quarta-feira, 28 de setembro de 2016

EU FALO DE... EMPRESTA-ME A PALAVRA


Regra geral, é complicado escrever umas quantas palavras sobre a obra de um autor que conhecemos sem evitar que as mesmas se façam escutar como meros elogios de amizade, no entanto, não podia deixar passar a oportunidade de, correndo o risco de ser entendido de forma incorrecta, tecer algumas considerações sobre o mais recente trabalho do poeta e amigo António MR Martins.

António MR Martins é um dos autores cuja vasta obra editada acompanho desde o início. Ao longo dos anos, e a cada livro colocado nos escaparates, este poeta de mão cheia, tem brindado os seus leitores com uma poesia inconfundível. Independentemente das temáticas e dos géneros utilizados no acto de criação, a escrita que nos apresenta tem uma forte marca identitária que o separa dos restantes. Comummente, esta característica, é designada por "voz própria" e é através dela que os autores se distinguem, ganham algum destaque pela diferença e se transformam em referência, pela capacidade de influenciar/inspirar as criações de outros autores.

Neste novo trabalho (EMPRESTA-ME A PALAVRA) António MR Martins, quis elevar a fasquia e proporcionar aos seus leitores um verdadeiro manual de como escrever sob influência/inspiração de outros autores mantendo a "voz própria". Por outras palavras, neste livro o autor, que conquistou com a sua obra o estatuto de referência, cria os seus textos em redor de fragmentos de obras de outros autores, que são as suas referências.

À primeira vista, e para aqueles que simplesmente escrevem, esta pode parecer a mais fácil das formas de criação; puro engano. Para realizar-se algo desta índole são necessárias muitas horas de leitura, pesquisa e trabalho exaustivo com as palavras. Este género de empreitadas exige grande conhecimento das obras e dos autores e uma enorme capacidade de filtrar, entre as informações recolhidas, o essencial e transformá-lo em material relevante para a construção de novos textos.

Em resumo, EMPRESTA-ME A PALAVRA acaba por ser quase um livro de diálogos, entre António MR Martins e todos os autores cujos versos/frases utilizou como epigrafes. De um lado temos uma miríade de autores e suas "sentenças" e do outro temos António MR Martins a contribuir com a sua "voz própria".

Um livro que recomendo vivamente.

MANU DIXIT  


Sem comentários:

Enviar um comentário

Toca a falar disso