e que o produto final, vulgo livro, não tivesse um valor comercial superior a 10€. Estas exigências foram aceites pela editora. Tal como foi aceite o regulamento que elaborei posteriormente.

Durante a fase de recolha e análise dos trabalhos enviados, existiram algumas situações que me obrigaram a reunir com os responsáveis da editora e esclarecer a minha posição de intransigência sobre as mesmas. Nomeadamente o facto de ter recebido um e-mail de um autor que, para além dos textos que colocava à minha consideração, teve a ousadia de, após assinar o e-mail, colocar entre parêntesis (amigo pessoal de António Vieira da Silva). Jamais, em tempo algum, eu me sujeitaria a colocar numa antologia coordenada por mim poemas de alguém só por ser amigo pessoal do editor. A única forma dos textos ser escolhidos para integrarem a obra é estarem munidos de qualidade correspondente ao meu grau de exigência. Da mesma forma que, apesar de ser amigo de muitos dos autores participantes, todos tiveram de demonstrar os seus méritos e dar bom uso às suas capacidades para poderem integrar esta obra.

E, aqui chegados, surge sempre a velha questão da qualidade. Sempre defendi o quão ampla pode ser a definição de qualidade. Mas para que não restem dúvidas, e assumo por completo a minha posição enquanto coordenador, coloquei, acima das minhas preferências pessoais, os meus conceitos de qualidade, sendo que a maior prova disso surgiu na hora de dar a voz aos autores presentes. Uma das autoras, que viu os seus textos aprovados por mim, ficou a saber que a sua escrita não se enquadra naquilo que é o meu gosto pessoal mas isso não me impediu, nem nunca me impedirá, de reconhecer a enorme qualidade dos textos que enviou. E porque acredito que um coordenador deve agir desta forma, eles estão na antologia. Lá porque eu não gosto de açorda não quer dizer que ninguém a faça de forma fantástica.

E porque escrevi recentemente sobre esta situação, fiz questão de dizer a todos os presentes que o facto da Edições Vieira da Silva ter-me convidado para ser o coordenador desta antologia jamais me impedirá, tal como em situações anteriores com outros editores, de expressar a minha opinião, de forma publica e olhos nos olhos, sempre que sentir necessidade de o fazer, seja essa opinião positiva ou negativa.

Por ser um aspecto importante para mim, não poderia deixar de mencionar a honra que senti pela poeta Graça Pires (autora com quase 20 livros editados e dezena e meia de prémios literários recebidos) ter aceite o meu convite para integrar esta antologia, tendo em conta que sempre recusou a sua participação em antologias e que abriu esta excepção por consideração ao trabalho que tenho feito na divulgação de outros autores. Um grande bem-haja pela belíssima demonstração de humildade e pela partilha de experiências, com todos os presentes.

Para terminar, não posso deixar passar a oportunidade de agradecer a todos os autores que aceitaram, sem reservas, contribuir com as suas criações para que este projecto visse a luz do dia e seja hoje uma bela realidade. Fico a aguardar as vossas opiniões críticas para que, na possibilidade de outro projecto semelhante, eu possa fazer um trabalho melhor.

MANU DIXIT

2 comentários:

  1. Conhecemos, de sobra, a tua verticalidade e isenção...embora não pudesse estar presente, honra-me a participação, merecer estar ao lado de grandes Poetas, não por pagar para isso, mas por escolha, por considerares merecimento...o meu muito obrigado. Abraço!!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Estiveste muito presente, tal como escrevi em resposta ao teu comentário no convite. A Helena Palma leu um dos teus poemas.

      Eliminar

Toca a falar disso