sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

VAMOS FALAR DISSO... ÂNGELA GONÇALVES

O MEU AGRADECIMENTO À ÂNGELA GONÇALVES POR PERMITIR QUE ESTE ESPAÇO PARTILHE O SEU TEXTO CRÍTICO.

Criticar não é mandar o outro abaixo porque me apetece ou me sinto dono da razão.
Ajudar não é mostrar pena pelo outro e não levantar o rabo sequer do sofá.
Sempre ouvi dizer que há falta de cultura neste país. No entanto, também descobri que há falta, não de dicionários, mas de pôr os pontos nos is em certos termos e algumas atitudes e valores.
Não costumava perceber o porquê das pessoas não se entenderem, mas acho que começo a chegar a alguma conclusão. Parece que não, mas nos dias de hoje, para além de falta bom senso (nada de senso comum), bom senso e educação mesmo, na nossa sociedade também falta aprender o significado das palavras, a base das bases. E quem diz que só por si a Língua Portuguesa não é cultura?! É cultura sim e, para mim, é também a minha pátria. Será que ainda há por aí quem saiba o que realmente significa ter uma pátria? Eu ainda me orgulho de dizer que a minha Pátria é a Língua Portuguesa. Só não me orgulho da sociedade que me rodeia onde se acham todos diferentes, mas na verdade são todos iguais. Monopolizados e controlados pelas tecnologias, presos ao conhecimento que vão adquirindo apenas na escola e convencidos de que o futuro é garantido sem que se mexa uma palha.
Sinto-me estagnada na Era dos Maias em que a parte dos jovens cultos era escassa. Pois o ciclo fechou e estagnou...
Não sou detentora de todo o conhecimento e muito menos de toda a razão, mas tenho uma opinião bem definida. Gostava de ter a capacidade para poder espalhar conhecimento, educação, valores e sabedoria. Infelizmente é algo que nunca possuirei.
Gostava de ter caído no mundo na altura de Fernando Pessoa, não que essa altura fosse diferente desta, porque não o era... No entanto, era mais fácil saber em que grupo me inserir e saberia que tinha alguém com quem contar para dar uma reviravolta ao Mundo. Podia não ter forças para tal nem voz para gritar tão alto, uma voz que se fizesse ecoar em todos os quatro cantos deste planeta e que, ao voltar para trás trouxesse consigo o grito de glória. Mas sei que iria tentar! Na verdade, todos os dias o tento: às vezes silenciosamente, num dia mentalmente, no segundo deprimindo por falta de forças, mas sempre batalhando para me conseguir, um dia, expressar de forma a que toda a gente me ouça. Mas, antes disso tenho de reunir todas as forças, argumentos, opiniões, conclusões,... tudo o que for necessário para travar uma luta destas. Sei que as palavras nunca se acabarão e que não me querem deixar ficar mal. A única coisa que pode acontecer, é eu pecar por falta de compreensão por parte do público alvo. Ignóbeis, incultos, vidrados em redes sociais e em tudo o que é mesquinho pensando que estão cada vez a socializar mais, mas a tornarem-se todos os dias cada vez mais em máquinas desumanizadas e sem pensamento próprio. Basta! Só quero gritar de desconforto e incompreensão. Antes, aquele que se fechava para escrever (o dito escritor) era considerado maluco, o carente, dramático, que só queria chamar a atenção e era desprezado por todos, hoje temos isso em todas as pessoas só que com a diferença de que, para além de não se aperceberem daquilo que está a acontecer, são mesmo carentes por falta de sentirem o amor da forma real, já só conhecem o materializado, não só por bens, como pelas redes sociais.

E nada disto estaria eu a escrever se isto não me afetasse. (Considerem-me egoísta.) Afeta, afeta sim! Não porque eu própria estou presa, mas porque tenho de me prender se quero contactar com os outros que não saem de casa por estarem enjaulados ou porque mesmo em casa me fecho na solidão porque também aqui há jaulas. Sorte dos animais que vivem no jardim zoológico, consegue ser menos solitário e doloroso. E afeta-me ainda mais quando vejo que quero ajudar aqueles que posso, sabendo que também preciso de ajuda e levo com facadas atrás de facadas, porque eu sou caprichosa apenas por querer passar um pouco de tempo fora da tecnologia com aqueles de quem eu mais gosto e que, se não estou online todos se preocupam e se zangam comigo. Mas já pensaram que o melhor da vida é feito offline? Já viram algum nascimento ser feito através de uma impressora? Pois, a vida nem sequer começaria se não nos desprendêssemos de tal perigo tecnológico.