sábado, 17 de dezembro de 2016

EU FALO DE... SUGESTÕES PARA O NATAL


Ao contrário do que é meu hábito, este ano vou deixar-vos algumas sugestões de livros, que vieram ter às minhas mãos durante 2016, para oferecerem no Natal... embora possam oferecê-los em qualquer altura do ano! Deixo-vos também os links para os poderem adquirir...
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Caso prefiram variedade podem sempre optar pela antologia SOLSTÍCIOS E EQUINÓCIOS que contém poesia de 50 autores cuja escrita muito admiro... 
Podem adquirir o livro enviando um e-mail para:
edicao@edicoesvieiradasilva.pt


BOAS FESTAS E BOAS LEITURAS

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

EU FALO DE... SOLSTÍCIOS E EQUINÓCIOS


No passado Domingo, dia 4 de Dezembro, no Inspira Santa Marta Hotel, em Lisboa, realizou-se a sessão de lançamento da antologia SOLSTÍCIOS E EQUINÓCIOS.

Esta foi a minha terceira experiência como coordenador de antologias mas a primeira em que tive completa autonomia, não só na elaboração de todo o regulamento mas também no contacto directo com os autores e na escolha dos poemas.

Tal como refiro no texto que escrevi para introdução da obra, mesmo não sendo uma tarefa com elevado grau de dificuldade, ser coordenador exige, para além de esforço e dedicação, um enorme equilíbrio entre a defesa das regras estipuladas pelo regulamento e uma flexibilidade que permita alcançar melhores resultados.

No entanto, para além do atrás referido, algumas situações ocorridas durante a fase de recolha dos poemas e reacções pré-lançamento fizeram-me sentir a necessidade de esclarecer, os menos atentos, sobre as normas que me regem e a forma como geri a minha actuação enquanto coordenador.

Em primeiro lugar, e para explanar os factos de modo cronológico, só aceitei o convite, da Edições Vieira da Silva, na condição de ter total autonomia na escolha dos autores participantes, não lhes fosse exigida a obrigatoriedade de adquirir exemplares e que o produto final, vulgo livro, não tivesse um valor comercial superior a 10€. Estas exigências foram aceites pela editora. Tal como foi aceite o regulamento que elaborei posteriormente.

Durante a fase de recolha e análise dos trabalhos enviados, existiram algumas situações que me obrigaram a reunir com os responsáveis da editora e esclarecer a minha posição de intransigência sobre as mesmas. Nomeadamente o facto de ter recebido um e-mail de um autor que, para além dos textos que colocava à minha consideração, teve a ousadia de, após assinar o e-mail, colocar entre parêntesis (amigo pessoal de António Vieira da Silva). Jamais, em tempo algum, eu me sujeitaria a colocar numa antologia coordenada por mim poemas de alguém só por ser amigo pessoal do editor. A única forma dos textos ser escolhidos para integrarem a obra é estarem munidos de qualidade correspondente ao meu grau de exigência. Da mesma forma que, apesar de ser amigo de muitos dos autores participantes, todos tiveram de demonstrar os seus méritos e dar bom uso às suas capacidades para poderem integrar esta obra.

E, aqui chegados, surge sempre a velha questão da qualidade. Sempre defendi o quão ampla pode ser a definição de qualidade. Mas para que não restem dúvidas, e assumo por completo a minha posição enquanto coordenador, coloquei, acima das minhas preferências pessoais, os meus conceitos de qualidade, sendo que a maior prova disso surgiu na hora de dar a voz aos autores presentes. Uma das autoras, que viu os seus textos aprovados por mim, ficou a saber que a sua escrita não se enquadra naquilo que é o meu gosto pessoal mas isso não me impediu, nem nunca me impedirá, de reconhecer a enorme qualidade dos textos que enviou. E porque acredito que um coordenador deve agir desta forma, eles estão na antologia. Lá porque eu não gosto de açorda não quer dizer que ninguém a faça de forma fantástica.

E porque escrevi recentemente sobre esta situação, fiz questão de dizer a todos os presentes que o facto da Edições Vieira da Silva ter-me convidado para ser o coordenador desta antologia jamais me impedirá, tal como em situações anteriores com outros editores, de expressar a minha opinião, de forma publica e olhos nos olhos, sempre que sentir necessidade de o fazer, seja essa opinião positiva ou negativa.

Por ser um aspecto importante para mim, não poderia deixar de mencionar a honra que senti pela poeta Graça Pires (autora com quase 20 livros editados e dezena e meia de prémios literários recebidos) ter aceite o meu convite para integrar esta antologia, tendo em conta que sempre recusou a sua participação em antologias e que abriu esta excepção por consideração ao trabalho que tenho feito na divulgação de outros autores. Um grande bem-haja pela belíssima demonstração de humildade e pela partilha de experiências, com todos os presentes.

Para terminar, não posso deixar passar a oportunidade de agradecer a todos os autores que aceitaram, sem reservas, contribuir com as suas criações para que este projecto visse a luz do dia e seja hoje uma bela realidade. Fico a aguardar as vossas opiniões críticas para que, na possibilidade de outro projecto semelhante, eu possa fazer um trabalho melhor.

MANU DIXIT

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

EU FALO DE... E ESTA HEIN?



Não resisto a fazer copy/past de uma conversa que surgiu num comentário a um poema meu no grupo PALAVRAS DE CRISTAL - POESIA (que podem acompanhar neste link):

Dionísio Dinis - Um bom soneto. E, já agora, aqui neste grupo pagam para publicarmos a nossa poesia?
Não gosto · Responder · 1 · 21 h

Emanuel Lomelino - Pagam o mesmo que eu lhe cobrei quando divulguei poesia sua...
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Dionísio Dinis - Minha poesia????
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Dionísio Dinis Eu até nem sou poeta!
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Emanuel Lomelino - http://blog-poetas.blogspot.pt/.../146-dionisio-dinis.htm
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Dionísio Dinis - Sim, participei, com gosto, nessa colectânea, sem cobrar direitos de autor, ao contrário das suas exigências em participar numa outra para a qual o convidei. Quanto à divulgação do meu poema no seu blog, não me foi pedida autorização para tal e nem me foi perguntado se me eram devidos direitos de autor. Simplicíssimo!
Não gosto · Responder · 1 · 13 h

Emanuel Lomelino - Infelizmente quase tudo o que escreveu é verdade... no entanto incompleta... para que existam autores mercenários, como eu, têm de existir aqueles que se sujeitam a ter que pagar - pelo menos um exemplar - para verem os seus trabalhos editados (de outra forma dificilmente o seriam). Quanto aos direitos de autor... vai ter de pedi-los à editora pois é ela que me paga para divulgar os seus autores (até nisto sou mercenário) Simplicíssimo!
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Dionísio Dinis - O blog é sua propriedade, não da editora, certo? Porque carga de água eu teria de pedir algo à editora se ela não é dona do blog em questão? E se ganha com o trabalho dos outros, porque não dividir esse ganho com quem escreve o objecto da sua divulgação? Finito e sans rancune! Um bom natal para si também!
Não gosto · Responder · 1 · 1 h

Emanuel Lomelino - Manuel Joaquim, tinha-o em melhor consideração antes de alegar que o meio de comunicação deve pagar para fazer publicidade aos produtos dos outros. Em relação a toda esta conversa, mesmo entendendo um cunho de azia pela falta de hábito em receber respostas negativas aos seus convites, não leve as coisas tão a peito. Após dias maus vêm sempre dias melhores. Festas felizes.
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Dionísio Dinis - Um meio de comunicação, jornais, revistas, web e até as editoras como detentoras de meios de comunicação, pagam, ou deveriam pagar, direitos de autor e conexos pelo uso/divulgação da obra alheia, tal como pagam os espaços públicos, pela divulgação por meios sonoros de música e afins, direitos à SPA que depois os distribui pelos autores. Azia, nenhuma azia, prezado Lomelino, quem recebe trabalhos de mais de 300 autores e organiza uma colectânea com 129 participantes, não precisa de pastilhas rennie, nem tem amuos com quem declina o convite. Mesmo que a recusa venha envolta com aspectos quase sobranceiros e esquecimento de quem já foi pequenino de pequeno, mas para nós, por estas bandas, isso é tudo coisa de somenos importância. Concluindo e directo ao principal: quem avoca para si o pagamento dos devidos direitos de autor, deve em todas as circunstâncias zelar pelos devidos aos outros. Eu, por via da minha velhice, já não atiro pedras aos do vizinho!
Não gosto · Responder · 1 · 1 h

Emanuel Lomelino - Fiz a referência à azia porque, de todos os organizadores/coordenadores e/ou editores que me contactaram com convites semelhantes ao seu (todos receberam a mesma resposta), nenhum se sentiu na necessidade de provocar quem está quieto no seu canto. Bem pelo contrário, basta ver as publicações em que contribui com textos meus. A cada um de nós assistem as nossas próprias razões mas, permita-me a frontalidade, cada um gere a sua vida como acha que a deve gerir.
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Emanuel Lomelino - Quanto à sobranceria... respeito que tenha essa visão sobre mim porquanto não faço questão de agradar simultaneamente a gregos e a troianos, no entanto não deixa de ser uma ideia errada. Apesar do meu percurso considero-me tão ou mais pequeno que a generalidade dos outros autores, simplesmente vou a jogo com as minhas regras e, felizmente para mim, muitos aceitam-nas.
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Emanuel Lomelino - Relativamente ao zelo pelos outros autores... apesar de sermos "amigos" no FB desde 2011, não me acompanha de todo, e bem pois não sou flor que se cheire (nem eu me aconselho a ninguém). Mas é pena porque se o fizesse porventura não teria a percepção que tem de mim. Acho que é a primeira pessoa que me "acusa" de ignorar os interesses dos outros autores. Olhe, a quebra de consideração que mencionei num comentário anterior fica sem efeito... tem o meu respeito por, pelo menos, ter sido franco nas suas afirmações.
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Emanuel Lomelino - Quanto à organização de antologias... felizmente também tenho sido convidado para coordená-las (e sou pago pelas editoras para o fazer). A última teve a sessão de lançamento no passado Domingo. E uma das minhas condições para o fazer é a ausência de obrigatoriedade de aquisição, por parte dos autores, de um exemplar que seja. E não é que as editoras aceitam!!! Se isto não é zelar pelos interesses dos autores...
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Emanuel Lomelino Para terminar e de forma sucinta, os autores não existem somente para serem editados... existem para serem lidos. E só podem ser lidos se, o que escrevem, chegar aos leitores. Para esse efeito existem os mercenários, como eu, para os divulgarem, segundo a sua opinião, de forma ilegítima.
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Não sei se a conversa ficará por aqui mas é caso para dizer: E esta hein?

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

EU FALO DE... MODO DE ESTAR NA VIDA


Acho piada ao modo como muitas pessoas reagem aos meus textos mais contundentes. Acho piada porque essas mesmas pessoas, que apregoam a moralidade e a verdade acima de tudo, doa a quem doer, não comentam os meus textos de forma pública, de peito aberto, preferindo fazê-lo a coberto das mensagens privadas que me mandam.

É evidente que tenho de respeitar esse querer dar-se bem com deus e com o diabo. Só que essa não é a minha forma de estar na vida. Se há algo de que posso orgulhar-me é de ser capaz de pensar pela minha cabeça e dizer o que tenho de dizer, na hora que achar mais conveniente ou apropriado, doa a quem doer.

Dito isto, e fazendo referência a uma das últimas mensagens que recebi sobre o meu texto SOLIDARIEDADE ENTRE AUTORES, sinto ser o momento adequado para esclarecer publicamente alguns equívocos, que pululam as mentes dos menos atentos, sobre o meu comportamento.

Tenho sido acusado, entre outras coisas, de andar a cuspir nos pratos onde tenho comido. Desconheço a exactidão das palavras que andam de boca em boca mas é muito fácil para mim rebater essa acusação.

Em toda a minha vida, sempre soube separar o trigo do joio e o facto de ter recebido ajuda, auxílio ou o que lhe quiserem chamar, nunca me impediu, nem impedirá, de tecer críticas a comportamentos que considero menos acertados. E as críticas que faço não apagam o reconhecimento que tenho pelas pessoas e pelo que eventualmente possam ter feito por mim.

E se sou assim na vida também o serei sempre neste universo da escrita.

O facto de Xavier Zarco ter sido um dos editores dos meus primeiros livros nunca me impediu de discordar com algumas das suas atitudes e não só o fiz publicamente como também olhos nos olhos. E apesar dessas divergências também lhe soube reconhecer alguns méritos.

O facto de Paulo Afonso Ramos ter-me editado cinco vezes, três das quais em condições excepcionais e inéditas, nunca me impediu de falar, tanto publicamente como na sua presença, de aspectos relacionados com os meus livros que poderiam ter sido melhor geridos. Apesar desses desencontros sempre disse, e também de forma pública, do respeito que tenho pela forma como está neste meio e pela forma como tem arriscado muito, a nível pessoal e não só, em nome da cultura.

O facto de Paula Oz ter-me proporcionado a execução de alguns trabalhos, remunerados, para a Edições Oz, numa altura complicada da minha vida, nunca me impediu de tecer comentários, de forma pública e também olhos nos olhos, sobre algumas situações em que considerei ser necessário fazê-lo. Isso nunca invalidou que lhe reconheça enorme mérito no papel que tem desempenhado na divulgação das obras de muitos autores.

O facto de Gonçalo Martins ter-me convidado para publicar na Chiado Editora, em condições especiais e fora do comum, nunca me impediu de tecer algumas considerações sobre a forma como está mal acompanhado em alguns departamentos da editora. No entanto, nunca deixarei de lhe reconhecer o mérito e a capacidade enquanto homem de negócios.

O facto de António Vieira da Silva ter-me convidado para executar um trabalho para a Edições Vieira da Silva não me impediu de tecer algumas críticas à forma como as suas antologias são elaboradas ao mesmo tempo que lhe reconheço o trabalho que tem feito em nome dos livros.

O facto de Maria José Lacerda, da Editora Universus, ter-me proporcionado a minha primeira apresentação no Porto, mesmo não sendo um autor editado por si, nunca me impediu de tecer alguns comentários menos abonatórios sobre alguns dos seus eventos, no entanto sempre lhe reconheci os méritos do muito que fez pelos livros e pelos autores.

Posto isto, resta-me dizer que a gratidão que tenho pelas atitudes, pelos gestos, pelas ajudas e pelos apoios que me deram nunca me influenciarão na hora em que eu tiver de falar sobre aspectos e comportamentos que possa considerar menos próprios. A gratidão manter-se-á sempre tal como a rectidão e a frontalidade, porque estar grato não obriga a compactuar com o que se considera errado.

E se chegar à conclusão de ter sido injusto, então, também saberei assumir, em público e cara a cara, o meu erro. Porque não me escondo nos sussurros e nos comentários privados.

Enfim, eu e o meu estranho modo de estar na vida.


MANU DIXIT

terça-feira, 29 de novembro de 2016

EU FALO DE... DEMOCRACIA NA POESIA


A cada dia que passa mais me convenço da veracidade de uma tese que tenho vindo a defender nos últimos tempos: a beleza da poesia está no seu carácter democrático.

A poesia é tão democrática que não olha a condição social, género, idade, credo ou cor. Ela tanto pode ser escrita por um pobre como por um abastado; por um erudito ou por um rústico; por homens ou mulheres; por uma criança como por um ancião; por católicos, muçulmanos, ateus e agnósticos; brancos, pretos ou amarelos.

A poesia é tão democrática que não recusa temáticas. Alberga todas as opiniões, sejam elas dogmas ou utopias, e é isenta de preconceitos. Tanto pode falar de amor como de ódio; guerra ou paz; pode ser abstracta ou concreta; simples ou composta. 

A poesia é tão democrática que ignora demografias, latitudes e longitudes. Ela pode ser escrita por um citadino ou por um campestre, por um africano, europeu ou asiático.

A poesia é tão democrática que permite, a cada autor, escrever sobre o que entender e como entender, empregando no poema as suas convicções e ideais, sem qualquer restrição.

A poesia é tão democrática que permite, a cada um de nós, escolher os poetas que queremos ler, dentro dos nossos parâmetros e idiossincrasias.

A poesia é democrática o suficiente para que tanto os autores como os leitores não o sejam.

A poesia é democrática... os seus criadores e leitores... quase nunca.

MANU DIXIT

domingo, 27 de novembro de 2016

EU FALO DE... SOLIDARIEDADE ENTRE AUTORES


Ao longo dos anos, muito tenho escrito sobre a discrepância entre o que grande parte dos autores diz e aquilo que faz. Já por diversas vezes escrevi sobre a tremenda falta de solidariedade que existe no universo da escrita e senti, todas as vezes, estar a pregar no deserto.

Muitos interpretaram as minhas palavras como sendo um desabafo de carácter pessoal resultante da minha experiência aquando das apresentações que fiz fora do meu circulo natural, nomeadamente quando estive duas vezes no Porto e uma em Braga. Essa interpretação não podia estar mais errada.

Em todas as vezes que abordei este tema dei como exemplos essas minhas experiências como forma ilustrativa da mensagem que pretendia passar.

Desta vez darei como exemplo o que se passou neste Sábado em Lisboa e que afectou sobremaneira a afluência de público no evento de uma autora vinda do Porto.

Sinto-me completamente à vontade para o fazer pela simples razão que, ao longo destes anos, cruzei-me apenas duas vezes com esta autora em eventos sem que houvesse sequer troca de palavras.

Mais à vontade fico se disser que estive no evento apesar do mau tempo e das limitações próprias de quem está desempregado há três anos, sem direito a subsídios, e sem dinheiro para gastar em transportes.

Tenho perfeita consciência que podia ficar quieto no meu canto e evitar voltar a passar a imagem de enfant terrible, irreverente, desbocado e má-língua, no entanto, valores maiores se levantaram quando quase no final do evento ouvi algumas das coisas que foram ditas à autora e que, perante a inocência que lhe reconheço, a levarão certamente a pensar que a escassa afluência de público se deveu a uma sobreposição infeliz de eventos e a escolhas óbvias que as pessoas fizeram na hora de escolher ir a outro em detrimento deste evento.

Não tenho problema algum em dizer que nada disto foi ao acaso porque já assisti a situações semelhantes e afirmo com todas as letras que, em parte, foi propositado.

A sobreposição de eventos é a coisa mais natural neste universo da escrita porquanto existem inúmeras editoras e autores com lançamentos e apresentações e, convenhamos, é completamente impossível conjugar tudo sem que as sobreposições aconteçam.

O que já não é tão natural, mas norma, é assistir-se ao prolongamento propositado de eventos para que as pessoas não tenham tempo de sair de um e marcar presença noutro, logo de seguida. O que não é natural, mas norma, é fazer de tudo para agradar a autores enquanto eles dão retorno e tentar prejudicá-los quando deixam de o fazer.

Mas se o que escrevi anteriormente não chegar para fazer prova de como foi propositada a fraca afluência, posso sempre usar como argumento o facto de, neste caso, estarmos a falar de eventos que começaram com duas horas de diferença e três quilómetros de distância. Mais, alguns dos que marcaram presença estiveram num outro evento que começou com as mesmas duas horas de diferença mas tiveram de atravessar a ponte e a cidade inteira (15 kms) para acompanhar e prestigiar esta autora.

Como disse anteriormente, cruzei-me apenas duas vezes com esta autora em eventos e nunca interagimos mas há coisas que não esqueço, e uma dessas foi a sua presença num evento, realizado no IPO do Porto, sem que conhecesse o autor da obra, para além das redes sociais. O autor em causa é da zona de Lisboa mas isso não a impediu de aparecer. E da mesma forma que o fez nessa altura, também eu quis agora homenageá-la, com a minha presença, no seu evento realizado fora do seu circulo natural. E como me soube bem aquele: "eu conheço esta cara mas não sei de onde" e após reconhecimento: "não esperava a tua presença".

No final do evento e porque tinha que ANDAR duas horas de regresso a casa, furei a fila dos autógrafos para me despedir da autora e desejar felicidades mas apenas fui capaz de lhe dizer: "Já conhecia a tua inocência. Mais tarde entenderás o que quero dizer".

E aquilo que quero dizer é que a fraca afluência não se deveu à sobreposição de eventos. Simplesmente, uns não quiseram aparecer e outros fizeram tudo para que mais gente não aparecesse. É assim, de hipocrisia, que se constrói a solidariedade entre autores.

MANU DIXIT

sábado, 26 de novembro de 2016

EU FALO DE... RIMA FORÇADA


Independentemente das temáticas, existe uma questão que é, quase sempre, aflorada nas tertúlias, ou em conversas sobre poesia, e exemplo perfeito para abordar uma tese que defendo há algum tempo.

Quando se fala da rima na poesia, muitos autores, para justificar a sua não utilização, dizem não ter paciência para escrever com rimas e que a maioria, daqueles que as usam, só faz rima forçada. Mas depois, para consubstanciar essa opinião, dizem que são usadas sempre as mesmas, como por exemplo: amor/dor, paixão/coração, carinho/caminho, lua/tua/nua, etc.

Se, por um lado, concordo que muitos escrevem versos de forma forçada, por outro, discordo nos exemplos que são dados porquanto a rima forçada tem muito pouca relação com as combinações utilizadas. Aquilo que provoca a rima forçada é o caminho que se faz para chegar à rima. Por essa razão é que existe uma ligação muito forte entre a rima e a métrica. Escrever com esses dois elementos é meio caminho andado para se escrever rimas não forçadas (vejam-se os sonetos de Florbela e Bocage). No entanto, também é possível rimar de forma natural sem utilizar a métrica (atente-se em Torga).

Quando digo "caminho que se faz para chegar à rima" estou a falar das enormes assimetrias que se criam entre os versos de um poema para que a rima possa aparecer. Muitas vezes lêem-se poemas mesclados com versos curtos e longos e logo se percebe que isso se deve à tentativa de usar uma determinada rima. A rima não é forçada por si mesma mas por tudo o que a antecede.

Usar o argumento das "mesmas combinações" é errado. Quanto muito, a utilização sistemática das mesmas combinações é uma falta de originalidade.

E, cá entre nós que ninguém nos ouve, acho que, quem usa o argumento da falta de paciência para escrever poemas rimados, está apenas a ocultar o facto de não saber escrever rimas sem que elas saiam forçadas.

MANU DIXIT

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

EU FALO DE... EXTREMISTAS RADICAIS


Uma das características humanas mais marcantes e vulgares nos dias de hoje é o extremismo. Estamos a viver um tempo em que deixou-se de praticar a moderação e desapareceu a capacidade de compreender e aceitar visões distintas.

Neste contexto, não será estranho que também se assista nas artes à proliferação de opiniões radicais defendidas com base na famosa frase "Bushiana": «Ou estão comigo, ou estão contra mim».

Ultimamente, tenho assistido a um aumento considerável de textos em que se advoga que a poesia já não se compadece com rimas, métricas e algumas temáticas. Esses textos, por si só, não encerram mais relevância que aquela que deve ser dada a uma opinião, seja ela qual for. O que choca é ver alguns desses eruditos modernos vomitar postas de pescada, de forma ofensiva e pouco construtiva (ao contrário do que sustentam), em comentários que fazem aos poemas de terceiros.

A falta de competências académicas impede-me de escrever teses ou tratados, com fundamentos claros e precisos, que desmontem o radicalismo dessas opiniões, no entanto, a capacidade de pensar pela minha cabeça, permite-me colocar, à consideração de todos, alguns argumentos óbvios que justificam as razões pelas quais esses opinadores caem no ridículo.

Em primeiro lugar, dizer que um poema rimado, com métrica e que aborde, por exemplo, a temática do amor (tão querida dos poetas), já não é poesia é cair na suprema asneira de considerar que Camões, Bocage, Florbela, Torga, entre outros, deixaram de ser poetas. Isso é ridículo. Dizer que rima, métrica e algumas temáticas já não fazem parte da poesia é negar que grande parte do acervo de Pessoa seja poesia. Isso é ridículo.

Em segundo lugar, considerar que os derivados do romantismo, nascido no século XIX, são os únicos e verdadeiros poetas é negar a importância de todos os outros movimentos artísticos que ajudaram a consolidar a grandeza da poesia e a fazer que a mesma tenha uma história rica, pela influência que tiveram nas tremendas modificações que as sociedades sofreram ao longo dos séculos. Isso é ridículo.

Alardear que a única e verdadeira via é a corrente romântica é contradizer as bases fundadoras do próprio romantismo. E isso, para além de ridículo, é uma demonstração de incoerência.

Mas mais ridícula é a forma extremista com que estes eruditos da modernidade passam a sua mensagem. Ao invés de se limitarem a tornar públicas as suas opiniões e, através delas, angariarem para a sua causa os outros autores, estes senhores da única e verdadeira via, andam activamente a espalhar ofensas e a denegrir tudo o que não estiver dentro dos parâmetros das suas teses radicais, com o argumento que o fazem de forma construtiva e em nome da grandeza e elevação da arte poética.

A grandeza da arte poética eleva-se com base na tolerância e respeito pela diferença. A grandeza da arte poética eleva-se com a capacidade multifacetada dos agentes criadores e das suas criações. A grandeza da arte poética eleva-se no momento em que cada autor tem a liberdade de escolher a via que pretende, os passos que quer dar no seu percurso e a forma que acha mais adequada para fazer passar a sua mensagem.

Por último e porque acredito piamente neste argumento, a poesia não é privilégio nem propriedade de alguns eruditos. A poesia é de todos.

MANU DIXIT

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

EU FALO DE... VIOLINOS AO LUAR

LIVRO GENTILMENTE OFERECIDO POR CHIADO EDITORA
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Na medida do possível, faço questão de acompanhar muitos autores e através das leituras vou, entre outras coisas, formando a minha opinião sobre a escrita de cada um deles.

É o caso desta autora cuja escrita sempre mereceu, da minha parte, uma opinião favorável. Nos textos avulsos, que tive a oportunidade de ler, encontrei todos os elementos que considero imprescindíveis na boa poesia.

Quando, em virtude da minha parceria com a Chiado Editora, chegou-me às mãos o livro VIOLINOS AO LUAR, de Maria dos Santos Alves, fui acometido por uma curiosidade apreensiva porquanto uma das coisas que aprendi, com o tempo, é que a percepção que temos de um poema depende muito das circunstâncias e da forma como o lemos. Muitas vezes uma boa ou má leitura pode beneficiar ou prejudicar o poema e nem sempre os poemas mantêm as características quando colocados em livro, seja pela mediocridade dos outros poemas, por colocação e encadeamento errados ou simplesmente por incoerência do todo. Mas o inverso também é verdadeiro e a minha expectativa residia precisamente nessa dúvida.

A resposta aos meus anseios apareceu durante a leitura e as dúvidas deram lugar à maior das certezas. A qualidade, que reconheço na escrita de Maria dos Santos Alves, está bem presente e, para além dos fundamentos essenciais da boa poesia, também fui brindado com um excepcional equilíbrio e tremenda coerência na forma como os poemas estão distribuídos pelo livro.

Ler VIOLINOS AO LUAR é acompanhar uma sinfonia de bem escrever que nos embala e faz sonhar. Ler a poesia que, Maria dos Santos Alves, nos oferece neste livro é viajar nos braços de uma melodia e deambular a compasso pelos sons mais puros na companhia de claves de sol e colcheias. A cada poema sentimos a existência de uma harmonia única que nos transporta, de corpo e alma, para o centro de uma orquestra de sentires e vivências. Cada verso é um recital de salmos e ritmos e cada pausa é uma serenata a tudo o que nos une e define aos olhos da natureza.

Enfim, VIOLINOS AO LUAR é, simplesmente, um dos melhores livros de poesia que li em 2016. Recomendo sem reservas.

MANU DIXIT

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

EU FALO DE... A ORIGINALIDADE NO MEU PERCURSO



Quem acompanha o meu trabalho enquanto autor sabe que não me dedico a uma só fórmula, pelo contrário. Procuro que a versatilidade que uso a nível temático também exista na elaboração dos textos. Quero com isto dizer que da mesma forma que escrevo poesia sobre qualquer tema também faço questão de alternar entre os diversos estilos; umas vezes uso a rima (em quadras, tercetos, ou sextilhas), outras vezes escrevo com a estrutura dos sonetos (embora não escreva sonetos), outras ainda uso o estilo livre (sem rima) mesmo que utilize as estrofes convencionais.

No entanto, esta faceta versátil fica quase na totalidade restrita ao acto de criação porquanto no momento de reunir os textos, e transformá-los em possível livro, tenho o cuidado de dar prioridade à coerência do todo. Passo a explicar:

Exceptuando os dois primeiros livros editados, "Amador Do Verso" e "Aprendiz De Poeta", que foram compostos por poemas escritos ao longo de quase vinte anos, com temáticas e estilos diversos e sem uma linha condutora pré-concebida, todos os outros cinco têm características muito próprias que foram pensadas exclusivamente para eles.

O "Licença Poética [duetos lomelinos]", como o próprio nome indica, é um livro de duetos que, por si só, explica a natureza de excepção que justificou a sua criação.

Já o "Poetas que sou" foi cozinhado durante dois anos e consiste na reunião de poemas que escrevi para homenagear muitos dos poetas (consagrados ou não) cuja escrita é uma referência para mim.

O "Novo Respirar" surgiu um pouco de pára-quedas por influência de um incidente de saúde, sobre o qual senti necessidade de escrever, ao qual adicionei um conjunto de poemas sobre o acto de criação poética, que tinha escrito com outra finalidade mas que, por razão de estilo, acabou por encaixar na perfeição.

O "Impulsações" é um livro que reúne textos, dedicados ou inspirados por mulheres, escritos ao longo de quase cinco anos e que têm a particularidade de terem sido criados com estrutura de soneto (não são sonetos).

O último a ser editado, "Génesis", surgiu de um convite para integrar uma pequena colecção com edição limitada. Tendo em conta que este seria o meu sétimo livro decidi incluir vinte seis pequenos poemas que já tinha escrito (também com outra finalidade) e que se caracterizam pela circunstância de, todos eles, terem onze versos com sete sílabas gramaticais, ou seja, cada poema tem setenta e sete sílabas gramaticais. Sendo o sétimo livro...

Creio ser apropriado dizer, por todas as razões e mais alguma, que este é, até agora e em todas as vertentes, o meu livro mais minimalista. E digo "até agora" porque tenho finalizados, entre outros, três livros de poesia de influência oriental; para além dos que estão em construção.

Fiz esta explanação, sobre o que já editei, para dizer que tento, na medida do possível e dentro das minhas capacidades e limitações, dar um cunho de originalidade ao que vou editando. Ser original custa e é muito difícil porquanto proliferam autores, estilos e tendências, no entanto, é possível marcar a diferença se nos dermos ao trabalho de definir directrizes e emprestar coerência na hora de reunirmos os textos para um livro. Desta forma evitamos que todos os nossos livros sejam iguais e criamos, nos leitores, um grau de expectativa e curiosidade sobre o que editaremos a seguir.

MANU DIXIT

domingo, 30 de outubro de 2016

EU FALO DE... ROMANTISMO


Na sequência da análise crítica que fiz ao livro Antologia do Silêncio, de Susana Inês, e depois de ler alguns textos sobre o que é, pode e deve ser considerado poesia, achei apropriado pegar no tema e fazer algumas reflexões/considerações.

Tirando os aspectos históricos e ideológicos, o romantismo, enquanto corrente literária, baseia-se na oposição absoluta à utilização das regras dos clássicos (no caso da poesia: métrica e rima).

Se tivermos em linha de conta, apenas e só, este aspecto técnico somos obrigados a reconhecer que a esmagadora maioria dos autores actuais pertence à corrente romântica. No entanto, o romantismo exige um pouco mais de critério e, para separar o trigo do joio, existem mais alguns parâmetros, a serem respeitados, para que um autor possa ser considerado romântico.

Logo à partida, e talvez por isso uma das características mais utilizadas, uma visão do mundo muito centrada no indivíduo, roçando, quase como modus operandi obrigatório, o egocentrismo exacerbado.

Noutra perspectiva, o romantismo tem sempre de incluir um elevado grau de subjectividade alicerçado num profundo e constante sentimentalismo emocional.

Outra das características definidoras do romantismo é a interacção do autor/criador/eu poético com os diversos elementos da natureza.

No fundo, e de um modo mais redutor e simplista, o romantismo, como corrente literária, exige que os seus aficionados revelem um idealismo subjectivo com forte ligação à natureza, de forma egocentrista, negando sempre as regras estéticas dos clássicos.

Através desta minha definição rústica, qualquer um consegue identificar de imediato a ligação de muitos autores actuais com esta corrente literária e "etiquetá-los" com o romantismo.

Contudo, especialmente na poesia, e fazendo uso de um adágio popular, "nem tudo o que parece é". Grande parte dos autores, cuja escrita contém os elementos exigidos pelo romantismo, estão a incorrer no auto-engano pelo mero facto da sua escrita ser tudo menos poesia, porquanto, nem mesmo o romantismo consegue fugir ou contornar aquilo que é essencial na poesia: qualidade da escrita, coerência do discurso, elementos estéticos e, acima de tudo, componente filosófica.

Muitos argumentam que a subjectividade exigida no romantismo permite ignorar estes aspectos. Outros dirão que a recusa das regras justificam o incumprimento destes requisitos. Puro engano meus senhores.

A componente subjectiva do romantismo limita-se ao discurso dos textos e não aos conceitos de qualidade e a negação das regras aplica-se apenas à inexistência de métricas e rimas. Tudo o resto continua a ser imprescindível. 

Se assim não for não pode ser considerado poesia.

MANU DIXIT